Política

Marco Aurélio conduzirá investigação de Aécio com base nas delações da JBS

31/05/2017
Marco Aurélio conduzirá investigação de Aécio com base nas delações da JBS
Senador Aécio Neves (PSDB-MG), atualmente afastado do mandato parlamentar (Foto: Wilson Dias/Agência Brasil)

Senador Aécio Neves (PSDB-MG), atualmente afastado do mandato parlamentar (Foto: Wilson Dias/Agência Brasil)

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello foi sorteado nesta quarta-feira, 31, para conduzir as investigações sobre o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) baseadas nas delações premiadas de executivos da JBS no âmbito da Operação Lava Jato.

Marco Aurélio disse que deverá levar para o conjunto dos ministros recurso de Aécio para derrubar a decisão do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo, que, a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, determinou o afastamento do senador do mandato. “É claro que se é ato de um colega, ombreando o colega, jamais reconsideraria decisão do colega. E não reconsiderando, não atuando nesse campo individualmente, trarei ao colegiado”, disse Marco Aurélio Mello.

Na mesma entrevista, concedida pouco antes da sessão, Marco Aurélio disse que ficou sabendo da relatoria por meio de um advogado. Ele brincou com os jornalistas ao afirmar que o computador que faz os sorteios no Supremo “não gosta” dele.

“Eu soube agora. Encontrei o advogado e ele me contou. Parece que o computador que opera a distribuição não gosta de mim”, brincou o magistrado. “Para mim, processo não tem capa, tem conteúdo e eu vou atuar de acordo com o conteúdo dos autos do inquérito”, completou.

Nesta terça, o inquérito sobre Aécio foi separado nesta terça (30), pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF, das investigações sobre o presidente Michel Temer e do deputado federal afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR).

Em abril, quando as investigações foram iniciadas, Temer, Aécio e Rocha Loures eram investigados conjuntamente na Corte, a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Fachin, porém, decidiu separar as investigações por entender que a suposta atuação de Aécio em favor da JBS e contra a Lava Jato se distingue daquela que teria sido praticada por integrantes do PMDB.

Enquanto Temer e Rocha Loures, segundo as investigações, teriam atuado em favor da empresa junto ao governo, o entendimento é que Aécio teria trabalhado no Congresso e como presidente do PSDB.

No mesmo inquérito sobre Aécio, serão também investigados a jornalista Andrea Neves – irmã do tucano –, Frederico Pacheco de Medeiros – primo do senador afastado –, e o ex-assessor parlamentar do senador Zezé Perrella (PMDB-MG) Mendherson Souza Lima. Andrea e Frederico Pacheco foram presos pela Polícia Federal.

O que diz Aécio – Desde que foi afastado do mandato parlamentar, Aécio Neves tem divulgado notas à imprensa e vídeos na internet para rebater as acusações dos delatores da JBS.

O tucano já disse, por exemplo, que irá provar o “absurdo dessas acusações” e o “equívoco das medidas” contra ele. Aécio também já afirmou que buscará resgatar “a honra e a dignidade” que ele diz ter.

“O tempo permitirá aos brasileiros conhecer a verdade dos fatos e fazer ao final um julgamento justo”, afirmou Aécio em uma nota.

Em um vídeo publicado no Facebook, o senador afastado se disse “vítima de armação” e acrescentou:

“Nessa história, os criminosos não sou eu nem meus familiares. Os criminosos são aqueles que se enriqueceram às custas do dinheiro público e que agora, nesse instante, lá no exterior, zombam dos brasileiros com os inacreditáveis benefícios que obtiveram. Eles, sim, têm que voltar ao Brasil e responder à Justiça pelos muitos crimes que cometeram.”