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Negrão começou o metrô do Rio

16/08/2016
Negrão começou o metrô do Rio

Nosso povo costuma ter memória curta. O que não significa que devemos prestigiar o esquecimento. No caso do metrô do Rio de Janeiro, hoje com quase 60km de trilhos, data de 1970 a primeira manifestação pública de interesse do governo pela matéria.

Naquele ano, secretários de Estado e outras autoridades, inclusive o então governador Negrão de Lima, foram convocados para conhecer o primeiro buraco cavado no Rio, com vistas ao metrô, no bairro da Glória, no estado da Guanabara. Responsável pela pasta de Ciência e Tecnologia, a primeira do Brasil, lá fui eu para o primeiro trem da benfeitoria, a convite do Secretário de Transportes, general Milton Gonçalves, e do diretor do metrô, engenheiro Noel de Almeida.

Como é bom poder recordar a importância histórica desses nomes! É certo que se passaram cerca de 46 anos – e ainda não temos a Linha 3, que ligará o Rio a Niterói e São Gonçalo. Faltam recursos financeiros que deverão ser bastante expressivos. Trata-se de um percurso que passará por baixo da poluída baía de Guanabara, mas dia virá em que teremos a mesma alegria de agora, quando se inaugurou festivamente a Linha 4, ligando em 16 km Ipanema ao Jardim Oceânico, na Barra da Tijuca.

Um trecho que aliviará a faina de 300 mil cariocas, antes obrigados a sofrer o sacrifício de andar de ônibus às vezes por algumas horas em percursos relativamente curtos.

É certo que o Rio teve dois grandes e consecutivos governadores, a partir de 1960. Primeiro, Carlos Lacerda, com as suas obras de duplicação do Aterro do Flamengo, o fornecimento de água e a abertura do túnel Rebouças; depois Negrão de Lima, com a duplicação da Avenida Atlântica, a abertura de diversos e fundamentais viadutos e a inauguração do planetário da Gávea, projetando num spacemaster nada menos de cinco mil estrelas. Como esquecer o que cada um deles representou para o progresso e o conforto do Rio de Janeiro?

A Linha 4, com as suas cinco estações (Nossa Senhora da Paz, Jardim de Alah, Antero de Quental, São Conrado e Jardim Oceânico), todas de visual moderno, estará à disposição do público a partir de 19 de setembro, após a Paralimpíada. Sua construção, mesmo atrasada (18 anos depois da primeira licitação), a um custo de quase 10 bilhões de reais, foi considerada um “milagre”, pelo prefeito Eduardo Paes. Nem ele mesmo considerava possível cumprir esse prazo, mas trabalhou, com a ajuda do estado e da União, para que mais esse conforto fosse oferecido aos cariocas, nos Jogos Olímpicos. Hoje, o sistema transporta 850 mil usuários diários, o que está aliviando a pressão sobre os tradicionais ônibus.

Além da linha para Niterói e São Gonçalo, existe, com uma perspectiva imediata, a Estação Gávea, que deverá funcionar a partir de 2018, se não falhar o fornecimento de recursos financeiros essenciais.

É claro que essas providências melhoram – e muito – a imagem do Rio de Janeiro, que não pode ser visto apenas pelo ângulo da violência urbana ou pela sua inequívoca sucessão de belezas naturais. O Rio é mais do que isso.