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Sessenta anos sem Calheiros

07/04/2016
Sessenta anos sem Calheiros

Alagoas tem sido celeiro de belas vozes que cantam e tem encantado o Brasil. Registra-se, entretanto, que, voz bonita é privilégio de poucos, visto já se nascer com ela, à escola não ensina, da o compasso aperfeiçoa a melodia, melhora a letra, formando o individuo em música, porém, a voz bonita é segredo da natureza o sujeito já nasce com ela. Esse privilégio de voz bonita teve, pois, Augusto Calheiros alagoano da gema, nascido aos 05 de junho de 1891, há exatamente 125 anos em Maceió, e veio a falecer em 11 de janeiro de 1956, no Rio de Janeiro há 60 anos. De inicio Calheiros teve uma vida abastada, porém posteriormente passou muitas dificuldades, mudou-se para Garanhões onde trabalhou como dono de bar, sapateiro, subdelegado, mas paralelo a tudo isto não deixava o seu lado artístico como excelente cantor dentro de um desempenho musical inconfundível, Augusto Calheiros descendia de índios, contudo isto jamais lhe ofuscou sua brilhante carreira artística, já residindo no Recife em 1923, onde passou a cantar na segunda rádio transmissora do Brasil, Rádio Clube de Pernambuco. Em 1926, Calheiros integrou o conjunto vocalista Turunas da Mauricéia alusão ao governo de Maurício de Nassau, por sugestão do historiador Maria Melo, em 1927, Luperce Miranda onde toda família era musicista, convidou então Augusto Calheiros para integrar ao grupo Turunas da Mauricéia que despontava com absoluto sucesso, usavam roupas sertanejas com chapéus de abas largas dando um aspecto bem regional.

Os Turunas da Mauricéia eram Guajarana, Bronzeado, Riachão, Periquito e Patativa do Norte (Augusto Calheiros), já no Rio de Janeiro esse conjunto despontava cantando Coco, Emboladas, cujos ritmos eram desconhecidos pelos cariocas que aplaudiam os seus shows. Na época se cantar nas rádios era orgulho e dava destaque, visto não haver ainda a televisão, daí, pois, todos os artistas queriam cantar nas rádios. Possuindo uma voz como poucos, o alagoano Augusto Calheiros atraia multidões com a Embolada “Pinião” foi sucesso no carnaval de 1928, no auge de sua carreira já solo, dono de seu próprio estilo cantou com ícones da época como Derci Gonçalves, Arthur Costa, Jararaca e Ratinho, além de outros famosos sempre arrancando aplausos do público. Em 1933 Calheiros gravou Alma de Tupi e Céu do meu Brasil. Posteriormente gravou a valsa inesquecível do inimitável freire Junior, e depois Ave Maria do imortal Erotildes de Campos umas joias musicais que se imortalizam até hoje.

A Patativa do Norte das Alagoas que tanto orgulha nosso estado no cenário musical, está em 2016 completando 60 anos que perdeu sua mais bela voz, mesmo com os percalços da época gravou 80 discos e 78rpm perfazendo 154 músicas. Augusto Calheiros constituiu-se umas das mais belas vozes de seu tempo, com sua voz anasalada, soube imprimir seu estilo arrebanhando multidões, quem não deixou cair uma lágrima furtiva e pálida ouvindo Célia? Com uma letra magistral, até hoje 60 anos após sua morte suas músicas continuam sendo tocadas e ouvidas por uma legião de pessoas que o admiram, como descendente Calheiro deixou apenas uma filha. A Patativa do Norte nunca será esquecida por sua bela voz e interpretações, orgulho das Alagoas.