Alagoas
Oficinas de redação da Uneal preparam mais de 400 índios em Alagoas
“Alagoas tem índios”. A afirmação é do professor da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), Jairo José Campos da Costa, que, durante os meses de fevereiro e março, esteve nas 12 etnias indígenas do Estado para ministrar o curso ‘Leitura e Produção de Textos’. Além de preparar os participantes para provas de redação, a experiência rendeu ao docente a oportunidade de conhecer ainda mais a cultura e vivências dos povos indígenas alagoanos.
No total, Campos esteve em dez municípios alagoanos e lecionou para mais de 400 indígenas. Noções de estrutura do texto dissertativo-argumentativo, técnicas de argumentação, leitura e análise de textos e prática de escrita foram os temas abordados em cinco horas de aula presencial e mais cinco horas a distância, por meio de grupo em ambiente virtual.
A atividade está vinculada à criação do Curso de Licenciatura Indígena (Clind), que será ofertado pela Uneal, em parceria com o Fundo Estadual de Combate e Erradicação da Pobreza (Fecoep).
Serão R$ 2.264.000,00 para arcar com as despesas administrativas, com a equipe de professores e técnicos, transporte, alimentação, material didático e hospedagem para os indígenas. As aulas acontecerão nos campi da Uneal, em Palmeira dos Índios e União dos Palmares.
O Clind disponibilizará 280 vagas, exclusivas para índios, em licenciaturas de Pedagogia, Letras, Geografia, História e Matemática.
“A Uneal é a primeira instituição a desenvolver, em 200 anos de história de Alagoas, uma ação dessas e a primeira a propor esse segundo Curso de Licenciatura Indígena, em parceria com o Governo do Estado”, explicou o docente.
Em 2015, foi concluído o Programa de Apoio à Formação Superior e Licenciaturas Indígenas (Prolind) que graduou 72 indígenas alagoanos nos cursos de Ciências Biológicas, Pedagogia, Letras e História. Nesta versão, os recursos eram provenientes do Ministério da Educação.
Para Jairo Campos, o Clind deve gerar um impacto positivo na educação básica. “Como o projeto é um curso de formação de professores, serão os futuros graduados que darão aulas nas aldeias. Há uma demanda para isso. ‘Esta é uma grande contribuição da Uneal para a melhoria, inclusive, dos indicadores da educação, sociais e humanos”, avalia.
Edson Santos, do povo Aconã, participou da oficina e quer concorrer a uma vaga no curso de Matemática. Ele destacou que, apesar das dificuldades enfrentadas para concluir o ensino médio, houve uma boa participação de membros da comunidade no preparatório. “Vamos agora estudar para fazer o vestibular da Uneal”, afirmou.
Sensibilização
Quando foi pensada a segunda versão do projeto, a Universidade esteve nas aldeias para consultar e sensibilizar os povos para a importância de investir na educação superior. Naquele momento, o professor Jairo Campos explicou como os trabalhos seriam desenvolvidos. Foi ali que ele percebeu a necessidade de preparar os candidatos para a seleção.
Nas idas às aldeias para conduzir as oficinas de redação, Jairo Campos teve a oportunidade de viver a rotina dos povos, captando as singularidades de cada local. “Cada aldeia nos recebeu com seu prato, presentes, artesanatos. Em algumas, a conversa se estendeu pela noite e fui convidado a dormir na aldeia”, revelou.
As oficinas aconteceram nas aldeias dos povos Aconã, Xukuru Kariri, Kariri Xokó; Wassu Cocal; Tingui Botó; Karapotó Plak-ô; Karopotó Terra Nova; Jiripankó; Katokin; Karuazu; Kalankó; Koiupanká e Pankararu.
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