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Cerimônia reúne nove mulheres para receber a comenda Nise da Silveira

01/04/2016
Cerimônia reúne nove mulheres para receber a comenda Nise da Silveira
Noite de festa para homenagear a garra da mulher alagoana (Fotos: Adailson Calheiros)

Noite de festa para homenagear a garra da mulher alagoana (Fotos: Adailson Calheiros)

O Governo de Alagoas, por meio da Comenda Nise da Silveira, reverenciou dez mulheres na noite desta quinta-feira (31) no Centro Cultural & De Exposições Ruth Cardoso. Escolhidas através de uma seleção do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher (Cedim), elas foram homenageadas pelo governador Renan Filho como forma de reconhecimento na luta pela cidadania, em suas respectivas áreas de atuação, em Alagoas e no Brasil.

Para o secretário-chefe do Gabinete Civil, Fábio Farias, a Comenda exprime a gratidão de Alagoas pelos feitos que cada uma das mulheres fez ao longo da vida e simbolizam a perseverança, a generosidade, a inteligência, o talento e a força de trabalho da mulher.

“A todas que honram a nossa terra e o gênero feminino com sua história de vida e de trabalho: sintam orgulho por serem conterrâneas de Nise da Silveira, por nascimento ou por opção, e recebam a gratidão de Alagoas por serem mulheres valiosas”, afirmou o secretário do Gabinete Civil.

O trailer do documentário “Olhar de Nise”, do jornalista e diretor alagoano Jorge Oliveira e seu filho Pedro Zoca, sobre a psiquiatra alagoana, foi exibido durante a cerimônia.

A comenda é entregue impreterivelmente no mês de março, numa referência ao Dia Internacional da Mulher e remete à Nise da Silveira, psiquiatra alagoana, uma das primeiras mulheres a se formar em medicina, em 1926. É fundadora do Museu de Imagens do Inconsciente (1952), no Rio de Janeiro, no qual trabalhos artísticos de pintura e modelagem, produzidos por pacientes esquizofrênicos, são armazenados e estudados. Além disso, também fundou a Casa das Palmeiras (1956), ambiente que nasceu com o intuito de dar um tratamento diferenciado aos egressos de hospitais psiquiátricos.

Homenageadas

As agraciadas deste ano foram Edilma Melo Acioli Bomfim, Edna Rosangela Soares Nobre, Irinéia Rosa Nunes da Silva, Luzia Bezerra Suruagy, Marilda Lopes Cansanção, Marildes de Almeida Borges, Raquel Barros, Rosimeire Rodrigues Cavalcanti e Vânia Maria de Oliveira Santos e Clara Charf que não compareceu à solenidade.

Marilda Lopes Cansanção

Depois de se formar na Escola de Belas Artes da Universidade de Recife, ela voltou para Alagoas e iniciou uma extensa série de trabalhos sociais, ao lado do marido, o industrial Humberto Rubens Cansanção, na Usina Alegria, em Murici. Construiu creches e escolas para as famílias dos trabalhadores. Como diretora social da Asplana, criou em 1979 a Fundação de Ação Feminina da entidade, e ao lado de outras 150 voluntárias, promoveu a perfuração de poços em áreas carentes de água, além de serviços assistenciais, médicos e odontológicos, com o destaque para a prevenção do câncer em mulheres. Foi Secretária de Estado do Trabalho e Ação Social na década de 1980, e na década seguinte passou a integrar o Conselho Estadual de Assistência Social, onde permaneceu por 20 anos, inclusive como presidente e vice-presidente.

Edilma Acioli de Melo Bomfim

Docente do Ensino Fundamental e Médio e depois na Universidade Federal de Alagoas, lecionando Literatura Brasileira e Alagoana no Curso de Graduação e Pós-Graduação em Letras. Por seus firmes compromissos com a educação, com a Literatura e com a sociedade alagoana, recebeu o título de Cidadã Honorária de Maceió, conferido pela Câmara Municipal de Maceió.

Luzia Bezerra Suruagy

Professora, viúva do Governador Divaldo Suruagy, é mais uma das nossas homenageadas de 2016. Discreta e de personalidade simples, foi três vezes primeira-dama do Estado, a primeira vez aos 34 anos, e sempre foi reconhecida pela intensa dedicação a obras sociais no Estado, inclusive como presidenta do Soprobem por dois mandatos. Atualmente ajuda, com a mesma boa-vontade e entusiasmo, os trabalhos da Rede Feminina de Combate ao Câncer. É mãe de quatro filhas e avó de sete netos.

Raquel Barros 

A psicóloga recebeu a Comenda por seu trabalho à frente da Associação Lua Nova, que ela criou em Sorocaba, São Paulo. A ONG foi criada para dar moradia temporária a jovens mães solteiras. Muitas das mulheres que chegam lá são ex-usuárias de drogas, vítimas de abuso sexual e eram exploradas na prostituição. A associação proporciona um novo projeto de vida para essas mulheres. O trabalho da Associação Lua Nova recebeu um importante reconhecimento com a concessão do prêmio da Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e do Adolescente.

Irinéia Rosa Nunes da Silva

Com 35 anos trabalhando a arte em cerâmica, Dona Irinéia é considerada uma das maiores mestras-artesãs de Alagoas. Tem 68 anos de idade e é mãe de onze filhos. Em 2005, foi reconhecida como patrimônio vivo de Alagoas e a partir daí a sua arte começou a correr o país e depois o mundo. Está presente no Recife, Rio de Janeiro, em São Paulo e mais recentemente em Milão, na Itália. Dona Irinéia usa apenas barro e lenha para queimar a matéria-prima, e deixa o talento falar mais alto na hora de elaborar as peças. E o barro ganha vida, no ateliê onde trabalha com o marido, os filhos e uma cunhada.

Vânia Maria de Oliveira Santos

Mais uma veterana artista popular está na galeria das agraciadas de 2016 com a Comenda. Trabalha com artesanato de tradição, cultura popular e reciclados. Tem papel de liderança, lutando pela autonomia dos artesãos, incentivando o desenvolvimento cultural, social e econômico nas comunidades. Como mestra de artesanato, Vânia Oliveira busca valorizar, difundir o valor da arte popular alagoana e contribuir para disseminar o conhecimento das técnicas e habilidades tradicionais dos nossos artesãos.

Marildes de Almeida Borges

Trabalhadora rural, e atualmente atua no Conselho Municipal de Saúde do município de Igreja Nova é membro da Comissão Municipal de Controle Social das Políticas Públicas. Formou um grupo de mulheres em sua comunidade para discutir e lutar pelos direitos de todas as trabalhadoras rurais, inclusive o combate à violência contra a mulher.

Edna Rosângela Soares Nobre

Militante dos movimentos sociais e exerce importante liderança entre as trabalhadoras e as mulheres em geral em Alagoas. É filiada ao Partido dos Trabalhadores , integrante do Movimento de Mulheres e da coordenação da Marcha Mundial das Mulheres. Participa também do Conselho Estadual de Mulheres de Alagoas.

Rosimeire Rodrigues Cavalcanti

A médica psiquiatra, com mestrado em Neuropsiquiatria e Ciências do Comportamento, ocupou, de 1986 até 2008, os cargos de diretora Clínica, gerente Docente Assistencial, diretora geral e gerente geral do Hospital Portugal Ramalho. Foi professora de Psicopatologia e Psiquiatria do Cesmac, de 1978 a 2003. Merece a Comenda Nise da Silveira pelo seu empenho em transformar um Hospital que antigamente era asilo, em um Instituto de Assistência Psiquiátrica, e pela sua atuação na desospitalização dos pacientes residentes do Portugal Ramalho, com a criação da Casa das Sete Mulheres, em Fernão Velho, e da Casa dos Homens, em Rio Largo. Recebeu a Comenda “Mulheres que fazem a história cultural das Alagoas”, e atualmente é professora concursada de Psiquiatria na Uncisal e secretária-executiva das ações de saúde do Estado.

Clara Charf

Brasileira com noventa anos de vida, a maior parte vivida no lado mais sofrido da História do país. Clara Charf é militante política desde 1945. Viúva do legendário líder político e guerrilheiro Carlos Marighella, assassinado pela repressão da ditadura militar em 1969, em São Paulo. Clara teve que viver na clandestinidade durante 20 anos.