Economia
Bolsas de NY fecham em queda com avanço de mortes por covid-19 nos EUA e recessão
As bolsas de Nova York fecharam em queda nesta quarta-feira, 1º, na esteira do temor em relação ao avanço do coronavírus nos Estados Unidos. O humor dos investidores foi afetado por falas sobre recessão, principalmente as de um dirigente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), que se somam ao avanço das mortes pela covid-19 e à mudança de comportamento do presidente Donald Trump, falando em mais de 240 mil mortes e semanas “muito dolorosas” pela frente. O segundo trimestre chega cheio de incertezas e queda no mercado acionário, com o Dow Jones e S&P iniciando o pior trimestre da história.
O índice Dow Jones fechou em queda de queda de 4,44%, aos 20.943,51 pontos, e o S&P 500 recuou 4,41%, a 2.470,50 pontos. O Nasdaq também caiu 4,41% a 7.360,58 pontos. Os papéis da Boeing tiveram desvalorização de 12,36%. No setor financeiro, as ações do Goldman Sachs caíram 6,02%, enquanto as da JP Morgan se desvalorizaram 6,30%.
Um dia após o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos pedir a empresas do setor que entreguem pedidos de subsídios até sexta-feira, as companhias aéreas e de cruzeiros despencaram hoje, perdendo os ganhos do dia anterior. As ações da American Airlines se desvalorizaram 12,31% e as da United Airlines tiveram queda de 18,70%. Os papéis da Delta Airlines cederam 16,33%, as da Carnival caíam 31,60% e as da Royal Caribbean Cruises recuavam 19,89%.
O mau humor predominou nos mercados desde a abertura, refletindo as falas do presidente Donald Trump na noite anterior, e a mudança de tom diante das perspectivas de avanço de mortes e casos de Covid-19, assim como uma recessão proeminente. Hoje, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin, sinalizou a possibilidade de implementar um novo programa de empréstimos a pequenas empresas nos moldes do que está sendo realizado agora, caso o atual não seja suficiente.
O presidente da distrital de Boston do Fed, Eric Rosengren, previu que os EUA devem ter dois trimestres de crescimento negativo, dando a recessão como certa. O presidente da distrital de Saint Louis, James Bullard, disse que o segundo trimestre de 2020 será “especial” e “sem precedentes” na história dos Estados Unidos, em meio aos impactos do coronavírus na economia. Em entrevista à Fox News, Bullard estimou que a taxa de desemprego poderá variar entre 10% e 42%.
Os investidores ainda acompanharam um importante indicador da economia americana, as vagas de emprego no setor privado, que fecharam 27 mil postos de trabalho em março, já como reflexo do coronavírus. O resultado, no entanto, veio bem melhor do que o esperado por analistas.
A Pantheon pondera, em relatório enviado a clientes, que os dados não refletem ainda o impacto direto do coronavírus, porque ainda mantêm pessoas que já foram demitidas. “Os dados oficiais da folha de pagamento, portanto, registram pessoas recém-demitidas como empregadas em março, ou mesmo as que se fizeram qualquer trabalho remunerado no início do mês e depois foram demitidas. Estamos esperando os números de abril, maio e junho para nos dizer sobre a real escala da catástrofe”, avalia a instituição.
Autor: Marcela Guimarães
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