Na Escola Estadual Geraldo Melo, localizada no Conjunto Graciliano Ramos, a pintura dos muros foi uma das várias atividades do Gerarte, projeto macro e interdisciplinar que fomenta não só a leitura, mas a criatividade e potencial artístico dos alunos. A primeira pintura realizada pelos estudantes aconteceu em 2015, quando a unidade passou reformas e, desde então, não parou desde então, sendo retocada.
“É um trabalho de conscientização, tanto ambiental quanto visual dentro da comunidade. Esse projeto começou em 2015, pintamos o lado direto da escola. Tinha muita pichação. Quisemos fazer algo que chamasse a atenção para evitar esse tipo de exposição negativa. E a proposta surgiu dentro do Gerarte. Buscamos trazer imagens de forma positiva para a comunidade dentro dos temas atuais que foram abordados em atividades da escola. O projeto foi abraçado pela comunidade que terá um visual artístico no lugar de pichações”, relata a gestora adjunta da escola, Carla Marinho.
Inspiração – Os desenhos foram criados pelos estudantes ou, de alguma forma, ajudaram a inspirá-los para a produção. O grupo da estudante Maria Alice, da 1ª série D do ensino médio, trouxe a causa e importância da ação indígena para a proteção do planeta. “É muito bom fazer algumas atividades diferentes, fugir da rotina, principalmente quando se trata de arte, que é o que gente gosta de fazer. É uma experiência diferente e muito interessante de ser feita. A escolha do desenho foi livre, por isso, fizemos uma índia segurando o planeta, mostrando que o povo indígena protege a natureza e o nosso planeta”, destaca a estudante.
Um dos professores que acompanha atividade de pintura dos alunos é o Rodolfo Góis, professor de Educação Física. “Essa oitava edição do Gerarte tomou uma proporção tão grande que acabou mobilizando não só os alunos, mas também a comunidade. Para eles, essa socialização é muito importante. Os alunos ficam muito alegres, tanto por estarem produzindo arte, por estarem cuidado da escola”, lembra o professor.
Um novo olhar – Já na Escola Estadual Dorgival Gonçalves, no Distrito de Luziápolis, os talentos foram descobertos na eletiva de Arte Urbana, a qual é ministrada por outro artista das tintas, o professor de Biologia Antonino Lopes.
E para combater pichações e riscos instituição, Antonino reuniu seus pupilos com a missão de substituir o rabisco sem sentido por uma arte que expressasse a identidade e os sentimentos de sua comunidade escolar. Os desenhos enfeitam os muros e a quadra da instituição, que atualmente, funciona em um prédio cedido pelo município de Campo Alegre. O procedimento deverá ter continuidade no novo prédio da escola, que deverá ser entregue em 2020.
“Víamos riscos nas paredes e pichações nos muros e, por isso, tivemos a ideia de implantar essa eletiva para mudar essa concepção, mostrando que isso não era legal, ao contrário do grafite, que é uma arte bem planejada, repleta de cores e acabamento e que desperta a criatividade do jovem”, recorda Antonino.
Talentos – O professor, que também é um artista, fala da alegria de descobrir novos talentos entre os alunos. “Eu sempre trabalhei com pintura, desenho e, mesmo após me formar em Biologia, nunca deixei de gostar das artes. Com essa eletiva, uni o útil ao agradável e foi muito gratificante descobrir talentos aqui na escola. Muitas das ilustrações que temos em nossas paredes foram criadas totalmente por eles. São lembranças de infância, sonhos, sentimentos que eles externam como arte na parede”, observa Antonino.
A estudante Eduarda dos Santos é um desses talentos. Uma das primeiras a se inscrever na eletiva, hoje ela auxilia os colegas que estão começando. “Como gosto muito de desenhar, eu me identifiquei com essa eletiva, pois ela deixa a escola mais bonita e muda a visão dos alunos sobre pichação, faz a gente ser mais cuidadoso. E isso é uma das coisas bacanas do ensino integral, ele nos afasta de coisas desnecessárias”, afirma a garota.
A diretora Valquíria Batista também aponta o benefício que o ensino integral e as eletivas como a de Arte Urbana trazem para a juventude de Luziápolis. “Por meio do ensino integral, a gente tira o jovem da ociosidade, pois ele adquire muito conhecimento e pode desenvolver um leque de atividades no decorrer do dia, o que inclui fazer aquele esporte que gosta ou uma ação cultural”, conta Valquíria.