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Por que a família real britânica faz tanto sucesso no Brasil?

18/05/2018
Por que a família real britânica faz tanto sucesso no Brasil?

O aguardado casamento do príncipe Harry com a atriz americana Meghan Markle acontece neste sábado, 19, mas já está mobilizando a imprensa mundial há meses. Várias emissoras brasileiras farão cobertura ao vivo do evento, que deve começar às 8h da manhã no horário de Brasília, e estima-se que o impacto da cerimônia nas redes sociais deve ser maior do que ocorreu no casamento do príncipe William com Kate Middleton, em 2011. Na época, o Brasil ficou entre os dez países que mais geraram conteúdo sobre o assunto no Facebook.

O sucesso deste assunto levantou uma questão: afinal, por que a família real britânica faz tanto sucesso no Brasil? Apesar de o Brasil ter um histórico monárquico e membros da realeza britânica já terem passado por aqui no passado (2018 marca o aniversário de 50 anos da única visita da rainha Elizabeth II ao País), só isso não explica o interesse que grande parte dos brasileiros tem sobre o tema.

Aproximação com a plebe

Talvez o processo de modernização da monarquia britânica iniciado pela rainha Elizabeth II seja um caminho para desvendar a questão. Durante seu reinado, que já dura 66 anos, ‘Lilibeth’ usou a evolução dos meios de comunicação e o poder da imprensa para divulgar eventos, viagens e outros fatos “comuns” do dia a dia da família real como forma de aproximá-los da população.

A aposta deu retorno: a monarquia britânica é hoje muito mais popular do que as outras monarquias no mundo, obtendo status de celebridade e cobertura intensa no noticiários dos principais veículos do mundo.

Para Simon Wood, cônsul-geral do Reino Unido no Rio de Janeiro, o carinho expressado pelos brasileiros se deve aos valores que a família real britânica representa no imaginário dos brasileiros. “Eles se mostram como uma família unida, que se respeitam, são muito ativos com obras de caridade e organizações que representam diferentes causas na sociedade”, explica. “Esses valores ultrapassaram as barreiras do país e impactam os brasileiros assim como os britânicos”, diz.

O diplomata também acredita que o interesse dos brasileiros na cultura britânica e as visitas recentes que membros da família real britânica fizeram ao Brasil, quando tiveram a chance de se aproximar da população, contribuíram para aumentar a popularidade deles por aqui. “Além da rainha, o príncipe Charles esteve no Brasil quatro vezes, o príncipe Harry veio em 2012 e jogou futebol com crianças no Complexo do Alemão. Toda esse contato faz com que o interesse sobre a família real cresça”, opina.

Conto de fadas real

A psicóloga Leila Cury Tardivo, professora do Instituto de Psicologia da USP, concorda com o raciocínio do cônsul-geral. Para ela, especialmente durante eventos como o casamento, a família real pode evocar um sentimento de fantasia e conto de fadas entre os brasileiros. “O dia-a-dia da vida real, essa cobertura de celebridade que é feita sobre eles, isso não interessa tanto para o brasileiro”, diz. “Mas quando falamos do casamento, a preparação e o fato em si oferecem à população um momento de sonho e fantasia, de beleza e felicidade, quase como um filme mesmo”, analisa.

A psicóloga acredita ainda que, em momentos de crise, como a enfrentada pelo Brasil atualmente, as pessoas tendem a buscar conforto na (falsa) imagem de perfeição que as celebridades – e a própria família real – exibem no dia a dia. “É óbvio que, no particular, a realeza tem todos os problemas e anseios de uma família comum. Mas o ideal que eles transmitem passa a sensação de estabilidade para quem está de fora”, afirma.

Memória coletiva

Já o príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança, membro da família imperial brasileira, acredita que o interesse do brasileiro na monarquia vem da lembrança que a sociedade tem do período em que o País foi governado por um imperador. “O imenso charme e prestígio que uma monarquia traz para um país provoca um sentimento de pertencimento entre as pessoas”, diz. “A família real nada mais é do que uma amplificação do núcleo familiar que encontramos em todas as residências.”

Autor: Felipe Laurence, especial para a AE
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