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Na ata, membros do Copom destacam diminuição de incertezas no âmbito doméstico
A ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta terça-feira, 6, pelo Banco Central, explicou a redução da assimetria no balanço de riscos considerada pelo colegiado na decisão da semana passada, que manteve a taxa Selic em 6,50%.
Sem citar o resultado eleitoral, o BC destacou a diminuição de incertezas no âmbito doméstico, que produziu redução dos prêmios de risco embutidos nos preços de ativos brasileiros.
“Essa diminuição de incertezas contribuiu para redução do grau de assimetria no balanço de riscos para a inflação. Não obstante essa melhora, os membros do Copom concluíram que os riscos altistas para a inflação seguem com maior peso em seu balanço de riscos”, detalha o documento.
Esses riscos altistas englobam “uma frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira”, além do risco de “continuidade de deterioração do cenário externo para economias emergentes”. Já o risco baixista, com menor peso, se refere à possibilidade do “nível de ociosidade elevado produzir trajetória prospectiva abaixo do esperado”.
Grau de assimetria
O Banco Central voltou a afirmar nesta terça, por meio da ata, que o grau de assimetria de seu balanço de riscos diminuiu desde sua reunião anterior, em setembro. Esta foi a principal novidade trazida pelo BC já no comunicado da semana passada, quando o Copom manteve a Selic (a taxa básica de juros) em 6,50% ao ano, pela quinta vez consecutiva.
De acordo com o BC, permanecem em seu cenário básico para a inflação fatores de risco em ambas as direções, “mas com maior peso nos dois últimos riscos”.
Por um lado, conforme o BC, “o nível de ociosidade elevado pode produzir trajetória prospectiva abaixo do esperado”. Por outro lado, “uma frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira pode afetar prêmios de risco e elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária.” De acordo com o BC, este risco ligado ao andamento das reformas “se intensifica no caso de continuidade de deterioração do cenário externo para economias emergentes”.
Conforme o BC, estes dois últimos riscos – ligados à frustração com as reformas e ao exterior – possuem maior peso. Isso já era reconhecido nas comunicações anteriores do BC, que apontavam para uma “assimetria” entre os riscos ligados à ociosidade e os riscos vinculados às reformas e ao exterior.
Porém, no comunicado da semana passada e na ata desta terça, o BC julgou que “o grau de assimetria do balanço de riscos diminuiu desde sua reunião anterior (em setembro)”.
Inflação em 12 meses
Após a decisão de manter a Selic em 6,50% na última semana, os membros do Copom admitiram na ata que a trajetória de inflação deve apresentar alta no acumulado em 12 meses até a metade do próximo ano, mas projetaram um recuo no período seguinte.
“Essa trajetória deverá produzir elevação da inflação acumulada em doze meses, até atingir um pico por volta do segundo trimestre de 2019. A partir de então, a inflação acumulada em 12 meses deverá recuar ao longo do resto de 2019, em direção à meta”, detalhou o documento.
Inflação subjacente
A ata do último encontro Copom avalia também que as diversas medidas de inflação subjacente se elevaram nos últimos meses a partir de níveis que eram considerados baixos pela autoridade monetária. Com isso, chegaram a níveis que o colegiado agora considera “apropriados”, ou seja, consistentes com as metas para a inflação.
“Ajustes de preços relativos parecem ter contribuído para elevar a inflação para níveis compatíveis com as metas em contexto com expectativas ancoradas, o que não deveria constituir risco para a manutenção da inflação nesses níveis após concluídos os referidos ajustes”, considerou o documento.
Ainda assim, o Copom destacou a importância de se acompanhar a evolução da trajetória prospectiva da inflação no médio e longo prazos, além da ancoragem das expectativas. O objetivo é avaliar o impacto mais perene de choques recentes sobre a inflação.
A ata revela ainda que os membros do colegiado debateram sobre a conveniência de manter no documento a mensagem de que a condução da política monetária deve combater os choques de preços apenas em seus efeitos secundários. O Copom também tem destacado que a reação a mudanças de preços relativos será simétrica tanto em choques inflacionários (como em casos de depreciação cambial) quanto em choques desinflacionários (como a redução de preços de alimentos).
“Os membros do comitê ponderaram que já deveria estar claro que não há relação mecânica entre choques que produzam ajustes de preços relativos e a política monetária. Concordaram, portanto, em excluir essa mensagem a partir de sua próxima reunião, com o entendimento que isso não deveria ser interpretado como mudança de sua forma de condução da política monetária”, anunciou a ata.
Repasse cambial
O documento do encontro do Copom divulgado nesta terça pelo BC avaliou que o grau de repasse cambial na economia brasileira continua contido, com exceção de alguns preços administrados.
“Entretanto, que a intensidade do repasse de movimentos no câmbio para a inflação depende de vários fatores, como, por exemplo, do nível de ociosidade da economia e da ancoragem das expectativas de inflação”, repetiu o documento.
Segundo a ata, o Copom continuará acompanhando diferentes medidas de repasse cambial, inclusive para medidas de inflação subjacente.
Maior flexibilidade
Após a decisão de manter a Selic em 6,50%, os membros do Copom, avaliaram que, apesar da redução do grau de assimetria no balanço de riscos para a inflação, o colegiado deveria se abster em fornecer indicações sobre suas próximas decisões, mantendo assim uma maior flexibilidade para os passos seguintes da política monetária. Segundo a ata, os membros do Copom enfatizaram seu compromisso em manter a trajetória da inflação em linha com as metas.
“Isso requer a flexibilidade para ajustar gradualmente a condução da política monetária quando e se houver necessidade. Essa capacidade de resposta a distintas circunstâncias contribui para a manutenção do ambiente com expectativas ancoradas, o que é fundamental para garantir que a conquista da inflação baixa perdure, mesmo diante de choques adversos”, destacou o documento.
Mais uma vez, o Copom reafirmou sua preferência por explicitar condicionalidades sobre a evolução da política monetária. Na avaliação do colegiado, isso transmite melhor a racionalidade econômica das decisões, além de aumentar a transparência e melhor a comunicação do BC.
“Os próximos passos na condução da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação”, repetiu o documento.
Economias emergentes
A ata do último encontro do Copom avalia que o cenário externo permanece desafiador e destaca que o apetite ao risco em economias emergentes está aquém do nível vigente no início do ano.
“Os principais riscos seguem associados à normalização das taxas de juros em algumas economias avançadas e a incertezas referentes ao comércio global”, reiterou o colegiado.
Os diretores do BC ponderaram, no entanto, que o apetite ao risco em relação a ativos dessas economias apresentou estabilidade em relação à última reunião do Copom, em setembro. Nos meses anteriores, lembrou o documento, a tendência era de piora nesse apetite.
“Entretanto, a avaliação consensual foi de que essa estabilização se deu em níveis aquém dos vigentes no início do ano, o que implica prêmios de risco mais elevados. Além disso, desde a reunião anterior do Copom, os preços de ativos de risco em um número de economias avançadas apresentaram maior volatilidade, em contraste com a evolução favorável observada anteriormente”, acrescentou o BC.
De acordo com a ata, o cenário básico considerado pelo colegiado prevê a normalização gradual da política monetária nos países centrais. O Copom alertou ainda para os riscos associados à continuidade da expansão do comércio internacional, com possíveis impactos sobre o crescimento global e sobre a economia chinesa, em particular.
“Nesse contexto, os membros do comitê voltaram a destacar a capacidade que a economia brasileira apresenta de absorver revés no cenário internacional, devido à situação robusta de seu balanço de pagamentos e ao ambiente com expectativas de inflação ancoradas e perspectiva de recuperação econômica”, completou o documento.
Autor: Fabrício de Castro e Eduardo Rodrigues
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