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Marin Alsop fala de nova etapa e de possíveis substitutos

07/03/2018
Marin Alsop fala de nova etapa e de possíveis substitutos

Marin Alsop não deve participar diretamente da escolha de seu sucessor como regente titular e diretor musical da Osesp. Se os rumores, por enquanto, colocam os nomes do mexicano Giancarlo Guerrero e do estoniano Arvo Volmer, convidados frequentes do grupo, como fortes candidatos, a informação oficial é de que um comitê de busca será formalmente nomeado para selecionar o novo maestro.

Alsop naturalmente não fala em nomes. Mas imagina o perfil que o novo maestro deve ter. “A Osesp precisa de alguém com uma qualidade artística alta e que seja capaz de empurrar a orquestra em direção a novos voos. Ao mesmo tempo, é necessário que seja alguém cuja reputação ajude a orquestra ainda mais a refinar seu perfil internacional. Claro que estarei sempre por perto para ajudar, mas essa é uma tarefa que caberá ao novo regente ou diretor musical, não sei exatamente em que direção a Osesp está caminhando em relação ao posto (Alsop começou sua gestão como regente titular e, anos depois, foi nomeada diretora musical).”

As características a que Alsop se refere são praticamente as mesmas usadas pela Osesp ao anunciar seu nome em 2011. Sob o comando da maestrina, o grupo fez turnês europeias importantes, além de ter completado a gravação do ciclo das sinfonias de Prokofiev para o selo Naxos (o outro grande projeto discográfico do grupo, a integral sinfônica de Villa-Lobos, que ela considera de “extrema importância”, foi realizado por Isaac Karabtchevsky).

O grupo ainda estuda, segundo ela, qual a melhor forma de lançar a gravação em vídeo das quatro sinfonias de Brahms, com os concertos e os comentários dela a respeito das peças. É um legado do qual se orgulha e, se tivesse que pensar em novos projetos do tipo com a Osesp, provavelmente teria a música russa em mente. “Sei que é um repertório que já foi gravado por grandes maestros russos. Mas é um repertório que os músicos da Osesp fazem particularmente bem. Então, se alguém quisesse que eu gravasse as sinfonias de Shostakovich, por exemplo, acho que gostaria da ideia.”

Depois de oito anos em São Paulo, Marin Alsop prepara-se para, no ano que vem, trocar a América Latina pela Europa como seu segundo endereço – ela segue vivendo em Baltimore, nos Estados Unidos, onde dirige a sinfônica local, posto que vai dividir sua atenção com a nova posição em Viena. É um recomeço, ela reconhece, com um sorriso. “Sim, o trabalho precisa ser construído do zero, tudo de novo, e desta vez em alemão”, brinca a maestrina. “Não se trata apenas da relação com a orquestra, mas de entender a cultura em que ela está inserida, a vibração da cidade. Eu demorei dois anos para entender o que era São Paulo e a Osesp.”

Ela acredita, no entanto, que internamente passos importantes foram dados. O principal deles, a ampliação da academia da orquestra, com cursos agora também de regência e de canto. “A academia é uma contribuição para o meio musical, para o jovem que tem a chance de refinar sua formação em um contexto de excelência”, ela diz, particularmente animada com a possibilidade de ajudar uma nova geração de maestros a desenvolver seu talento, “entendendo que há muito em jogo além da técnica e do conhecimento musical”.

Para ela, foi fundamental na compreensão do papel pedagógico da instituição receber a incumbência de gerir também o Festival de Inverno de Campos do Jordão (Alsop chegou a ser anunciada como diretora do evento em abril de 2012, mas a Osesp voltou atrás com relação ao anúncio dias depois).

Da mesma forma, ela acredita que foram importantes iniciativas como as transmissões de alguns concertos pela internet, o investimento no selo digital da Osesp ou a decisão de realizar um concerto de jazz e música brasileira em Londres, durante uma participação no prestigiado Festival Proms, em Londres. “Todas essas ideias apontam para o futuro de alguma forma. Mas sempre há mais a se fazer.”

De volta ao Mahler desta semana, que será apresentado quinta, sexta e sábado na Sala São Paulo, ela diz que a Sinfonia n.º 7 revela um compositor em um momento de paz, sem parecer tão torturado como em outras obras, mais intimista. E acredita que o trabalho desta semana é um bom termômetro de como evoluiu sua relação com a orquestra. “Em 2010, fiquei impressionada com a rapidez no aprendizado, ensaio a ensaio. Hoje, é evidente como já começamos em um nível altíssimo e, a partir dele, podemos crescer, com uma variedade de nuances e coloridos muito maior.”

OSESP
Sala São Paulo. Pça. Julio Prestes, s/nº, tel. 3223-3966. 5ª e 6ª, 20h30; sáb., 16h30. Ingressos: de R$ 40 a R$ 222.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Autor: João Luiz Sampaio, especial para a AE
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