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Cinco histórias de músicas e de carnaval
“TONGA DA MIRONGA DO CABULETÊ”
Durante a ditadura havia uma censura impertinente a certos compositores, entre eles Vinicius de Moraes. Sentindo a angústia do companheiro, Gesse, esposa baiana da época, o diverte, ensinando-lhe xingamentos em Nagô, entre eles “tonga da mironga do cabuletê”, que significa “o pêlo do cu da mãe”.
Com Toquinho, Vinícius compõe a canção com o mote anal, para apresentá-la num show no Teatro Castro Alves. Boa oportunidade de xingar os censores sem que eles compreendessem. O poeta ainda se divertia com tudo isso: “Garanto, no Departamento de Censura não tem um que saiba falar nagô”.
Abaixo, a letra da inspirada canção da dupla, Vinicius e Toquinho:
“Eu caio de bossa, eu sou quem eu sou
Eu saio da fossa, xingando em nagô
Você que ouve e não fala
Você que olha e não vê
Eu vou lhe dar uma pala,
Você vai ter que aprender
A tonga da mironga do cabuletê
A tonga da mironga do cabuletê”
“O MUNDO É UM MOINHO” CARTOLA compôs uma das músicas mais bonitas do cancioneiro nacional quando percebeu sua filha na boemia desvairada. “Ainda é cedo, amor, mal começaste a conhecer a vida
já anuncias a hora de partida, sem saber mesmo o rumo que irás tomar
Presta atenção, querida, embora eu saiba que estás resolvida
em cada esquina cai um pouco a tua vida, em pouco tempo não serás mais o que és.
Ouça-me bem, amor, presta atenção, o mundo é um moinho
vai triturar teus sonhos tão mesquinhos, vai reduzir as ilusões a pó…”
“MAMÃE EU QUERO” Muita gente pensa que a música brasileira mais cantada no estrangeiro é Garota de Ipanema, na realidade é a música carnavalesca de Jararaca, “Mamãe eu Quero”. Jararaca, José Luiz Calazans, alagoano do Pilar, fazia a dupla mais conhecida nos anos 50, Jararaca e Ratinho. Certo dia Tom Jobim compôs com Jararaca essa beleza: “Ainda ontem eu vim de lá do Pilar… Ainda ontem eu vim de lá do Pilar…” Cantada por Djavan.
“TOURADAS DE MADRID.” Na Copa do Mundo de 1950, quase 200 mil pessoas assistiam ao jogo Brasil x Espanha no Maracanã, todos cantando: “Eu fui às touradas em Madri. E quase não volto mais aqui. Pra ver Peri beijar Ceci. Eu conheci uma espanhola natural da Catalunha; Queria que eu tocasse castanhola e pegasse touro à unha. Caramba! Caracoles! Sou do samba, Não me amola. Pro Brasil eu vou fugir! Isto é conversa mole para boi dormir.”
Final de jogo um homem sentado na arquibancada chorava feito um menino, um senhor foi consolá-lo afinal o Brasil ganhou de 7 x 0 da Espanha. Ele olhou para cima esclareceu ao senhor: “Não é pelo jogo que estou chorando, é pela música, fui eu quem fiz.” Era o grande compositor Braguinha, emocionado com todo Maracanã cantando sua música, ainda hoje tocada em todos os bailes de carnaval.
“CARNAVAL ADIADO” Em 1912 o herói, Barão do Rio Branco, faleceu dias antes do carnaval, as autoridades brasileiras, além de decretarem luto oficial, acharam que não era de bom tom que o povo saísse às ruas para brincar e cantar, adiaram o carnaval para o Sábado de Aleluia. Entretanto, os foliões preferiram divertir-se duas vezes, no carnaval e na aleluia, cantando uma musiquinha que dizia assim: “Com a morte do Barão / Tivemos dois carnavá / Ai que bom, ai que gostoso / Se morresse o marechá”. O marechal era o presidente Hermes da Fonseca.
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