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O que você precisa saber sobre o zika vírus

A rápida disseminação do vírus zika nas Américas, somada à associação com microcefalia e síndrome de Guillain-Barré, colocaram sob os holofotes esse vírus previamente ignorado. Mas o que é o zika e de onde ele veio?
A história
O vírus foi identificado pela primeira vez em 1947 num macaco que era usado para monitorar a presença do vírus da febre amarela na floresta Zika, em Uganda. Na época, linhagens celulares não estavam disponíveis para o estudo de vírus, então o soro do macaco febril foi inoculado no cérebro de camundongos. Todos os camundongos adoeceram, e o vírus isolado nos cérebros foi batizado de vírus zika. O mesmo vírus seria isolado mais tarde nos mosquitos Aedes africanus, na floresta Zika.
Estudos sorológicos realizados nos anos 1950 mostraram que os humanos têm anticorpos contra o vírus zika, e o vírus foi isolado em humanos na Nigéria, em 1968. Estudos sorológicos posteriores revelaram evidências de infecção em outros países africanos, incluindo Uganda, Tanzânia, Egito, República Centro-Africana, Serra Leoa e Gabão, bem como países asiáticos (Índia, Malásia, Filipinas, Tailândia, Vietnã, Indonésia).
O vírus zika saiu da Ásia e da África em 2007 e 2013, com epidemias na Ilha Yap e na Polinésia Francesa, respectivamente. Os primeiros casos nas Américas foram detectados no Brasil, em maio de 2015. O vírus circulando no Brasil é um genotipo asiático, que possivelmente chegou ao país durante a Copa do Mundo de 2014. Agora, o vírus já se espalhou para 23 países do continente.
O vírus
O zika integra a família dos flavivírus, que também inclui o vírus da febre amarela, da dengue, da encefalite japonesa e do Nilo Ocidental. O genoma é uma cadeia de RNA positivo de kilobase ~10.8, encapsulada num capsídeo e cercada por uma membrana (ilustração; copyright ASM Press, 2015). O envelope (E) glicoproteína, embutido na membrana. Permite que o vírus se acople ao receptor da célula hospedeira para iniciar a infecção. Como no caso de outros flavivírus, os anticorpos contra a glicoproteína E provavelmente são importantes para a proteção contra a infecção.
Transmissão
O vírus zika é transmitido entre humanos por picadas de mosquito. O vírus já foi identificado em vários mosquitos do gênero Aedes, incluindo Aedes africanus, Aedes apicoargenteus, Aedes leutecephalus, Aedes aegypti, Aedes vitattus e Aedes furcifer. O Aedes albopictus foi identificado como o vetor primário da epidemia no Gabão, em 2007. Não se estabeleceu se há reservatórios não-humanos para o zika.
Sinais e sintomas
A maioria das pessoas infectadas com o zika apresenta sintomas leves ou nenhum sintoma. Cerca de 25% das pessoas infectadas desenvolvem os sintomas entre dois e dez dias depois da infecção, incluindo febre, dor nas articulações, olhos vermelhos e dor de cabeça. A recuperação costuma ser completa e há poucos casos de morte.
Duas condições associadas às infecções pelo zika tornam a epidemia potencialmente mais séria. A primeira é o desenvolvimento da síndrome de Guillain-Barré, que causa perda progressiva de força nos músculos por causa de danos no sistema nervoso periférico. A associação do zika com a síndrome de Guillain-Barré foi observada pela primeira vez na Polinésia Francesa, na epidemia de 2013.
A microcefalia congênita tem sido associada à infecção pelo zika no Brasil. Embora haja outras causas para a microcefalia, houve um aumento muito grande no número de casos em paralelo à epidemia. Não se sabe se o vírus é o responsável pelo problema. Um relato questiona o aumento de casos de microcefalia, sugerindo que ele seja atribuível a um efeito de “conscientização”. Os dados epidemiológicos atuais são insuficientes para provar uma ligação entre a microcefalia e a infecção pelo vírus. São necessários mais estudos com grávidas para saber se o zika realmente é responsável pela microcefalia.
Dada a seriedade da síndrome de Guillain-Barré e da microcefalia, é prudente que grávidas evitem viajar para áreas em que a infecção pelo zika é endêmica, ou ao menos tomar medidas para reduzir a exposição ao mosquito.
O controle
Hoje em dia não há remédios ou vacinas que possam prevenir a infecção pelo zika. Existe uma vacina segura e eficiente contra o flavivírus que causa a febre amarela. Substituir a codificação da glicoproteína E da febre amarela pela do zika poderia ser uma boa abordagem para obter uma vacina. Mas os testes exigem vários anos.
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O controle dos mosquitos é a única maneira de restringir a infecção pelo zika. Vestir roupas que cubram boa parte do corpo, dormir com a proteção de redes e certificar-se de que não há água parada (onde o mosquito se reproduz) são algumas delas. Reduzir a população do mosquito com inseticidas também pode ajudar a reduzir o risco de infecção.
Pensamentos finais
Não é surpresa que o zika tenha se espalhado pelas Américas. A área não só tem a espécie do mosquito que pode transmitir o vírus como há pouca imunidade da população contra a infecção. As infecções devem continuar ocorrendo nessas áreas, portanto é importante determinar se a infecção pelo vírus tem consequências sérias.
O zika foi encontrado em vários Estados americanos, incluindo Texas, Nova York e Nova Jersey, trazidos por viajantes. Não se pode afirmar com certeza se o vírus vai se estabelecer nos Estados Unidos. O vírus do Nilo Ocidental, também espalhado por mosquitos, chegou ao país em 1999 e rapidamente se disseminou pelo país. Já o vírus da dengue, que se espalha com os mosquitos Aedes, não se tornou endêmico nos Estados Unidos.
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