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Selic a 6,5% deve dar mais gás para a Bolsa
Apesar de ter fechado nessa quinta-feira, 22, em queda de 0,25%, a 84.767,88 pontos, o Ibovespa (principal índice da B3, a Bolsa paulista) deve avançar nos próximos meses, segundo economistas ouvidos pelo Estado. A tendência é que a redução da Selic, a taxa básica de juros, para 6,5%, determinada anteontem, alavanque o preço das ações.
Nessa quinta-feira, os papéis encerraram o dia em baixa, influenciados sobretudo pelo cenário internacional. O anúncio do governo de Donald Trump de que os Estados Unidos adotarão medidas protecionistas contra a China e o aumento, na quarta-feira, 21, da taxa básica de juros norte-americana deixaram o mercado pessimista. O índice Dow Jones registrou queda de 2,93%, o S&P de 2,52% e o Nasdaq de 2,43%. Na Europa, a bolsa de Frankfurt cedeu 1,70% e a de Paris, 1,38%. “Na comparação, a bolsa brasileira se saiu bem melhor do que as de fora”, destacou o estrategista-chefe da XP Investimentos, Celson Plácido.
Segundo projeções da XP, com a Selic em 6,5%, o Ibovespa deve chegar a 89 mil pontos. Caso caia mais 0,25 ponto porcentual – o próprio Comitê de Política Monetária (Copom) já sinalizou que o ciclo de afrouxamento monetário deve continuar -, o índice poderá alcançar 95 mil pontos. Ontem, a possibilidade de a Selic ir a 6,25% em maio era de 78%, conforme precificação feita pelo mercado nos contratos de juros futuros de curto prazo. A XP ainda projeta que a bolsa possa bater 100 mil pontos em um cenário mais improvável, com a Selic a 6%.
A redução da taxa básica de juros resulta em uma despesa financeira menor para as empresas e, portanto, maiores margens de lucro – daí a valorização de suas ações na bolsa. O preço dos papéis também costuma subir com uma Selic mais baixa em decorrência da procura dos investidores por retornos melhores. “A hora que o mercado vê os juros caindo, começa a buscar investimentos com maior risco, que rendem mais. As pessoas saem da caderneta, por exemplo, e migram para a bolsa”, explica o economista Alexandre Espírito Santo, da Órama.
Já Fernando Rocha, economista-chefe da gestora de recursos JGP, é mais cético em relação ao impacto da redução da Selic no Ibovespa. “Não é 0,25 ponto porcentual que faz diferença. A mudança não foi de 10% para 6%. A decisão do Copom é marginalmente positiva para a Bolsa.”
Risco
O desempenho positivo do Ibovespa neste ano pode ser ameaçado por incertezas políticas no período de campanha eleitoral ou por uma eventual guerra comercial, lembra Espírito Santo. No segundo caso, as medidas protecionistas de Trump podem desencadear um aumento dos preços nos EUA que force o Federal Reserve (o Fed, banco central americano) a elevar ainda mais a taxa de juros do país. Juros mais altos nos EUA poderiam atrair capital, retirando recursos de países emergentes como o Brasil e elevando a cotação do dólar. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Autor: Luciana Dyniewicz
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