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Dedicação e doação de um sacerdote

10/06/2016
Dedicação e doação de um sacerdote

À margem esquerda do rio São Francisco está a cidade de Porto Real do Colégio. Dista de Penedo 38 quilômetros e está em frente a Propriá (Sergipe). De acordo com a estimativa populacional do ano 2011, o mencionado município tem 19.409 habitantes aproximadamente.

Em passado remoto houve no mencionado local a presença de padres jesuítas com a finalidade de trazer aos nativos a doutrina católica e apaziguá-los.

O local teve a oportunidade de receber a visita de Dom Pedro II. Por que o nome de Colégio? Há duas afirmações divergentes. Os jesuítas que se estabeleceram na região, pensaram em reunir os gentios em um estabelecimento central. Nesse caso, nada melhor do que um colégio.

Já o historiador penedense Ernani Méro lembra o Dr. Abelardo Duarte que diz categoricamente: “Não houve, em Alagoas, um colégio de jesuítas, houve a grande residência de Urubumirim, ou seja, O Praedimum Urubuminense”. O toponônimo Porto Real do Colégio não quer dizer que houvesse colégio, mas simplesmente recorda a obra alfabetizadora e catequética dos padres”.

Também há mais de uma afirmação sobre o nome Porto Real. Como, porém, não existe intenção de fazer um trabalho sobre o nome do Porto Real do Colégio, passo agora a lembrar um fato bastante expressivo no aludido município.

Residia lá, em Porto Real do Colégio, o Padre Otacílio Santos. Quando viajava para alguma capela, à margem do rio São Francisco, ia de canoa. Quando era para o interior, era no lombo de cavalo. Ocorre que, já sem condições de viajar a cavalo, não tanto pela idade, mas por motivo de doença, o padre não quis suprimir suas viagens.

Começou a andar em carroça. Certa feita, Ernani Méro quis experimentar uma das viagens. Acertou com o padre vigário o dia e a hora. Às 6 horas da manhã começa a viagem. Observe-se que, conforme o preceito daquele tempo, o padre não tinha o direito de tomar qualquer alimento, nem água. Jejum absoluto.

Na viagem, ia o reverendo recitando e rezando o breviário que hoje tem o nome de liturgia das horas. Ainda mais: rezou o terço da Virgem Maria. Chegam ao povoado depois das 10 horas. A criançada se alvoroça e grita alegremente: Lá vem o vigário! Batia palmas e corria atrás da carroça.

Chega o sacerdote, entra na igrejinha, faz algumas orações e vai para o confessionário. Celebra a missa. A homilia é sobre o Bom Pastor. O pastor que é diferente do vaqueiro. Na verdade, o vaqueiro vai atrás e tange o gado. O pastor vai à frente das ovelhas. Quando o pastor faz uma pausa na caminhada, as ovelhas também o fazem. O reverendo lembrou que O Bom Pastor dá a vida pelas suas ovelhas. Terminada a celebração da missa, havia um casamento. Pacientemente, dá uma palavra de orientação aos nubentes e pede que Deus os acompanhe por toda a vida.

Somente depois de tudo isso é que o padre Otacílio vai à residência dos recém-casados, quando pôde se alimentar. Alegre e feliz volta para a casa paroquial, na mesma carroça, cantando hinos religiosos.