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O Cangaceiro
“A partir do ano de 1924, Valdemar de Souza Lima, filho do Sertão de Alagoas, ao mesmo passo que cuidava dos deveres inerentes à sua profissão, apontava pelas colunas dos jornais os erros e desvios que não têm permitido ao nordeste emergir da faixa de subdesenvolvimento que o empurra para trás. Mesmo morando em Brasília, o jornalista matuto não ensarilhou as armas – as condições, ainda bem amargas do seu pedaço-de-chão. Vivendo na área perlustrada pelo mais terrível bandoleiro nordestino , durante 18 anos, Valdemar aparece, com o Cangaceiro Lampião e o IV Mandamento, reeditando.o. Sem provocar uma ruptura definitiva com o trágico, que, de fato, marcou a trajetória do herói-mito-sertanejo, porém ele busca os aspectos anedóticos da saga, pois entende que já é tempo de rir um pouco com as brincadeiras do Capitão Virgulino”.
Pois bem, o autor por sua vez, trouxe à tona num português coloquial a bravura do temido Lampião, e, ao mesmo tempo, soube tecer comentários sobre as temáticas, a seguir: O Ataque à Baronesa de Água Branca, Não Brigam Dois Quando Um Não Quer, A Rasteira, A Praga, O Grito do Mateu, O Toque de Corneta, Um Comandante de Volante, Mossoró X Juazeiro, O Couraçado Minas Gerais, A Cabeça número 12, A Cabeça número 13, e, finalmente, o Cangaceiro Lampião e o IV Mandamento.
“ O Jornal de Alagoas, que circula em Maceió, em sua edição de 28 de junho de 1922, abria manchete para a seguinte notícia Cangaceiros – Telegrama recebido pelo Secretário do Interior, diz que os cangaceiros invadiram Água Branca. O grupo era grande e pelas 4 horas da manhã de ontem, conseguiu penetrar na residência da Baronesa de Água Branca, onde roubaram dinheiro e objetos de valor. O destacamento de Água Branca tiroteou com os bandidos, não se sabendo ainda o resultado da perseguição.Logo que recebeu comunicação do assalto dos cangaceiros, o Dr. Moreira Lima, Secretário de do Interior, ordenou ao tenente Medeiros, comissário de polícia daquela circunscrição. Com sede em Penedo, que com o destacamento às suas ordens , seguisse com urgência no encalço dos bandidos”.
Trata-se, portanto, de um livro gostoso de se ler. Afinal, o trágico dia da morte do terrível bando aconteceu em Angicos.Ou seja, 27 de julho de 1938.Em pleno Estado Novo de Getúlio Vargas. Alias, determinou o extermínio do bando que assombrava Alagoas, Pernambuco, Bahia e outras localidades.
O saudoso escritor de Palmeira dos Índios – Adalberon Cavalcanti Lins – prefaciou o livro em epígrafe. Desse modo, reproduzo suas palavras.” Agora aparece, novamente Valdemar Lima com outra obra , desta feita apreciando Virgulino Ferreira – Lampião, de um ângulo ainda desconhecido, pelo menos em letra de forma, por um grande parte do povo brasileiro. O famoso caudilho nordestino possui uma virtude elogiável que a posteridade vai julgar com a devida justiça: ele honrava seus pais com a consciência nítida de respeito ao Iv Mandamento da Lei de Deus.E foi justamente pelo acendrado sentimento de honra aos seus genitores que Virgulino ingressou no cangaço”.
Dir-se-ia que o documentário escrito por Valdemar é, sem dúvida alguma, um registro bem feito sobre o mais terrível bandido. E, sendo assim, as gerações novas merecem fazer uma leitura acurada a fim de entender melhor a história do Virgulino.Não se pode condenar Lampião pela sua coragem de se vingar da Polícia Militar por ter morto seu pai. À época, era costume vingar dente por dente. Agora, tirar a vida de pessoas à luz da Lei divina é condenável.Li as cento e oitenta e cinco páginas desse livro que faço modesto comentário. E, por conseguinte, rendo homenagens à memória de Valdemar de Souza Lima. Grande escritor, grande homem público, grande jornalista.
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