Variedades
Miuccia Prada vê politicamente correto restringindo criação e pensamento
Apropriação cultural, correção política, redes sociais, diversidade e liberdade de criação rendem assunto – e um olhar peculiar – quando a entrevistada é Miuccia Prada. Em Nova York, onde desfilou a coleção resort da sua marca, ela fala destes e outros assuntos polêmicos ao WWD, um dos mais antigos veículos dedicados à indústria.
Ela, que afirma não acompanhar redes sociais, não temer comentários nem se preocupar com questões como apropriação cultural, assume que vivemos tempos delicados. “Você tem que tomar cuidado para não ofender alguém São tantas questões politicamente corretas, que elas são limitadoras da criatividade”, diz a estilista, que sentiu os efeitos disso na sua Fundação Prada.
Uma instalação do artista Damien Hirst com moscas vivas foi alvo de um grupo de proteção animal. “Tenho medo de que não sejamos livres o suficiente para nos expressar e dizer coisas que talvez não sejam corretas. Os pensamentos não progridem dessa forma”.
A diversidade nas passarelas, é algo com que Miuccia se diz empolgada. “Isso é novo, estou olhando a beleza com outros olhos”, afirma. “Diversidade de tamanho, em teoria, eu aceito. O assunto está muito em voga agora e isso eu não gosto tanto. Não quero fazer por esses motivos”, fala, explicando achar hipócrita fazer esse tipo de coisa só para parecer uma boa pessoa.
Outra “tendencinha” da hora, o banimento de uso de pele animal na moda, também é um tema que para ela merece um debate mais longo do que vem colocado até aqui. “Uma vez que você fala de peles, você deveria tratar questões maiores como sustentabilidade e meio ambiente, assuntos com os quais nossa empresa está comprometida”, pondera Miuccia. “Sempre preferi fazer, agir, do que ficar fazendo pronunciamentos”, alfineta, dizendo que já parou de mostrar peles em desfiles e que estuda e analisa a sério as possibilidades.
Quando perguntada sobre a fluidez de gênero na moda, alerta para o marketing em benefício próprio em torno desse tipo de causa. “As pessoas podem fazer o que quiser mas, de novo, não gosto quando usam estes temas para elevar a si mesmas. Quando o assunto é muito sério é melhor se calar”, opina. “Quando você é seriamente político, você tem que ir mais além. Você tem uma companhia que vende para pessoas ricas, então como ser tão político?”, conclui.
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