Brasil

Bolsonaro é reprovado por 39% na gestão da crise do coronavírus

03/04/2020
Bolsonaro é reprovado por 39% na gestão da crise do coronavírus
O presidente Jair Bolsonaro

Aprovação de Bolsonaro é de 33%, enquanto a da pasta da Saúde é de 76%, e a de governadores é de 58%

O presidente Jair Bolsonaro tem uma avaliação pior que governadores e prefeitos quanto à gestão da crise do coronavírus, enquanto a aprovação do Ministério da Saúde é mais que o dobro da do chefe de Estado, apontou uma pesquisa do Datafolha divulgada nesta sexta-feira (03/04).

Em comparação com o levantamento anterior do instituto, divulgado em 23 de março, a reprovação de Bolsonaro subiu de 33% para 39%. A porcentagem dos que consideram o desempenho do presidente como regular variou de 26% para 25%, e a dos que o avaliam como ótimo ou bom caiu de 35% para 33%.

Enquanto isso, a aprovação do Ministério da Saúde, comandado pelo ministro Luiz Henrique Mandetta, disparou para 76%, ante os 55% da pesquisa anterior. A reprovação caiu de 12% para 5%, e a avaliação regular foi de 31% para 18%.

Em relação aos governadores, uma média de 58% dos entrevistados considera a gestão do chefe do Executivo de seu estado como ótima ou boa; 23%, regular; e 16%, ruim ou péssima. Na pesquisa divulgada em março, essas avaliações eram de 54%, 28% e 16%, respectivamente.

No novo levantamento, o Datafolha levou em conta também a opinião sobre prefeitos: 50% dos entrevistados consideram o desempenho de seu gestor bom ou ótimo; 25%, regular; e 22%, ruim ou péssimo.

Os governadores mais bem avaliados estão no Nordeste, com 64% de aprovação, e no Norte/Centro-Oeste, com 61%. Já entre prefeitos, o nível de satisfação é de 58% no Sul, 53% no Nordeste, 48% no Sudeste, e 44% no Norte/Centro-Oeste.

Em relação a Bolsonaro, ele é mais bem avaliado no Norte/Centro-Oeste, com 41% de aprovação, e no Sul, com 39%. O Nordeste, por sua vez, registra a maior taxa de reprovação, com 42% considerando a gestão do presidente como ruim ou péssima. Já no Sudeste, a rejeição é de 41%.

A gestão da equipe econômica do governo em meio à crise também foi avaliada na nova pesquisa. A maioria (37%) considera bom ou ótimo o desempenho do Ministério da Economia, liderado por Paulo Guedes, enquanto 28% acham regular, e 20%, ruim ou péssimo.

As divergências nas taxas de aprovação de Bolsonaro e de governadores refletem o clima belicoso observado entre o presidente e os chefes estaduais desde o início do surto de covid-19, deixando o chefe de Estado cada vez mais isolado politicamente.

Governadores têm papel fundamental na reação da saúde pública à crise do novo coronavírus e vêm buscando uma coordenação independente do governo federal, enquanto Bolsonaro insiste em minimizar a pandemia e defender o fim de medidas de combate à propagação, como o isolamento social e o fechamento de escolas e do comércio.

Antigos aliados do presidente e possíveis candidatos ao Planalto em 2022, os governadores de São Paulo, João Doria (PSDB), e do Rio, Wilson Witzel (PSC), hoje o fustigam. Nesta semana, o paulista pediu que as pessoas “não sigam as orientações do presidente da República”, enquanto o fluminense afirmou que Bolsonaro poderia ser processado por “crime contra a humanidade” se insistisse em se posicionar contra o isolamento social em meio à pandemia.

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), que mantinha até o início do ano proximidade com Bolsonaro, também rompeu com o presidente por causa de divergências sobre como conduzir o país durante a crise de covid-19.

Bolsonaro também tem enfrentado isolamento dentro de seu próprio governo. Ministros importantes, como Mandetta (Saúde), Sergio Moro (Justiça) e Guedes (Economia), manifestaram apoio ao isolamento social ou compreensão com a importância da medida.

Em meio a essa divergência de opiniões, trocas de farpas públicas já foram registradas entre o presidente e seus ministros. Nesta quinta-feira, Bolsonaro afirmou que está “faltando um pouco mais de humildade” ao titular da Saúde. “Mandetta em alguns momentos teria que ouvir um pouco mais o presidente da República”, afirmou.

Questionado pelo jornal Folha de S. Paulo, Mandetta disse que não rebateria as declarações do presidente, afirmando: “Não comento o que o presidente da República fala. Ele tem mandato popular, e quem tem mandato popular fala, e quem não tem, como eu, trabalha.”

O instituto Datafolha ouviu 1.511 pessoas, por telefone, entre os dias 1º e 3 de abril. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.