Variedades
Vera sem truqes
Cineasta premiado, Evaldo Mocarzel aproximou-se de Vera Holtz por intermédio de Ana Beatriz Nogueira, de quem era amigo. Ambos tinham o projeto de filmar Uma Vida – Puzzle, o livro em que Sybille Lacan exorciza a relação complicada com o pai, o psicanalista Jacques Lacan.
Vera e Guilherme Leme dirigiam o monólogo de Ana Beatriz inspirado no livro. Mocarzel foi a um ensaio. A identificação com Vera foi imediata.
Ela lhe falou de um sonho – nascida em Tatuí, no interior de São Paulo, permanecia ligada à casa da família, que estava para completar 100 anos. Vera queria fazer alguma coisa em torno da data. Mocarzel terminou fazendo o documentário As Quatro Irmãs, que terá sua estreia nesta sexta, 19, às 21h15, na Mostra. A sessão será no Itaú Augusta.
Quatro irmãs – Teresa, Vera, Rosa e Regina. Por uma fatalidade, Teresa, a mais velha, morreu, subitamente, enquanto Mocarzel trabalhava na montagem do filme. Foi um baque. Mas agora As Quatro Irmãs está pronto. Atriz e diretora, Vera está acostumada a memorizar textos. Mas ocorre com ela algo curioso – sofre de lapsos de memória ao tentar memorizar a própria vida. O documentário permite seu reencontro com as vivências de infância e juventude na casa de Tatuí.
Nos últimos anos, Mocarzel vem fazendo filmes que documentam a cena teatral paulistana. São nada menos de 25 documentários. Alguns chegaram aos cinemas. Até o Próximo Domingo, sobre o dramaturgo e diretor Nelson Baskerville, circulou em festivais. Mocarzel, que fez doutorado na USP, pensa cada vez mais em tornar disponíveis todos esses filmes, que compõem um museu audiovisual da cena paulistana, no YouTube.
Discípulo de Robert Bresson, cujo minimalismo sempre o fascinou, ele fez de As Quatro Irmãs seu filme ‘antibressoniano’. Bresson começou sua carreira dirigindo atores profissionais. Evoluiu para os naturais. Mocarzel mistura Vera, uma atriz – uma ‘truqueira’ como ele diz -, às irmãs, que são atrizes não profissionais. Desse jogo, das lembranças de todas, sai algo muito intenso. As memórias da casa, da família. O preenchimento dos lapsos de Vera. Podia ser provocação durante a filmagem, mas Mocarzel dizia que Teresa era a melhor atriz, melhor até que Vera. Elas riam. O documentário eterniza a arte até aqui secreta de Teresa.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Autor: Luiz Carlos Merten
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