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Moradores estocam comida na Colômbia
Em março, um “paro armado” decretado pelo grupo armado Exército Popular de Libertação (EPL) confinou em casa os moradores da região colombiana do Catatumbo, área cocaleira na fronteira com a Venezuela. Durante o enfrentamento dos guerrilheiros com o Exército de Libertação Nacional (ELN), civis e militares morreram e veículos de transporte foram incendiados.
Segundo levantamento da Pastoral de Vítimas do conflito armado no Catatumbo, os dois grupos começaram a se enfrentar em outubro, disputando o terreno deixado pela desmobilização das Farc. Em março, houve o enfrentamento mais duro.
Durante oito dias, Jéssica fechou o restaurante em que vende exclusivamente frango assado com mandioca cozida (R$ 7) e ensopado com dobradinha (R$ 5). “Não é que eles mandam fechar e podemos viajar ou fazer outra coisa. Não podemos nem mesmo sair de casa”, afirma a mãe de duas meninas, que prefere não dar o nome completo. No período, as escolas fecham.
Dona de uma papelaria, Nelly Franco, de 55 anos, também teve de fechar sua loja no último “paro armado”. Aproveitou o tempo sem clientes para fazer os enfeites artesanais que também vende. Natural de Cali, onde teve sua primeira filha aos 13 anos, ela mora no Catatumbo há 28 anos. Neste período, aprendeu a transformar a casa mantida nos fundos de seu estabelecimento comercial em uma espécie de bunker.
Sempre tem alimentos e produtos de limpeza para passar um mês sem sair de casa. Ontem, tinha o alto de sua geladeira repleto com frutas congeladas. Em um freezer menor, guardava feijão e arroz. Nelly mantém dois botijões de gás. Para economizar, transformou tampas velhas de panelas em chapas que coloca sobre a boca do fogão. Quando as placas de metal aquecem, ela baixa o fogo para consumir menos gás. Assim, não é pega desprevenida quando há toque de recolher.
Outra precaução básica para atravessar os períodos de isolamento foi ter seu próprio poço de água. São comuns ataques de grupos armados ao sistema de abastecimento, que já funciona precariamente. “Assim, não corro o risco de ficar sem água sem poder sair à rua para comprar”, explica a mulher.
“Aqui, acho que esta violência nunca vai acabar. Enquanto se plantar coca, haverá guerra. E sempre se plantará coca”, diz. Tanto sua filha, designer em Cali, quanto seu filho insistem para que ela deixe a região. “Perguntam por que eu decidi morar no monte. Pode-se morar em qualquer lugar do mundo, tomando cuidado”, sustenta. Ela sempre carrega na bolsa um pedaço de tecido branco. “Já fiquei duas vezes presa no caminho para Cúcuta (120 km, 3 horas de viagem até Tibú) por causa de confrontos. Nestes casos, ter um pano branco para acenar pode salvar a vida de um civil”, garante. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Autor: Rodrigo Cavalheiro, enviado especial
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