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Alemanha nega que atirador de Munique tenha ligação com Estado Islâmico

23/07/2016
Alemanha nega que atirador de Munique tenha ligação com Estado Islâmico
Ali Sonboly, de 18 anos, dizia ser vítima de bullying

Ali Sonboly, de 18 anos, dizia ser vítima de bullying

As autoridades alemãs negaram neste sábado (23) que o jovem Ali Sonboly, 18 anos, que abriu fogo contra pessoas que estavam em um shopping de Munique ontem (22) tenha alguma ligação com o grupo terrorista Estado Islâmico (EI, ex-Isis).

Em pronunciamento, o ministro alemão do Interior, Thomas de Maizière, disse que Sonboly se interessava por outros massacres ocorridos tanto na Europa como nos Estados Unidos. Por coincidência ou não, ontem completavam-se cinco anos do massacre na Noruega, quando o neonazista Anders Behring Breivik matou 77 pessoas em Oslo e Utoya em 2011.

“As investigações continuam em ritmo sigiloso e no momento ainda não temos nenhuma conclusão. Mas, sabemos que o autor estava interessado em tragédias precedentes e não há nenhum indício de ligação com o terrorismo. Há indícios que o assassino era vítima de bullying. Sabemos que ele tinha em casa materiais ligados sobre a tragédia de Winnenden e Breivik”, disse De Maizère ao fim da reunião do gabinete de crise.

Quem também confirmou o interesse do atirador por outras tragédias foi o procurador de Munique, Thomas Steinkraus-Koch.

Segundo o representante, nas buscas feitas na residência do rapaz, foram encontrados livros sobre massacres na Europa e contra estudantes, comuns nos EUA.

“É evidente a ligação [com esses ataques], entre os quais ontem um teve o quinto aniversário”, disse Steinkraus-Koch. Ele ainda informou que uma das edições encontradas se chamava “Fúria: porque os estudantes matam”.

Em um vídeo divulgado nas redes sociais, o atirador troca insultos com um dos funcionários de um dos restaurantes do shopping. Na conversa, Sonboly diz que “por sete anos foi vítima de bullying” e que estava se vingando dessas pessoas. Apesar de ter nascido na Alemanha e morar há anos em Munique, o jovem é filho de iranianos.

Segundo o tabloide alemão “Bild”, o rapaz era alvo de perseguição de turcos e árabes que moram na cidade.

– Vítimas: As nove vítimas que faleceram no shopping center de Munique eram todas jovens. Entre elas, estão três cidadãos turcos e três jovens do Kosovo (duas de 14 anos e um homem de 21). Cerca de 20 pessoas ainda estão internadas em hospitais, sendo que três estariam em estado crítico.

Quem era Ali Sonboly, o jovem atirador de Munique

Um assassino solitário, que frequentava sessões de terapia por distúrbios psiquiátricos e vítima de bullying. Esse é o perfil de Ali Sonboly, 18 anos, um jovem alemão com origem iraniana que realizou o massacre em uma loja do McDonald’s no maior shopping center da cidade de Munique.

Aparentemente, o rapaz não tinha nenhuma ligação com grupos terroristas como o Estado Islâmico (EI, ex-Isis), mas tinha uma verdadeira obsessão contra os jovens que zombavam dele na época de colégio. Além disso, é visível sua admiração por tragédias como a ocorrida em uma escola de Winnenden, próximo a Estocolmo, que deixou 15 mortos em 2009, e por assassinos como o neonazista Andres Breivik, que matou 77 pessoas em 2011 nas cidades de Oslo e Utoya, na Noruega.

Sonboly vivia com os pais na periferia de Munique, em Maxvorstadt. Segundo relatos, passava muito tempo em frente ao computador, usando games focados em tiroteios. Além disso, lia muitos livros ligados aos massacres ocorridos em massacres tanto nos Estados Unidos como na Europa.

Um rapaz que estudava com Sonboly, que pediu anonimato, afirmou que o jovem “sempre” prometia que “ia matar” aqueles que o atormentavam. “Conheço ele, se chama Ali Sonboly. Estava na minha sala. Sempre intimidávamos ele na escola e ele sempre dizia que ia nos matar”, falou o rapaz à mídia alemã.

Um vizinho da família afirmou que o autor da tragédia “era um menino muito tranquilo, nunca o vi irritado”. O homem, que também não se identificou, afirmou que a família dele “nunca criou problemas” no bairro. Sonboly tem um irmão e é filho de uma dona de casa e de um taxista. (ANSA)