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A leitura e sua importância
Ainda jovem aprendi que “a leitura te faz ir mais longe”. Embora tendo sido filho de um pai e de uma mãe que nunca frequentaram a Escola (por viverem na zona rural, cujos pais já eram falecidos), eles foram “autodidatas”, isto é, aprenderam a ler e a escrever por conta própria em casa nos momentos de descanso, depois de um ardoroso trabalho diário. Tanto meu pai quanto minha mãe falava corretamente e escrevia cartas sem qualquer erro grosseiro na escrita. Se eles tivessem conhecido seu contemporâneo o Mestre Graciliano Ramos, nos anos 30, com certeza teriam apreendido a fazer uso sistemático da “Enciclopédia” (Almanaque da Garnier, criado e impresso pelo francês Baptiste Louis Garnier), que consolidou a produção literária brasileira no início do Século 20, sendo um instrumento pedagógico que visava à formação de uma comunidade nacional de leitores, visto que a ausência de livros sempre foi apontado pelos escritores como um grande problema, já que o Brasil era um país escravista e agrícola, com uma população de 90% de analfabetos, onde poucos tinham o privilégio de saber ler e escrever e que pertenciam à classe dominante. Ou do “Dicionário Brasileiro Ilustrado” (organizado por Álvaro Magalhães e editado pela Livraria do Globo, em 1943), obras que acompanhavam o romancista palmeirense em sua rotina diária como professor, jornalista e escritor na busca da sua evolução pessoal e da sua participação na construção de uma identidade regional e nacional.
Pois bem, na nossa residência nunca deixou de existir, por iniciativa dos meus pais, a leitura do Jornal “Gazeta de Alagoas” (criada em 1936) e da revista “Seleções” (que nasceu nos EUA como “Revista Reader’s Digest” (revista para ser digeridas pelos leitores), posteriormente editada no Brasil a partir de 1942). Um periódico mensal que reunia os melhores e mais úteis artigos e reportagens já publicados, usando uma linguagem condensada, sem interferir no “conteúdo” e no “sabor” do texto, como também curiosidades, citações célebres, gramática, dicionário, vocabulários, gírias, diversões, piadas de caserna, entre outras matérias de interesse geral e atual. Afinal, era uma forma discreta dos meus pais ensinarem aos seus filhos e filhas que “ler é instrutivo e prazeroso”; que desenvolve a imaginação, a criativa e faz adquirir educação e cultura. Aliás, a leitura frequente ajuda a criar familiaridade com o mundo da escrita, facilitando a alfabetização e ajudando na fixação da grafia correta e da pronúncia impecável das palavras. O livro tem o poder de construir e de transformar mentes mais sábias. Com a leitura a criança e o adolescente aprendem pronunciar melhor as palavras e se comunica melhor como os outros.
Quem possui o hábito da leitura e tenha sido acostumado desde criança ao prazer do contato com os livros infantis e didáticos se torna muito mais preparado para os estudos, para o trabalho e para a vida pessoal. Está comprovado pela pedagogia que crianças de 0 a 5 anos, que ouve “historinhas” ou “estorinhas” e que tem oportunidade de folheando livros e revistas desenvolvem maior interesse pelo conhecimento das pessoas e das coisas.
Nesse ambiente de bom exemplo e de incentivo, tanto eu quanto meus irmãos e irmãs buscamos sempre o ensinamento e a paixão pela leitura de bons livros. Na minha adolescência, estimulado por meus pais e pelos irmãos mais velhos, adquiri com meus próprios recursos (é claro com o dinheiro ganho de meus pais e padrinhos) algumas obras (inclusive clássicos da literatura nacional e mundial) como “O Pequeno Príncipe”, livro do francês Antoine de Saint-Exupéry (1968) e a história de “Fernão Capelo Gaivota”, romance de Richard Bach (1970).
E até os dias de hoje, continuo sendo um “rato” nas bibliotecas e nas livrarias na busca de encontrar “novas” obras, sobre as quais tenho informações mais ainda não tive a oportunidade de saborear sua leitura. Nestes momentos, lembro-me da minha mãe, na altura dos seus 80 anos de idade, quando ela se sentava numa poltrona em nosso escritório e me pedia um livro para ler. Instantes depois eu a via dormindo na cadeira com o exemplar na mão. Horas mais tarde, em conversa com ela, eu lhe indagava: “Mãe, eu lhe dei um livro para ler e a Senhora leu por algum tempo e depois dormiu”. Ela, instivamente, respondia: “É aí que você se engana! Eu não dormia, apenas sonhava com a minha imaginação sobre os fatos que havia lido e sentia saudade das lembranças e das experiências vividas”. Hoje, aqui e agora, tenho saudade de tudo àquilo que ficou no passado, da minha convivência com meus pais e meus irmãos, com os bons livros que li e com o doce prazer da leitura. Pensemos nisso! Por hoje é só.
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