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Correção: A Perdizes dos anos 10 a 40 vira patrimônio
Publicada no dia 21 de julho, a matéria trazia um erro no primeiro parágrafo. Diferentemente do que foi noticiado inicialmente, o chalé em questão pertenceu ao Dr. Franco da Rocha – e não ao Dr. Homem de Melo, como constava. O processo de tombamento de Perdizes no Conpresp indicava incorretamente que o imóvel pertenceu ao Dr. Homem de Melo. Segue o texto corrigido.
“Uma idealizada vida campestre, natural e simples” é como o Departamento de Patrimônio Histórico (DPH) descreve o estilo do antigo chalé do Dr. Franco da Rocha, construído em 1910. Essa Perdizes, do início do século passado, hoje escondida por prédios, virou patrimônio. Na quinta-feira passada, dia 19, a Prefeitura homologou o tombamento de 40 imóveis no entorno de Perdizes, bairro da zona oeste da capital, incluindo espaços na Água Branca e na Barra Funda. Dentre eles, originalmente, 37 eram residências unifamiliares.
Hoje, o modelo prossegue em apenas cinco. Nas restantes, foram instalados escolas e espaços de comércio e serviços, além de duas pensões e residenciais para idosos. O chalé do doutor, dos anos 1910, de bangalô, se tornou uma farmácia em 2014. Hoje vive realidade distinta, em um dos distritos mais populosos da zona oeste de São Paulo.
Mas não é caso isolado. Na região, a maioria da população vive em edifícios, erguidos principalmente após os anos 1970, período em que o Plano Diretor proibia prédios de uso misto. Por isso, o comércio migrou para as casas, explica Lucio Gomes Machado, professor de Arquitetura da Universidade de São Paulo (USP). “Tudo que não é usado vira ruína”, pontua.
O tombamento reúne imóveis construídos nas primeiras quatro décadas do século 20. Os bens têm estilo neocolonial e eclético, sem assinatura de arquiteto famoso. A exceção é o único edifício tombado, que foi reformado em 1948 por Oswaldo Bratke, autor da sede da Fundação Maria Luiza e Oscar Americano.
Além de sobrados, casarões e afins, também foram tombados o Colégio Santa Marcelina e o Centro de Educação Infantil MMDC. Com exceção da escola e de uma casa, que hoje abriga uma instituição católica, os demais precisam preservar apenas as características externas. Todos foram apontados para preservação por moradores em processos em 2011 e 2016.
Entre os proprietários, a decisão divide opiniões. A aposentada Marilda Carvalho, que viveu 70 dos seus 80 anos em uma residência na Água Branca, discorda do tombamento e diz que a casa é “como outra qualquer”.
“É minha e não posso mexer”, reclama, em relação à necessidade de aprovação para fazer modificações na fachada. O aposentado, Celso Paschoal Moraes, de 71 anos, vê de outra forma. “Para mim não tem diferença. A única deve ser econômica, porque não pode derrubar, mas nunca fui atrás”, aponta. Morador de um sobrado na Barra Funda há 13 anos, herdou o imóvel de um tio. “Hoje não se tem nenhuma pretensão de uma casa durar o que essa dura, com material bom”, elogia.
Já Ângela Castello Branco, de 41 anos, e Giuliano Tierno, de 40, alugaram um espaço na região justamente pelas características dos anos 1930. Em 2015, fundaram o centro de arte e educação A Casa Tombada, instalado em duas casas geminadas na Avenida Ministro de Godoi. “Estava caindo aos pedaços. Investimos o que tínhamos na reforma, pelo gosto de cuidar da casa”, conta Ângela. “O projeto teve muito esse apelo da casa como elemento central, a sala é uma sala, o quintal é um quintal de convivência. Chamamos os alunos de moradores. É uma outra forma de morar, em torno de ideias.”
Autor: Priscila Mengue
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