Política

Construção da Arena Corinthians foi paga com ‘estrutura para pagamento de propinas’ da Odebrecht

22/03/2016
Construção da Arena Corinthians foi paga com ‘estrutura para pagamento de propinas’ da Odebrecht
Agentes da Polícia Federal entram na sede da construtora Odebrecht para cumprir mandados de busca e apreensão  (Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)

Agentes da Polícia Federal entram na sede da construtora Odebrecht para cumprir mandados de busca e apreensão (Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)

A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (22), a Operação Xepa, 26ª fase da Lava Jato, em São Paulo, em Brasília, no Rio de Janeiro e na Bahia. Os policiais cumprem 15 mandados de prisão, 28 de condução coercitiva e 67 de busca e apreensão tendo como alvo principal a empreiteira Odebrecht, suspeita de realizar pagamento de vantagens indevidas a pessoas com vínculos com o poder público em todas as esferas, informou a PF em nota.

Segundo a PF, “há indícios concretos” de que a Odebrecht utilizou operadores financeiros ligados ao mercado paralelo de câmbio para fazer os pagamentos ilegais.

As investigações envolvem cerca de 380 policiais federais que cumprem 110 ordens judiciais nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Bahia, Piauí, Distrito Federal, Minas Gerais e Pernambuco.

Em Brasília, a PF está no hotel Golden Tulip, onde moram vários políticos. O local fica próximo ao Palácio da Alvorada.

Segundo o Ministério Público Federal, os “pagamentos ilícitos” teriam ocorrido até pelo menos o segundo semestre de 2015. São investigados, de acordo com a Procuradoria, possíveis crimes de organização criminosa, corrupção e lavagem de ativos oriundos de desvios da Petrobras, cometidos por empresários, profissionais e lavadores de dinheiro ligados ao Grupo Odebrecht.”

Além disso, para viabilizar a comunicação secreta entre executivos, funcionários da Odebrecht e doleiros responsáveis por movimentar os recursos espúrios, utilizava-se outro programa, em que todos se comunicavam por meio de codinomes. A partir da análise de e-mails e planilhas apreendidas, apurou-se que pelo menos 14 executivos de outros setores do Grupo Odebrecht, que demandavam “pagamentos paralelos”, encaminhavam aos funcionários as diversas solicitações de pagamentos ilícitos, de forma que a contabilidade paralela e a entrega dos valores espúrios ficassem centralizados nesta estrutura específica”, afirmou a força-tarefa.Os investigadores sustentam que o material abre uma nova linha de apuração de pagamento de propinas em função de variadas obras públicas

Segundo a PF, o material apreendido na 23ª fase permitiu ver claramente “um esquema de contabilidade paralela no âmbuto do Grupo Odebrecht destinado ao pagamento de vantagens indevidas a terceiros, vários deles com vínculos diretos ou indiretos com o poder público em todas as esferas”.

“O material indicou a realização de entregas de recursos em espécie a terceiros indicados por altos executivos do Grupo Odebrecht nas mais variadas áreas de atuação do conglomerado empresarial. Há indícios concretos de que o Grupo Odebrecht se utilizou de operadores financeiros ligados ao mercado paralelo de câmbio para a disponibilização de tais recursos”.

Os investigados podem responder por crimes de evasão de divisas, organização criminosa, corrupção e lavagem de ativos. Os que foram conduzidos coercitivamente serão ouvidos em suas cidades. Os presos serão levados para Curitiba.

Esta etapa é um desdobramento da Acarajé, a 23ª etapa, que atingiu o publicitário João Santana, ex-marqueteiro das campanhas eleitorais da presidente Dilma e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e a mulher e sócia Monia Moura.

João Santana e Monica Moura estão presos preventivamente em Curitiba, base da Lava Jato.

Os mandados estão sendo cumpridos um dia depois da Operação Polimento, 25ª etapa da Lava Jato, deflagrada em Portugal. A fase internacional pegou o empresário Raul Schmidt Felipe Junior, que estava foragido desde julho de 2015.