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Novo reforço do Fla já viu mãe pedir emprego para ele a técnico que o fez zagueiro artilheiro

08/06/2016
Novo reforço do Fla já viu mãe pedir emprego para ele a técnico que o fez zagueiro artilheiro
(Foto: Gazeta Press)

(Foto: Gazeta Press)

Rafael Vaz, ex-jogador do Vasco e apresentado como novo zagueiro do Flamengo nesta quarta-feira, viu a carreira mudar de figura após uma conversa com o treinador Jorginho Cantinflas há cerca de oito anos. Naquela época, ambos estavam no Palmeiras B e o jogador ainda dava os primeiros passos como profissional. Ele não atuava como zagueiro, posição pela qual chama a atenção hoje. Era segundo volante.

Foi Jorginho quem orientou Rafael Vaz a mudar de posição. Após chegar ao Vasco, o zagueiro relembrou uma conversa que teve com o treinador sobre isso. “O professor Jorginho sempre falava para mim: você pode ser um volante igual a muitos outros ou pode ser um zagueiro com um baita diferencial”, disse, em julho de 2013.

“Eu não lembro de ter uma conversa muito séria com ele sobre isso. Na época, eu era coordenador [no Palmeiras B] e passei a ser treinador dele no meu último ano. Eu tinha o hábito de conversar com alguns atletas [e dizia] que eles tinham de mudar de posição mesmo”, confirmou Jorginho em entrevista exclusiva à ESPN.

O treinador, que atualmente está sem clube, disse à reportagem que a sugestão que deu para Rafael Vaz foi após observar o estilo do jogador em campo.

“Ele era um volante que não tinha tanta agilidade para jogar no meio de campo, mas tinha bom passe, boa visão do jogo e chute muito forte. Além de um bola área boa. Ele tem um tempo de bola muito bom. Então, disse: ‘Olha, cara, é melhor você dar dois passos para trás, que eu acho que você tem mais chance de conseguir ir mais longe do que você simplesmente jogar como volante'”, relembrou o treinador.

A mudança ocorreu ainda no Palmeiras B, mas o zagueiro não se destacou imediatamente. Teve de se adpatar à nova posição. Jorginho recordou certa insegurança no defensor.

“No começo, todos os atletas têm dúvida. Até porque viveram a vida inteira jogando de uma forma. Se você tirar ele de uma posição e colocar em outra, ele vai te falar: ‘Nunca joguei aqui. Como vou fazer?’. Leva um tempo para ele entender que aquilo é melhor para ele. Leva um tempo para eles fazerem partidas boas”, disse.

“Os jogadores vão estourar com 24, 25 anos. Os clubes não têm paciência para esperar. A torcida não tem paciência. Com todo respeito, vocês [jornalistas] não têm paciência. Então, muitas vezes o atleta sai do clube muito cedo, dá uma volta muito grande para se dar bem lá na frente. É o caso do Rafael”, completou o treinador.

PEDIDO DE AJUDA

Jorginho recordou de um momento curioso envolvendo ele, Rafael Vaz e a mãe do jogador. Apesar de não ter guardado o ano exato em que ocorreu, a história é curiosa.

“É, uma vez a mãe dele me ligou pergutando se eu poderia ajudar o Rafael, mas eu estava na mesma situação que me encontro hoje: sem clube. Então, não tinha como ajudá-lo. O que eu disse a ela é que se alguém me ligasse perguntado e procurando algum jogador com as características dele eu indicaria com prazer. E que a única coisa que eu não sei fazer é ligar para alguém pedindo alguma coisa”, relembrou Jorginho.

“Graças a Deus não teve a necessidade [de ajudar o defensor a arrumar um clube]. Com as próprias pernas ele está indo bem, feliz e eu também estou feliz por eles”, disse.

ZAGUEIRO ARTILHEIRO

Rafael Vaz tem se destacado nesta temporada por ser um zagueiro habilidoso, que consegue desarmar o adversário e sair jogando com tranquilidade. Mas ele tem outra característica. Gosta de atacar. É comum vê-lo na área adversária aproveitando um lance de escanteio ou cobrando faltas perigosas ao gol.

Jorginho disse para a reportagem que essas características já existiam em Rafael Vaz desde os tempos de volante no Palmeiras B. Isso foi aperfeiçoado com o tempo.

“Rafael sempre teve facilidade de ir ao gol. Quando tinha algumas faltas, a gente rezava para que ele pudesse acertar. Ele batia muito bem. Ou quando ele subia para cabecear… Ele tinha um bom cabeceio, um tempo bom de bola. Ele agride a bola, coisa que poucos fazem. O que é mais importante em um atleta que faz gol de cabeça é ele agredir a bola. Ele vai de encontro com a bola. O Rafael tem muito disso”, disse Jorginho.

Desde que chegou ao Vasco, em 2013, Rafael Vaz fez dez gols, número significativo para um defensor. Neste ano, ele fez quatro, sendo que o mais marcante foi na final do Estadual do Rio, que deu o título carioca ao clube cruzmaltino.