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Vidas Secas
De repente, chega-me às mãos o livro Vidas Secas – Um Ritual Para O Mito da Seca – do professor José Ubireval Alencar Guimarães, imortal da Academia Alagoana de Letras, fruto de sua tese de mestrado na Pontífica Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Diga-se, de passagem,fora publicada pela então Sergasa, hoje, Imprensa Oficial Graciliano Ramos.O livro foi editado no cinquentenário da obra (1988).Ou seja, veio à tona no ano de 1938.
No Sumário, vê-se a estrutura do trabalho científico obedecendo aos tópicos a seguir: Capítulo I: tempo e literatura, Capítulo II: Tempo de seca – Geografia física, cronologia da obra;Capítulo III: tempo humano – geografia socializada; Capítulo IV: Tempo mitico – geografia sacralizada; conclusão e referências.E, por isso, tem densidade pela pesquisa acurada feita pelo autor durante anos de abnegação.
Afora isso, a escrita foi pautada sobre as teorias a respeito do tempo, tratamento literário do tempo, fatores temporais, enredo, narração dos acontecimentos,estruturação cíclica dos acontecimentos, cronologia das estações polares, verão – tempo de seca, nível sociológico, situação social, situação socioeconômica, situação sócio-familiar, situação sócio-cultural, a linguagem, mentalização, a composição, Fabiano – o ser bruto e o homem sensível, o homem interior, o nível mental de Fabiano, Fabiano e a experiencialidade do tempo, Fabiano e o grupo familiar, lembranças: injustiça sofrida pelo soldado/familiar desasossegada/(capacidade de explicação/Sinha Rita louceira.
A bem da verdade, Graça tratou do êxodo rural ocorrido na década de trinta. Isto é, o sofrimento dos sertanejos enfrentado com luta, bravura e, sobretudo, com coragem para enfrentar a vida na cidade. E, por isso, o autor não poupou palavras. Muito pelo contrário, retratou com fidelidade o drama do caboclo pobre tangido pela seca que assolava toda a região.
“ A compreensão do tempo mítico na obra procura sublimar toda espécie de vicissitude por que vinham passando as reiteradas críticas de cunho acentuadamente determinista, quanto à geografia local, e socialmente, quanto à deploração da miséria econômica e espoliação de vida social”.
Por outro lado, “ Num flashback dos principais arquéticos mitológicos da modernidade nordestina, poderíamos concluir que enquanto houver Baleias que se prestam para holocaustos como prova máxima de zelo e abnegação, enquanto houver vidas severinas enfileirando as procissões das mortes severinas, enquanto existirem Joões Grilos a saltitar de uma situação a outra e na desmistificação dos valores cristalizados, a literatura nordestina permanecerá como manancial de leituras sempre novas e inovadoras e sobretudo deixando a claro que não foram em vão as caminhadas épicas e dramáticas da família de Fabiano, de Chico Bento, dos tantos e anônimos severinos, e que é preciso haver sempre recorrências atualizadas às senhoras Compadecidas, assim como devem ser ritualizados os assassinatos simbólicos das injustiças praticadas por soldados amarelos”.
Nesse sentido, o êxodo daquela época provocou o inchaço das grandes cidades feito o Rio de Janeiro.Por essas razões, o desleixo dos ex-governadores Leonel Brizola, Antonio Garotinho, Rosinha, Pezão. O presidente Temer fora obrigado a decretar a decretar a intervenção federal a fim de minimizar o flagelo na Cidade Maravilhosa. Aliás virou a cidade do crime organizado onde se vê o poder paralelo, ou seja, bandidos desafiando o poder estatal. Traduz, portanto, a falência do estado na atual conjuntura.Organização: Francis Lawrence.
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