Cidades
O incêndio visto de dentro: visão geral do sinistro que atingiu lojas do Centro

Na última sexta-feira, 13 de novembro, um incêndio assustou comerciantes e transeuntes do Centro de Maceió que viram, em questão de segundos, as chamas crescerem e deixarem o céu daquela região com uma mistura de laranja e cinza, entre fogo e fumaça.
O Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas foi acionado por volta das 18h30 com a informação que a Loja Imperatriz, localizada na Rua Moreira Lima, no Centro da cidade, estava pegando fogo. O coordenador de operações do dia, capitão BM Jorge Luiz, encaminhou para o local, de imediato, duas viaturas de combate a incêndio, uma de salvamento e uma de resgate.
Quando os bombeiros chegaram para atuar obtiveram a informação que havia pessoas no local e a prioridade passou a ser o resgate. A loja já estava praticamente destruída e existia um acesso entre a Imperatriz e a Gaivota, então o coordenador de operações conseguiu entrar por uma porta dos fundos para verificar se existiam vítimas dentro do sinistro e reuniu os funcionários que estavam fora para saber se todos que ainda encontravam-se na loja estavam bem. Então, a possibilidade de vítimas dentro do local foi rapidamente descartada.
O combate foi iniciado de imediato utilizando duas linhas de frente, pelo chão. Assim que as auto escadas chegaram o combate aéreo pôde ser iniciado e nesse momento as chamas já atingiam cerca de sete metros de altura. O fogo se expandiu rapidamente para a Loja Gaivota e nesse momento, uma das viaturas de incêndio ficou no combate em frente a ela e outra na Imperatriz.
Graças a um hidrante localizado nas imediações, uma das viaturas de incêndio pôde ser conectada a ele. Em pouco mais de três horas em que os bombeiros estiveram combatendo incessantemente o fogo, o incêndio se alastrou para outras duas lojas de eletrodomésticos, a Laser Eletro e a Eletroshopping. Nesse momento, já estavam empregados 14 viaturas e mais de 45 militares em quatro pontos de atuação no combate aéreo.
A estratégia era fazer o resfriamento do local para que o fogo não se propagasse para outras lojas e o sinistro tomar proporções ainda maiores. Segundo o capitão Jorge Luiz, era difícil se aproximar para combater diretamente no foco. Alguns comerciantes permitiram que as guarnições acessassem seus telhados para facilitar o combate e alguns deles também possuíam rede de hidrantes, o que facilitou o abastecimento de água.
Com as quatro frentes de combate, eles conseguiram controlar o incêndio por volta das 2h, fazendo com que o fogo não se expandisse para outras lojas. Assim que o incêndio da Laser foi debelado, as guarnições acessaram um telhado de uma loja próxima e conseguiram atingir o centro do incêndio. Então, por volta das 5h, eles conseguiram extinguir todos os focos do incêndio e começaram o trabalho de rescaldo para que não houvesse reignição do fogo.
Além das viaturas e dos militares escalados, muitos voluntários também estiveram no local, ajudando da forma que podiam. A prefeitura também disponibilizou carros pipas que ajudaram no abastecimento de água.
Segundo o coordenador de operações, foram cerca de 11 horas de combate ininterruptos, onde as equipes revezavam para que não fosse necessário parar a atuação por nenhum motivo. Foram utilizados mais de 3 milhões de litros de água até que o incêndio fosse debelado.
“Graças à força das guarnições envolvidas e à ajuda de militares voluntários que levaram alimentação para os combatentes não tivemos baixas dos militares, e o incêndio não se propagou para outras lojas causando uma destruição ainda maior”, disse o oficial.
A perícia
Segundo o major Kelton Farias, chefe do setor de perícia do CBMAL, a perícia do último incêndio ocorrido no dia 13 de novembro, já iniciou e conta com cinco peritos realizando os trabalhos nas quatro lojas incendiadas. Os peritos estão ouvindo os funcionários e donos dos estabelecimentos e o prazo para entrega do laudo é de 30 dias corridos, prorrogáveis por mais 15.
Para o subcomandante da corporação, coronel BM Paulo Marques, o crescimento do Centro é desordenado, e cabe aos lojistas se regularizarem perante os órgãos competentes: “são constantemente construídos pavimentos descoordenados, são feitos armazenamentos de estoque acima da quantidade ideal, além de não possuírem saída de emergência ou um acesso pelos fundos das lojas. A ventilação, muitas vezes é inexistente e quando tem é de uma loja para outra, o que facilitou, por exemplo, a propagação do incêndio de uma loja para outra na última sexta”.
Para o subcomandante geral da corporação, assim que foi feito o reconhecimento do local da ocorrência, a operação saiu a contento.
“Foi nesse momento que conseguimos controlar a ocorrência, impedindo que o incêndio se propagasse para outras lojas e o sinistro se tornasse ainda maior. A principal dificuldade foi colocar as viaturas próximas ao local e entrar nas ruas que faziam parte do quadrante do incêndio, pois o acesso é um pouco complicado para viaturas de grande porte como as nossas, além do piso não suportar o peso de algumas viaturas”, comprovou o coronel BM.
A fiscalização
As lojas incendiadas não possuíam auto de vistoria do Corpo de Bombeiros e nem preventivos. Todas foram notificadas desde 2012, mas não se regularizaram perante a corporação.
O superintendente de atividades técnicas da corporação, tenente coronel Henrique Medeiros, citou que das quatro lojas, a Eletroshopping e a Gaivota nunca possuíram projeto.
“A Gaivota foi notificada em 2012, 2013 e 2014 e nunca se regularizou e a Eletroshopping foi notificada em 2012. A loja Imperatriz teve certificado aprovado em 2012, que venceu em 2013, mas que os responsáveis não pediram renovação. A Laser Eletro teve projeto aprovado, mas não chegou a executá-lo”, explicou Medeiros.
O tenente coronel explica que quem já teve o certificado pelo menos uma vez, assim que o mesmo perde a validade, recebe por carta e em mãos a notificação para renovação.
Além disso, muitos estabelecimentos só precisam possuir o auto de vistoria de processo simplificado. O diretor da SAT diz que 60% das lojas do Centro se encontram nessa situação por não possuírem 750m² e serem enquadradas pela Instrução Técnica (IT) 40 do CBMAL como de baixo risco.
“Mas mesmo nesses casos, o estabelecimento precisa se regularizar perante o Corpo de Bombeiros e a Junta Comercial. Hoje em dia os estabelecimentos novos e antigos podem se regularizar pelo portal Facilita Alagoas e tirar quaisquer dúvidas na Superintendência de Atividades Técnicas do Corpo de Bombeiros”, explicou o capitão Ailton Barbosa, que trabalha com análise de projetos de segurança contra incêndio e pânico.
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