Variedades
Marcos Caruso estreia monólogo ‘O Escândalo Philippe Dussaert’
Em 45 anos de carreira, Marcos Caruso viveu inúmeros personagens. Foi um pai que, mesmo tarde, tentou corrigir o caráter da filha, em Mulheres Apaixonadas; foi o saudoso Leleco, de Avenida Brasil; foi o Pedrinho Guimarães, de Pega Pega, sua mais recente novela; e tem ainda o divertido Senhor Peru, da Escolinha do Professor Raimundo. E agora, pela primeira vez, o versátil artista subirá ao palco sozinho, no espetáculo O Escândalo Philippe Dussaert, que estreia nesta quinta, 5, somente para convidados, e, na sexta, 6, para público, no teatro Faap, em São Paulo. Isso depois de uma temporada de sucesso e prêmios no Rio de Janeiro, e de uma turnê bem-recebida pelo público de Portugal.
No texto do ator e dramaturgo francês Jacques Mougenot, vamos conhecer a história do pintor Philippe Dussaert, que, em sua busca pelo sentido do “nada”, reproduz o que há no fundo de quadros de grandes nomes da arte, como Moça com Brinco de Pérola, de Vermeer, Mona Lisa, de Da Vinci, e O Pássaro, de Monet.
Em conversa com o jornal O Estado de S. Paulo, o irreverente ator se mostra hiperativo, falante e muito bem-humorado. Recém-chegado da turnê portuguesa, vai logo dizendo que não tem parada. “Com essa peça, completo, em maio, 45 anos de teatro. Estreei em 1973, e, nesse período, fiz um pouco de TV”, conta, mostrando mais alguns números. “Fui ver quantos dias eu tive de palco, tive a pachorra de somar todas as peças, os meses e os dias. Então, nesse tempo de encenações, acabei permanecendo no palco 33 anos”, orgulha-se o ator.
E ele, um ótimo entrevistado, emendando uma história na outra, deixa claro o significado do espetáculo para ele. “Eu não considero um monólogo, mas claro que é um monólogo. Chamo de solo coletivo, porque realmente estou sozinho em cena, mas não estou sozinho, na medida em que é uma palestra, uma conferência, onde eu me dirijo diretamente ao público, olhando nos olhos das pessoas”, diz.
“Mas, antes de o espetáculo começar, eu cumprimento o público no saguão, espero o público entrar no teatro, dando boas-vindas, tomando café com ele, conversando com ele, mas não como personagem, como o ator mesmo”, afirma Caruso, que mostra gostar mesmo de números. “Já apertei a mão de 48 mil pessoas, porque a cada pessoa que entra no teatro eu aperto mesmo a mão e digo, seja bem-vindo ao teatro, bem-vindo à minha casa”, conta o ator, mostrando que, dessa forma, conquista antecipadamente o público.
Caruso afirma que essa forma de receber as pessoas, de aproximá-las do espetáculo antes mesmo do início, faz com que a plateia se torne sua cúmplice, participando em diversos momentos da peça. “O espetáculo é escrito de uma forma tão interessante, inteligente, sofisticada e, ao mesmo tempo, popular, que faz com que o público se torne participante, que, em determinado ponto, quase se transforme em um talk-show”, conta.
“A peça se utiliza de arte contemporânea para falar das pequenas coisas que afetam as pessoas”, explica Caruso, que se denomina “um homem do teatro”. E graças à direção de Fernando Philbert e à forma bem-humorada como o ator conduz a peça, O Escândalo Philippe Dussaert foi considerado o melhor espetáculo de humor de 2016 do Rio. “Esse prêmio me assustou, pois, na época, estavam em cartaz vários espetáculos de humor, alguns declaradamente comédia, e fui indicado nessa categoria, mas fiquei espantado, afinal, esse espetáculo não é uma comédia e ganhou o prêmio de humor. E eu quis saber do jurado a razão dessa premiação”, diz Caruso. “Eles disseram não ser um prêmio de humorismo, mas é para melhor espetáculo de humor, e perceberam que a forma como foi conduzido tem humor, arranca risadas e, por isso, mereceu o reconhecimento.” Por essa peça, em temporada carioca, ele conquistou prêmios como Shell e Cesgranrio de melhor ator.
Em tantos anos de carreira, Caruso está fazendo, enfim, seu espetáculo solo e sobre isso diz que se “assustou muito pelo fato de estar sozinho no palco”. “Mas, ao mesmo tempo e na mesma proporção, me estimulou bastante, porque sei que não estou sozinho e, antes mesmo de estar frente ao público, nos ensaios, eu estava com o meu passado, com a minha história”, afirma. “Para você subir no palco e preencher o tempo, tem que ter uma bagagem, personagens vividos, experiências realizadas, contato com outros atores, conhecimento profundo da profissão, da luz, da sonorização”, diz, enfatizando também que gosta “do salto sem rede, gosto do erro, de saber o que não sei, o que já sei não me interessa, não fico procurando cartinhas na manga”.
Uma das curiosidades que ele faz questão de contar diz respeito à forma como decidiu montar esse espetáculo. “Inicialmente, pensei que a peça nem fosse uma peça de teatro. Eu errei”, conta Caruso, que diz ter ficado em dúvida, pois o texto é de uma palestra, mas acertou de ir para Paris conversar com o autor, fez laboratório e voltou. “Aqui, resolvi fazer uma leitura para alguns amigos, entre os quais estava Irene Ravache e, ao término, ela colocou o dedo em meu nariz e disse ‘se você não fizer essa peça, eu faço’. Foi aí que decidi fazer.”
Grande sucesso
Escrita por Caruso há mais de 30 anos, Trair e Coçar É só Começar continua sendo encenada e já foi vista por sete milhões de pessoas e, para o autor, se trata de um “enigma que jamais vai decifrar”. “Estudei os clássicos do vaudeville para escrever a peça, para chegar a essa dinâmica, que é feita para rir.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Autor: Eliana Silva de Souza
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