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Retalhos da Gramática
Deixo aqui algumas orientações colhidas em gramáticas. Resolvi passar para o jornal. Trata-se, portanto, de orientações extraídas de livros apropriados. Se alguém discordar, pode até sugerir algo mais adequado.
Vamos agora apresentar as orientações que podem despertar alguma reação a algum possível leitor.
Será certa esta frase?: “Ele tem olhos mais grandes que bonitos?” Sim é certa a frase. E aí vem a justificativa. Quando se comparam duas qualidades do mesmo ser diz-se “mais grande”. Quando se compara a mesma qualidade de dois seres, diz-se “maior”. Exemplo: Pedro é maior que Paulo.
Ao “invés de” só se quando houver oposição ao invés de subir, desceu. “Em vez de” usa-se em qualquer sentido.
Disse o autor da Gramática Metódica da Língua Portuguesa que palavras como “certíssimo”, “diviníssimo ”, usadas pelos escritores, são puramente pleonásticas, nada acrescentando a ideia expressa pelo adjetivo positivo.
Deve-se dizer: Melhor boa fé, pior má vontade, melhor bom gosto. É, porém, errado dizer: melhor fé, pior vontade, melhor gosto.
Não confundir melhor (mais bom) com melhor (mais bem). No primeiro caso é adjetivo; pode variar. No segundo caso é advérbio. Não varia. Exemplos: Os melhores alunos. Eles estão dormindo melhor.
O presente do indicativo pode ser usado em lugar do futuro para anunciar um acontecimento próximo: Sigo amanhã.
Não se deve usar “um” antes de mil. O serviço custaria mil reais. A forma hum mil ou um mil só pode para cheque e nada mais.
Não deixo de cuidar da grama sobre a qual gosto de um bom cochilo. A preposição “Sobre” tende a exigir o relativo o / a qual os / as rejeitando a forma “que”.
Vejamos esta oração: “Venho convidá-lo e à Exma. família”. O segundo objeto direto (a Exma. Família) vem preposicionado para dar clareza à expressão.
E o gramático acrescenta: Muito certas, portanto, são as seguintes construções: “Amando-o e aos parentes”- “Detesto – o e aos demais que o acompanham”.
Alguns verbos, ainda que sejam transitivos diretos, vem com a preposição, quando o objetivo é um infinitivo: a) Com a preposição “a”, com os verbos começar, principiar, aprender, ensinar, convidar e outros: começou a dizer, principiou a ler, ensinava a escrever; com a preposição “de”, como acabou de falar, cessou de trabalhar.
Outra observação: Não se deve empregar “qualquer”, em lugar de nenhum (a). Por exemplo: Não há qualquer possibilidade. O certo é, portanto: Não há nenhuma possibilidade.
Eta ou eita? São formas paralelas. Trata-se de uma interjeição que, conforme Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, exprime alegria, incitamento, surpresa e espanto. Por exemplo: Eta! O homem chegou! “O banqueiro Celestino disse cada uma de arrepiar, eta português de boca suja”. Também se dizem as formas reforçadas: eta-pau, eta-ferro ! Conforme me parece a forma eita é a mais usada no nordeste.
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