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Secretaria de Meio Ambiente diz que lixo hospitalar encontrado no lixão de Palmeira é do “Santa Rita”

02/12/2015
Secretaria de Meio Ambiente diz que lixo hospitalar encontrado no lixão de Palmeira é do “Santa Rita”
SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE diz que lixo hospitalar pertence ao Hospital Santa Rita. A provedoria do hospital disse que material não pertence à unidade que é única em Palmeira dos Índios

SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE diz que lixo hospitalar pertence ao Hospital Santa Rita. A provedoria do hospital disse que material não pertence à unidade que é única em Palmeira dos Índios

A Secretaria do Meio Ambiente de Palmeira dos Índios foi multada em R$ 440 mil, recentemente, por realizar descarte irregular de material hospitalar no lixão da cidade. Mas de acordo com a secretária Anna Luíza França, que ocupa a pasta, o lixo encontrado pelos técnicos da Fiscalização Preventiva Integrada na Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (FPI do São Francisco) não pertencia à Prefeitura, e sim ao Hospital Regional Santa Rita.
De acordo com a secretária, o município possui um contrato com a Serquip, empresa que faz o tratamento de resíduos, a coleta e a incineração dos materiais dos postos de saúde e da Unidade de Pronto Atendimento (UPA).

SECRETÁRIA de Meio Ambiente, Ana Luísa, disse que município faz coleta de lixo de forma correta

SECRETÁRIA de Meio Ambiente, Ana Luísa, disse que município faz coleta de lixo de forma correta

Ela disse, ainda, que antes de receber a multa tinha ido ao lixão, mas nada foi visto. “Fiquei surpresa quando me ligaram do FPI, me mandaram uma foto e informaram que tinha lixo hospitalar no local. Mas quando chegamos lá, o lixo era do Hospital Santa Rita. Eles foram notificados, se defenderam, mas o FPI recusou a defesa e aplicou um auto de infração com multa de 20 mil reais. Agora, eles têm oito dias para fazer a defesa. Além da ação pecuniária, pedimos para que eles fossem ao local coletar o material e isolá-lo, para ser descartado corretamente ”, informou Anna Luíza. A secretária disse, ainda, que tem feito o possível para minimizar o impacto ambiental causado pelos problemas do lixão. “O aterro sanitário do município precisa ser feito até 2018, mas os custos são altos e buscamos parceria com o Governo do Estado para que isso seja feito. Ainda não conseguimos nos adequar por causa desse alto custo, mas estamos buscando um entendimento com o governo, neste sentido”, completou.

Contestação

Mas o provedor do Hospital Santa Rita, Pedro Gaia, contesta a secretária de Meio Ambiente. Segundo ele, o hospital também tem contrato com a Serquip, que é responsável pela coleta, transporte, tratamento e destinação final, sob forma de cinzas, em conformidade com a resolução Conama 358/05, de todo o resíduo produzido no hospital. “Só porque é lixo hospitalar não significa que seja do Santa Rita. Já fomos ao Instituto do Meio Ambiente (IMA) e lá, por causa da foto, não tem nada que identifique que esse descarte irregular seja nosso. Nem usamos aquele tipo de coletor de sangue, por exemplo.

PEDRO GAIA contesta secretária e diz que o hospital atua em conformidade com as leis ambientais

PEDRO GAIA contesta secretária e diz que o hospital atua em conformidade com as leis ambientais

Fazemos a coleta de sangue em outro tipo de coletor. Também garanto que os resíduos biológicos não foram produzidos apenas pelo hospital. Todos os PSFs, laboratórios e clínicas também produzem esses tipos de resíduos”, declarou o provedor.

A Provedoria também informou que é importante informar que foi feita uma fiscalização integrada no hospital, no último dia 16, onde os fiscais percorreram todas instalações da unidade. “A única notificação que recebemos foi referente à questão da Licença Ambiental, e não pelo descarte inadequado dos resíduos hospitalares. Contudo, o hospital Regional Santa Rita já havia feito a solicitação da Licença desde o ano de 2010, inclusive publicada no Diário Oficial do Estado (DO), e aguarda, desde então, a autorização. Porém, diante da notificação, outra solicitação da Licença Ambiental foi feita na mesma semana em que a equipe do IMA esteve no Hospital, inclusive, já foi paga a taxa no valor de R$ 922,43 (novecentos e vinte e dois reais e quarenta e três centavos) cobrada pelo Instituto”, afirmou Pedro Gaia.

Pedro Gaia disse, ainda, que o departamento jurídico do hospital também já enviou uma defesa com relação à notificação recebida a respeito da licença ambiental. “Então, o hospital já está executando todos os procedimentos legais exigidos pelo órgão fiscalizador e está aguardando a resposta do mesmo”, completou o provedor.

Em nota oficial, o Hospital Santa Rita informou que, “semanalmente, às quintas-feiras, a empresa Serquip faz a coleta das bombonas, com todos os resíduos produzidos pelo hospital. Segundo a nota, existe a comprovação do descarte correto por meio de certificados, emitidos pela empresa, onde é atestado a disponibilização dos resíduos e, o mais importante, que estes foram encaminhados para a Serquip, que é a responsável pelo tratamento e encaminhamento para aterros sanitários devidamente licenciados pelos órgãos ambientais competentes”.

Descarte é considerado crime ambiental com violação penal

O descarte irregular de lixo hospitalar é considerado crime, segundo o artigo 54, §3º, da Lei 9.605/98, datada de 12 de fevereiro de 1998 e que dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, com pena de reclusão de dois a quatro cinco anos de multa. Essa penalidade poderá ser aumentada em um terço na hipótese de o material conter resíduos de tecido humano, restos orgânicos, substância química ou agente infeccioso.
O mesmo acréscimo será aplicado a quem usar meios fraudulentos para ocultar ou dissimular a origem ou a natureza do material. Em casos admitidos pela autoridade sanitária competente, a proposta permite a reutilização do material hospitalar pela própria instituição que o produziu.

Lixão foi multado em R$ 440 mil

Em visita à cidade de Palmeira dos Índios, no último dia 18, a Fiscalização Preventiva Integrada na Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (FPI do São Francisco) multou a Prefeitura de Palmeira por manter o lixão da cidade sem o devido tratamento dos resíduos sólidos. O crime de poluição ambiental resultou numa sanção pecuniária de R$ 440 mil.
“Ainda houve o agravante de descarte de restos de animais e de material hospitalar também a céu aberto, o que fere completamente a legislação ambiental. No primeiro caso, aumentam as chances do surgimento de vetores e isso pode causar ainda mais dano à saúde dos catadores de lixo e dos próprios funcionários do lixão. E com relação ao lixo hospitalar, há a real chance dessas mesmas pessoas serem infectadas”, explicou o promotor de Justiça Alberto Fonseca, coordenador da FPI.

Extração mineral também foi flagrada

Ainda em Palmeira dos Índios, houve a entrega de um auto de infração e de um termo de embargo para o proprietário de uma área de onde estava sendo extraída areia ilegalmente.
Ele foi multado em R$ 25 mil por funcionar sem licença ambiental.
Em parceria com a equipe de fauna, o grupo de resíduos sólidos e extração mineral fiscalizou ainda a fábrica de cerâmica São Caetano.
Apesar do licenciamento ambiental estar em dia, foi localizado, nos fundos da empresa, material lenhoso de espécies nativas. Por esse motivo, o proprietário foi conduzido à delegacia para lavratura de flagrante pelo crime de desmatamento.