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Desrespeito histórico
Quando a gente pensa que os atuais governos atingiram seus limites de insanidade, somos surpreendidos com mais uma barbaridade. Agora é o governo do Rio de Janeiro, que resolveu trocar nomes consagrados para homenagear policiais e bombeiros militares, na designação das chamadas escolas cívico-militares.
Rachel de Queiroz, Carlos Heitor Cony, Zilda Arns e Luiz Melodia estão sendo trocados, o que por si só representa uma violência, pois não tem lastro na tradição brasileira. Não temos lembranças de algo semelhante, em qualquer outra época.
Mesmo que se afirme que essas unidades já haviam sido fechadas em administrações anteriores, a troca de nome é um claro desrespeito histórico. A que se deve somar uma boa pitada de ignorância. No caso de Rachel de Queiroz, ela era da família do Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, prima do escritor José de Alencar por parte de mãe. Foi simpática aos acertos da Revolução de 31 de março. Isso por si só seria bastante para mexer no seu honrado nome? Além do mais, foi a primeira mulher a entrar para a Academia Brasileira de Letras.
O Diário Oficial de 27 de janeiro trouxe a criação de nove escolas estaduais com as novas características. Os nomes substituídos têm sólida presença na cultura brasileira. Quem não conhece os méritos literários de Carlos Heitor Cony, colaborador da Folha de São Paulo por mais de 20 anos? Também membro da Academia Brasileira de Letras. E o cantor Luiz Melodia? E a benemérita Zilda Arns, com tanta presença na assistência social do nosso país?
Não se justifica a explicação do Secretário Pedro Fernandes: “A medida foi tomada porque, em tempos de Recuperação Fiscal, o estado não poderia criar novas unidades.” Mas se as estruturas administrativas estariam sendo reaproveitadas, por que a troca de nomes? Foi uma agressão indefensável.
A lei que regulamenta as escolas cívico-militares, seja lá o que isso venha a representar para a nossa educação, ainda não foi aprovada na Assembleia Legislativa. O nosso desejo sincero é que os deputados vetem essa desconsideração com o nosso passado. O Rio não merece isso.
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