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Artesã Vânia Oliveira apresenta AL por entre as cores do tradicional chapéu de guerreiro


Autodidata, Vânia reconheceu sozinha sua vocação e o amor pela arte e conquistou o título de Mestra Artesã e Patrimônio Vivo de Alagoas com o seu chapéu de guerreiro (Foto: André Palmeira)
O brilho das lantejoulas e tecidos, unidos aos detalhes em espelhos, que aplicados com suavidade e delicadeza, ganham formas de igrejas e catedrais. Por último, o colorido das fitas. Ricas na diversidade de tons, giram, dançam e encantam os olhos de quem assiste, acompanhando os movimentos de quem os sustenta.
Para quem conhece as referências culturais de Alagoas, a definição acima entrega que estamos falando do tradicional chapéu de guerreiro, um dos mais importantes e conhecidos folguedos e que é símbolo da cultural local. É essa a principal inspiração utilizada por Vânia Oliveira, de 59 anos, reconhecida como Mestre Artesã e Patrimônio Vivo do Estado por reproduzir em suas peças o adereço.
“Eu gosto de valorizar a cultura popular daqui. A gente sabe que é importante mostrar aos mais novos a necessidade de aderir a esse movimento e de conhecer o que possui a cara de Alagoas. Através do artesanato, a gente consegue mostrar a riqueza que nós temos em produção”, afirma Vânia Oliveira.
Fora dos livros
Ao definir os folguedos, dentre eles o guerreiro que inspira Dona Vânia, Théo Brandão, o primeiro a conceituar as manifestações folclóricas, classificou como “tudo aquilo que o homem de qualquer nível social aprendeu fora dos livros, da escola e dos diversos meios de difusão cultural”. A explicação estabelece diálogo com a maneira como a artesã desenvolveu seu ofício.
Autodidata, Vânia reconheceu sozinha sua vocação e o amor pela arte. Segundo ela, tudo começou há 32 anos, quando tentava criar as lembranças de aniversário de sua filha. Entre um produto, o aperfeiçoamento e desejo de reproduzir a cultura local de alguma forma, a artesã tornou a confecção de peças cada vez mais elaborada, transformando-se em um dos principais nomes do artesanato alagoano.
Como prova disso, são várias as conquistas. A última delas será exibida em rede nacional ainda este mês com a novela Velho Chico, nova trama da Rede Globo que discorre sobre aspectos da vida nordestina e ribeirinha. Na fase de gravações, realizadas no município de Piranhas, a produção do programa escolheu Dona Vânia para produzir o chapéu do guerreiro que deverá ser usado por um dos personagens.
Transmitindo saberes
Apesar de não ter sido instruída e considerar o dom para o artesanato algo natural, a profissional sabe da importância de repassar seus conhecimentos. Para amigos, alunos, familiares, vizinhos e a quem mais interessar, Dona Vânia está sempre disposta a mostrar, passo a passo, o que aprendeu com a vida.
“Eu gosto de repassar tudo que faço para minha arte não morrer. No dia que eu for embora, pelo menos ficam algumas sementes. E hoje eu sei que tenho sementes germinadas por aí a fora. Já passou muita, muita gente pela minha mão, que hoje já está no mercado de trabalho. Somos colegas de profissão e isso me orgulha muito”.
O reconhecimento das pessoas, aliado à tarefa de transmitir os saberes, levou Vânia Oliveira a conquistar o título de Mestra Artesã e Patrimônio Vivo de Alagoas pela Secretaria de Cultura (Secult). A artesã foi escolhida pela representatividade e pela preservação da cultura alagoana por meio do trabalho artesanal.
Indo além dessas terras, a artesã tem, ainda, o reconhecimento nacional. De acordo com ela, a participação em feiras e eventos em todo o Brasil traz resultados positivos para o artesanato de Alagoas, além de funcionar como um espaço para contatos e divulgação na comercialização dos produtos.
Por amor à arte
Se os últimos anos têm resultado em tantas conquistas para Dona Vânia, o caminho até elas não foi fácil. Falta de dinheiro para produzir as peças e pouco espaço de comercialização foram algumas das dificuldades encontradas pela artesã em sua trajetória.
Para o bem da produção artesanal de Alagoas, nenhum dos empecilhos desanima a artesã, que segue confiante, acreditando no papel transformador da arte.
“A gente tem um leque muito grande. O artesanato está inserido em vários segmentos sociais. A educação pode atuar em conjunto com o artesanato. Através disso, a gente pode conquistar muitos objetivos”, disse.
Semana do Artesão
Para valorizar, fomentar e reconhecer esse trabalho, o Governo de Alagoas vai realizar, de 17 a 22 de março, no Memorial à República, uma semana de atividades alusivas ao Dia do Artesão.
Durante a semana, a população poderá visitar a exposição das peças com as principais tipologias do artesanato alagoano, no hall principal do Memorial, em Jaraguá, das 9h às 20h. Ainda nas atividades, serão realizadas palestras, oficinas criativas e a comercialização do artesanato no caminhão loja da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e Turismo (Sedetur).
Os visitantes terão, ainda, a estrutura de uma praça com os foodtrucks, no estacionamento da praça Marcílio Dias. A programação completa pode ser conferida no site da Sedetur, sedetur.al.gov.br.
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