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Uso abusivo está entre os problemas da pílula do dia seguinte
Estou mesmo protegida? Esta é uma pergunta feita por muitas mulheres que recorrem à pílula do dia seguinte como método contraceptivo para evitar a gravidez. Usada em casos de esquecimento da pílula convencional ou rompimento da camisinha, por exemplo, é um método de emergência que levanta muitas dúvidas quanto ao modo de usar, sua eficácia e riscos.
O médico ginecologista da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), Francisco Mamede, alerta: “A pílula do dia seguinte é uma bomba hormonal no corpo da mulher. Seu uso não faz bem à saúde e deve ser restrito a casos extremos”. Ele esclareceu que o contraceptivo emergencial surgiu para evitar agressões ao organismo que as mulheres cometiam, quando supunham estar grávidas.
Uma das mulheres que já fez uso da pílula do dia seguinte é a empregada doméstica Renata da Silva, 21 anos. Na primeira ocasião, ela conta que foi o namorado quem a orientou a tomar, um dia após a relação sexual, dois comprimidos de uma só vez. “Oito dias depois de tomar o medicamento, repeti a ingestão de mais dois comprimidos porque fiquei muito nervosa por conta de o ciclo menstrual estar atrasado”, contou ela.
O ginecologista Mamede advertiu esse hábito. Ele informou que existem dois tipos de pílula do dia seguinte: um deles vem em dose única e o outro são em dois comprimidos. Nesse último caso, um deve ser ingerido logo após a relação e outro após 12 horas. Seja qual for o tipo, deve ser usado no máximo 72 horas após a relação sexual, pois quanto mais tempo demorar, menor será a eficácia.
Ainda segundo o ginecologista, a pílula do dia seguinte possuiu alta dose hormonal e não pode ser administrado indiscriminadamente como no caso de Renata e de tantas outras mulheres. O médico Mamede pontuou que “procurar por orientação antes de fazer uso do medicamento é indispensável, pois só um ginecologista poderá dar certeza de qual medicamento é indicado para cada caso”.
Em outra ocasião, Renata contou que já chegou a tomar quatro comprimidos da pílula do dia seguinte de uma só vez. “Faz poucos meses que faço uso da pílula anticoncepcional. Essa mudança de hábito se deve ao cuidado que passei a dar a minha saúde”, revelou a empregada doméstica, que já teve o período menstrual com duração de 30 dias e ainda um ciclo que acontecia duas vezes ao mês.
Uma das consequências mais frequentes do uso da pílula do dia seguinte é a alteração no ciclo menstrual e do tempo de ovulação, conforme pontuou Mamede. Ele esclareceu que o uso desse método – com cerca de 20% a mais de hormônio do que o existente em uma drágea de anticoncepcional – aumenta o risco de efeitos colaterais, podendo provocar complicações numa futura gravidez, aumentar o risco de trombose e de embolia pulmonar, e também ocasionar o câncer de mama.
“É preciso informar à população sobre os riscos do método não usual, que é a pílula do dia seguinte, e que ela deve ser utilizada apenas ocasionalmente, e nunca ser tomada de maneira irresponsável”, advertiu Mamede. E, como o próprio nome diz, a pílula do dia seguinte deve ser usada em casos excepcionais e não como um anticoncepcional de rotina, como muitas mulheres estão fazendo.
Erros
São inúmeros os erros cometidos pelas mulheres ao usar a pílula do dia seguinte. Os maiores são: ingerir o medicamento antes da relação sexual, usar continuamente como um anticoncepcional normal, usar em conjunto com outro método anticoncepcional, combinar com álcool ou tabaco, combinar com outros medicamentos, esperar até o dia seguinte para tomar a primeira pílula nos métodos que contém duas pílulas, e substituir a camisinha pela pílula.
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