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90 anos depois
Exatamente esta semana, 06 de junho está fazendo 90 anos que, Lampião e seu bando entraram na então vila de Olho d’Água das Flores, no ano de 1926. Era inverno chuvoso, e naquela quarta-feira fatídica, o famigerado bandoleiro juntamente com uma dúzia de cangaceiros chegaram a pacata vila sertaneja, a mando do Coronel Ângelo da Jia da região do Pajeú, no estado de Pernambuco. Face as perversidades perpetradas por Lampião, as famílias olhodaguenses eram temerosas de sua presença, todos ficaram apreensivos, muitos abandonaram suas casas, outros, contudo, não puderam fazê-lo, e o jeito foi encarar a situação. No centro comercial do povoado, existia uma casa de primeiro andar, antigo sobrado, onde funcionava uma bem sortida mercearia pertencente ao cidadão Juca Feitosa, delegado no povoado, mas que no momento estava em Pão de Açúcar. Os bandoleiros jogaram querosene nas prateleiras e mercadorias, pois havia no estabelecimento comercial cerca de sessenta latas de querosene, e de imediato atearam fogo em tudo, e enquanto as labaredas atingiam vários metros de altura, eis que, chegou ao povoado o revendedor de produtos aos comerciantes locais, conduzindo um veículo de marca Ford, que desavisado, “o chacheiro viajante” como era conhecido, chamado Meira caiu nas mãos dos bandidos, que imediatamente cercaram o carro, e se dispuseram a queimá-lo com o cidadão dentro. O pobre homem que pedia por tudo que lhe poupasse a vida, mesmo que queimassem o veiculo a, esta altura os cabras já esparramavam querosene sobre o veiculo, aumentando ainda mais a aflição do pobre homem. Os cangaceiros que saqueavam as casas e espalhavam medo as pessoas, chegaram todos juntamente com Lampião e cercaram o carro indiferentes aos rogos do viajante. Chegou também ao local o cidadão Francisco Anastácio Silva, e diante da cena dantesca, Francisquinho convidou Lampião e seu grupo para almoçarem em seu hotel, o bandoleiro estremeceu nas bases, mas aquiesceu o convite, meio cioso se disse que iria. Diante do fato, Francisquinho Anastácio pediu a Lampião para soltar o viajante, no que ele atendeu, porém queimou o veículo, exatamente onde hoje se situa o bar Pinguim da cidade. No hotel, Lampião e seu grupo beberam e ainda dançaram, não ofenderam a ninguém, somente provocaram danos materiais. À tarde, forma ao povoado Pedrão que dista 06 km. da sede, passando pelo sítio Gameleiro onde praticaram alguns danos, e no Pedrão pegaram os cidadãos Izaú Ferreira Gomes e Calixto Anastácio Silva, irmão de Francisquinho, tanto Izaú quando Calisto eram pessoas abastadas na região, sendo o último proprietário de uma bulandeira,(fábrica de descaroçar algodão), e proprietário de um veículo que foi queimado pelos bandidos, enquanto os presos foram fustigados com punhais , para darem ouro e dinheiro, porém não deram nada, se dizendo não possuírem. E já à tardinha, o bando rumou para o povoado de Capim, atual Olivença. Hoje, quando o tempo assina-la 90 anos desses fatos, quase ninguém que presenciou o ocorrido não mais existe. Toda essa historia hilária me foi contada tanto por Francisquinho, como protagonista do fato quanto o escritor Bezerra e Silva, biógrafo de Lampião, que entrevistou o caixeiro Meira em Palmeira dos Índios, onde os mesmo residiam, anos mais tarde, Bezerra e Silva escreveu toda odisseia em seu livro Lampião e suas façanhas. Toda historia escrevi com detalhes no meu livro Olho d’Água das Flores e sua historia, a ser lançado brevemente, regatando assim um capitulo da historia olhodaguense.
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