Variedades

A primeira série de TV de Julia Roberts

02/11/2018

Julia Roberts é a mais nova estrela de Hollywood a se bandear para a tela pequena. O responsável pelo feito é Sam Esmail, o criador de Mr. Robot, que leva para a Amazon Prime Video o mesmo clima de paranoia em Homecoming, que entra no ar nesta sexta-feira, 2. “Fiz porque era o Sam Esmail”, resumiu a atriz, em entrevista em Los Angeles. Mas ela já era fã do podcast criado por Eli Horowitz e Micah Bloomberg, em que a série se baseia. “Os dois escreveram uma história de mistério clássica que também é um conto moral moderno”, disse Roberts. “E esse material nas mãos talentosas e estilosas de Sam parecia um lugar seguro para estar.”

Seu único pedido foi que Esmail dirigisse todos os dez episódios de cerca de meia hora cada – na televisão, é comum utilizar mais de um diretor. “Ter uma pessoa a cada semana tentando entender meu cérebro seria injusto com a sociedade”, disse a atriz, em tom de brincadeira. Para Esmail, foi perfeito. “Eu também prefiro dirigir tudo.” Mas ele evitou usar o clichê de que foi como rodar um filme. “Temos episódios bem definidos, com créditos no começo e no fim.” Roberts confessou que foi um desafio mental diário. “Eu amei. Muitas vezes foi o combustível: quantas cenas vamos conseguir roda amanhã?”

Em Homecoming, Julia Roberts interpreta Heidi Bergman, que trabalha numa empresa que acompanha soldados recém-chegados de zonas de combate tentando se readaptar à sociedade – um grande problema na sociedade americana. São rapazes como Walter Cruz (Stephan James, protagonista de Se a Rua Beale Falasse, o novo filme de Barry Jenkins, ganhador do Oscar por Moonlight – Sob a Luz do Luar). Mas logo dá para perceber que há algo sombrio no ar.

Colin (Bobby Cannavale), o chefe de Heidi, a pressiona para conseguir as informações e fala de medicação. Também encontramos Heidi no futuro, trabalhando como garçonete numa lanchonete sem glamour. “Me interessou muito discutir o trauma”, disse Esmail. “Há duas reações: você tenta apagar ou enfrentar. Acho que é isso o que a série pergunta: se houver como apagar o trauma, isso cura ou é pior? No caso de Heidi, que está no papel de terapeuta, qual sua obrigação moral: esconder ou confrontar?”
Como em Mr. Robot, as grandes corporações estão no centro da conspiração.

“A arte é um sinal de seu tempo”, disse Esmail. “E eu acredito que há algo no ar sobre a ganância das empresas, especialmente desde o colapso financeiro de 2008, do qual ainda estamos nos recuperando. Quantos responsáveis pela crise foram presos? Dá para contar numa mão. Não quero dizer que todas as empresas são vilãs, mas há uma falta de confiança no momento no capitalismo em geral e em grandes corporações especificamente.”

Visualmente, Esmail também imprime sua marca. “Não queria simplesmente adaptar o podcast, mas encontrar uma maneira de contar visualmente sem ser redundante. No podcast, em muitos momentos, como estamos contando algo que foi no passado, a tensão se perde. E na televisão podemos estar com os personagens nessa jornada. Então havia mais oportunidades de suspense. O podcast tinha essa homenagem a Hitchcock, era uma oportunidade divertida de usar o tom, a música.” Brian De Palma, seguidor de Hitchcock, também foi uma inspiração. Quando Heidi está no futuro, o formato de tela muda, ficando quadrado. “Ela não vê o panorama completo. Está encaixotada como personagem. Conforme ela descobre mais, isso muda.”

Apesar de Homecoming marcar a estreia de Julia Roberts numa série de televisão – ela tinha feito o filme The Normal Heart para a HBO -, a atriz não pensou muito no assunto. “Nem passou pela minha cabeça o aspecto tela grande-tela pequena. Minha televisão é bem grande”, disse a atriz, com um sorriso.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Autor: Mariane Morisawa, especial para o Estado
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