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Em mais um dia de mau humor, Ibovespa cai 0,65%, aos 106.059,95 pontos –
O Ibovespa não conseguiu se isolar do sentimento de instabilidade política na América Latina, que acentua a alta do dólar frente a moedas desses emergentes, e fechou mais um dia em queda. Os ventos favoráveis vindos de seus pares no exterior, assim como o decorrente da alta nas cotações do petróleo, foram suficientes apenas para limitar perdas do principal índice da B3.
No meio da tarde, porém, relatos de que as negociações entre Estados Unidos e China teriam travado de novo levaram os índices em Nova York a mudar de direção, pontualmente, e o indicador do mercado acionário local à piora. A mínima do dia foi de 105.260,78 pontos. O Ibovespa acabou mostrando alguma melhora perto do encerramento, para fechar em baixa de 0,65%, aos 106.059,95 pontos.
O vencimento de opções sobre Ibovespa pode ter contribuído em alguma intensidade para a queda do dia. “Mas é difícil discernir o quanto”, diz Glauco Legat, analista-chefe da Necton Investimentos. “Hoje (quarta), de certa forma, grande parte do desempenho negativo veio de blue chips, como Vale, Petrobras e bancos.”
“Nos últimos dias, houve piora lá fora e pegou o mercado muito comprado, quando renovava máximas históricas”, ressalta Marcelo Faria, gestor de renda variável da Porto Investimentos. “As coisas entre EUA e China ficaram mais difíceis do que o mercado imaginava, seguem os protestos em Hong Kong e há uma questão específica de pressão sobre as moedas na América Latina.”
As incertezas no cenário político doméstico, com a iniciativa do presidente Jair Bolsonaro para criar um novo partido, também contribui para a cautela, com a percepção de que o movimento pode contribuir para acirrar a fragmentação da base do governo, colocando em dúvida o ritmo de progressão das reformas, especialmente em pontos nos quais a negociação com o Congresso tende a ser árdua, como as mudanças tributárias e no pacto federativo.
O investidor, especialmente o estrangeiro, já cauteloso, deve continuar a ser condicionado também, no curto prazo, pelo aumento da percepção de risco em relação à América Latina. “Não há mudança estrutural, apenas uma correção de curto prazo, saudável”, com o Ibovespa tendo renovado máximas nas últimas semanas, aponta Legat.
Faria, da Porto Investimentos, ressalva que, a despeito do noticiário ruim, os fundamentos econômicos no Brasil seguem um bom caminho. “O ajuste fiscal está sendo feito de maneira tecnicamente competente, em um cenário de política monetária frouxa com inflação baixa. Assim, a procura por ativos de risco tende a aumentar.”
Autor: Simone Cavalcanti e Luís Eduardo Leal
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