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Juca Sampaio, o Velho Cacique

08/06/2016
Juca Sampaio, o Velho Cacique

MANOEL SAMPAIO LUZ, que ficou conhecido como JUCA SAMPAIO, não nasceu índio xucuru nem kariri. Obteve este nome de “Velho Cacique” porque adquiriu partes das terras desses índios, no lugar conhecido como “Lagoa dos Caboclos” (denominação antiga dos remanescentes dos índios palmeirenses), onde construiu sua morada residencial, em frente ao atual Colégio Estadual “Humberto Mendes”. Ele nasceu em Olho D’água do Acióli (atual cidade de Igaci), mas iniciou suas atividades comerciais na Terra dos Xucurús com a instalação de um armazém no centro da cidade, onde comercializava mercadorias como couro e algodão. Era filho biológico do Coronel Lauro de Almeida Lima (que foi Prefeito Municipal de Palmeira dos Índios e fora assassinado a tiros em 1924, quando Juca Sampaio era Presidente da Câmara de Vereadores). Quanto ao assassinato do Prefeito Lauro de Almeida, sabe-se que ele foi vítima de um Fiscal de Tributos, João Ferreira de Gusmão e Melo, após desentender-se com este sobre questões políticas. Também é do conhecimento popular que seu assassino foi fuzilado em seguida pelo Delegado de Polícia da cidade.

Com a morte do Prefeito Municipal, o Presidente da Câmara, Manoel Sampaio Luz (Juca Sampaio), assumiu o posto de Chefe do Poder Executivo Municipal durante o ano de 1925. De acordo com historiadores palmeirenses, “o banho de sangue traumatizou a população da cidade”. E para sair desse período atribulado, os irmãos Francisco e Otávio Cavalcanti, que dominavam a política do município, lançaram a candidatura do professor Graciliano Ramos de Oliveira (um respeitado comerciante que beirava os 35 anos de idade, com fama de honesto, culto, austero e, principalmente, amigo dos caciques políticos). Como Vice-Prefeito foi mantido o nome de Manoel Sampaio Luz (Juca Sampaio). A eleição ocorreu com as velhas práticas políticas. Por esta razão, no alto da sua sabedoria e honestidade, Graciliano Ramos confidenciava aos amigos mais íntimos: “Assassinaram meu antecessor. Escolheram-me por acaso. Fui eleito naquele velho sistema de atas falsas e defuntos votando”.

Mas, a administração pública de Graciliano Ramos e de Juca Sampaio inovou e revolucionou. Ao assumir, em janeiro de 1928, o novo Prefeito de Palmeira dos Índios cortou gastos, elaborou planos e projetos, criou Código de Postura Pública, abriu estradas, construiu escolas, cuidou da limpeza pública e vetou apadrinhamentos políticos na Prefeitura Municipal.

Porém, Graciliano Ramos não chegou a cumprir sua gestão administrativa como Prefeito. Cansado das pressões políticas dos seus aliados e dos seus adversários na Administração Pública Municipal e com dificuldades financeiras decorrentes, agravadas pela Crise de 1929 (grande crise econômica nos EUA que persistiu até a Segunda Guerra Mundial, popularmente conhecida como A Grande Depressão), que afetou o Brasil e os negócios da família, o Mestre Graça renunciou ao Cargo de Prefeito, após dois anos de Mandato, e entregou a Prefeitura Municipal ao vice-prefeito, Manoel Sampaio Luz (Juca Sampaio), que cumpriu o terço restante do mandato eletivo.

Manoel Sampaio Luz (Juca Sampaio), casado com Dona Heloísa Costa Sampaio, teve oito (8) filhos, sendo três (3) homens, José, Geraldo e Gileno Costa Sampaio. O Velho Cacique Juca Sampaio projetou para cada filho homem uma vida independente: o suplente de Senador José Sampaio deveria seguir na Vida Pública como seu herdeiro político; Geraldo Sampaio deveria ser empresário de uma indústria de couros na cidade, e a Gileno Costa Sampaio, seu genitor lhe ofertou os equipamentos de uma Emissora de Radiodifusão (Rádio Cacique) que ele adquiriu por compra a Amarílio Sabino, um pernambucano de Caruaru que havia se instalado na Terra dos Xucurús, mas que faliu em seu empreendimento, no início dos anos 60. A inauguração da Rádio Educadora Sampaio (ex-Rádio Cacique) aconteceu em 31 de Dezembro de 1964. Juca Sampaio foi Vereador, Prefeito Eleito de Palmeira dos Índios em 1950, Deputado Estadual, Vice-Governador do Estado de Alagoas na gestão pública do usineiro Antônio Simeão de Lamenha Filho (ARENA), por eleição indireta da Assembléia Legislativa em 15 de agosto de 1966. Na roda de amigos íntimos, como Otávio Barbosa, Rosalvo Damião, Luiz B. Torres e Jota Duarte, o Velho Cacique costumava afirmar: “Só tenho duas coisas: a vida e a palavra. Enquanto não tirarem à primeira, não acabarão com a segunda”… Pensemos nisso! Por hoje é só.