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Manifestantes indígenas mantêm oito policiais reféns no Equador
Manifestantes indígenas que protestam contra o presidente do Equador, Lenín Moreno, mantêm oito policiais retidos na Casa da Cultura equatoriana em Quito, em meio a confrontos com autoridades no país. Desde o início das manifestações contra as reformas econômicas de Moreno, que levaram ao aumento de 123% no preço dos combustíveis, há uma semana, cinco pessoas já morreram, segundo a Defensoria Pública.
“Do lado de fora nos disseram que o governo vai jogar bombas de gás aqui dentro. Então não vamos soltá-los porque exigimos respeito”, disse Fabián Mazanda, um dos representantes da Confederação de Nações Indígenas do Equador (Conaie).
Ainda de acordo com Mazanda, se os manifestantes forem reprimidos pela polícia dentro da Casa de Cultura, os policiais ali presos serão submetidos à “Justiça ancestral indígena”, em um sinal de que os agentes poderiam sofrer algum tipo de violência.
Mais cedo, a Conaie declarou luto pela morte de um de seus ativistas na quarta-feira. Desde o início dos protestos, cinco pessoas já morreram no país.
Nos últimos dias, ao menos 700 pessoas foram presas nos protestos contra o presidente, que assumiu o governo em 2017 e se distanciou do padrinho político, o ex-presidente Rafael Correa, ao adotar uma política econômica pró-mercado.
A Conaie acusou o governo de atuar como uma ditadura militar ao reprimir os protestos. O presidente decretou toque de recolher em alguns bairros de Quito que abrigam prédios públicos, depois de um grupo de manifestantes ter invadido a Assembleia Nacional.
Indígenas já derrubaram três presidentes no Equador
Historicamente, os grupos indígenas têm um papel de protagonistas na política equatoriana. Durante a instabilidade dos anos 90 e 2000, a Conaie apoiou a destituição dos presidentes Jamil Mahuad, Abdalá Bucaram e Lucio Gutiérrez. Na época, o Equador teve oito presidentes em dez anos.
Com a chegada de Correa ao poder, em 2007, o país viveu um período de estabilidade econômica e política graças ao boom das commodities e políticas sociais do presidente, que reformou a Constituição para se reeleger.
No começo do mandato, Correa se aproximou de lideranças indígenas. Adotou símbolos quéchuas – etnia da maioria dos indígenas do país – em seus discursos e aparições públicas e aprovou leis de interesse da comunidade.
A partir do segundo mandato, a exploração mineral da Amazônia equatoriana abriu uma cisão entre Correa e a Conaie. Uma marcha similar à atual foi convocada contra o presidente, em 2015./ COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
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