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A crise da Universidade Brasileira
Há um evidente descompasso da Universidade na sociedade brasileira. Deseja-se assegurar a todas elas o pensamento plural, mas a crise se revela há muito tempo. É o que afirmou o professor Antônio Celso Alves Pereira, no Conselho Técnico da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, com a autoridade de ter sido reitor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e ser hoje o dirigente máximo do Centro de Ensino Superior de Valença.
Novas profissões requerem outros modelos de educação, com a incorporação dos postulados da Universidade Corporativa. Quando chegaremos a esse estágio? Hoje, temos 2.500 instituições de ensino superior e mais de 8 milhões de alunos, dos quais quase dois milhões frequentam a modalidade de ensino à distância(em franca expansão). Há uma particularidade que convém destacar: o número de mulheres é maior do que o dos homens, revelando uma tendência inexorável.
Embora se comente que existe o risco de privatização, na verdade o que há no sistema é uma frequente ideologização. Pode-se dar como exemplo o que ocorre na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Ela vive uma crise existencial há cerca de 20 anos, com a preponderância de lideranças do PSTU e do PSOL em seus quadros. Isso gera um estado crônico de beligerância em sua gestão, de difícil ou quase impossível solução.
Lembro que, na gestão de 79 a 83, sendo Secretário de Estado de Educação e Cultura e, portanto, vice-Chanceler da UERJ, fui instado pelo reitor Ney Cidade Palmeiro a apelar para que o governador Chagas Freitas liberasse verbas suplementares. Fiz o apelo e fui muito bem sucedido. Anos depois, em idêntica dificuldade, fiz o mesmo apelo para a governadora Rosinha Garotinho e recebi como resposta um tremendo “não”, acompanhado de incríveis fotos de agressões à autoridade estadual. Foi chamada por nomes inqualificáveis. Ela sabia quais eram os líderes estudantis que a tratavam daquela maneira. Isso é justo?
Há o caso dos hospitais universitários. Não só a UERJ, mas outras universidades não têm como mantê-los e isso explica, de forma clara, a razão pela qual a PUC em seus muitos anos de vida jamais permitiu que se criasse um hospital em seus quadros. Além dos custos, a excessiva politização.
Desde que se promoveu a reforma universitária, em 1968, tenta-se trabalhar com três funções essenciais: ensino, pesquisa e extensão. A prática, no entanto, mostra que é impossível operar igualmente com essas três prioridades. Só se tem mesmo uma certeza: o ensino superior é caro e, do jeito que está, dificilmente conseguirá apresentar bons resultados.
Temos uma inversão que deságua no lamentável assistencialismo. Cerca de 70% dos alunos de ensino médio pagam pela escola que frequentam e esse índice se reverte quando se chega ao ensino superior, ou seja, é preciso estudar uma fórmula de cobrar pelo 3º grau, facilitando o acesso dos estudantes aos recursos de financiamento (aperfeiçoamento do FIES). Como se vê, há muito o que fazer na educação brasileira.
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