Política

Eduardo Cunha é vaiado em congresso do PMDB

17/11/2015
Eduardo Cunha é vaiado em congresso do PMDB

 

Cunha é acusado de ter mentido à CPI da Petrobras, em março, quando disse não possuir contas no exterior (Foto: Exame)

Cunha é acusado de ter mentido à CPI da Petrobras, em março, quando disse não possuir contas no exterior (Foto: Exame)

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi alvo de vaias ao subir na tribuna para discursar nesta terça-feira (17) no congresso da Fundação Ulysses Guimarães, entidade ligada ao PMDB. O encontro foi marcado para que lideranças do partido debatessem propostas de superação da crise econômica e alternativas a políticas do governo da petista Dilma Rousseff.

Cunha é investigado pela Operação Lava Jato e responde a um processo no Conselho de Ética da Câmara. Nesta segunda-feira (16), o relator do caso no Conselho apresentou parecer pela continuidade do processo. Cunha é acusado de ter mentido à CPI da Petrobras, em março, quando disse não possuir contas no exterior.

No evento do PMDB, militantes do partido que estavam na plateia iniciaram uma breve vaia quando Cunha foi anunciado no microfone e iniciou o discurso. Também foi possível ouvir um “Fora, Cunha” no meio da plateia. O peemedebista ignorou a manifestação do público e continuou sua fala. As vaias cessaram e Cunha chegou a receber alguns aplausos quando defendeu que o partido não fique “atrelado” ao projeto de governo do PT.

“O PMDB não vai poder se furtar de debater qual será seu destino. O PMDB tem que buscar caminho próprio. O PMDB terá candidato em 2018 e vai disputar em 2016 todas as eleições que puder, em todos os municípios. E a discussão é se o PMDB tem que ficar atrelado com o projeto que aqui está. Nós não participamos da formulação desse programa. Essa voz não pode ser abafada”, afirmou o presidente da Câmara.

Cunha fez um discurso mais brando em relação ao governo Dilma, sem críticas específicas ao PT e à política econômica. Na semana passada, lideranças do PMDB ouvidas pelo G1 defenderam que o presidente da Câmara não comparecesse ao congresso do partido, para evitar desgaste”.

O presidente da Câmara admitiu ser “usufrutuário” de ativos no exterior, mas afirmou que não é o “titular” dessas contas, porque elas são administradas por trustes (entidades legais existentes em vários países e que administram bens de um ou mais beneficiários). A explicação de Cunha foi comentada entre colegas do partido no evento desta terça.

“Às vezes em que ele se expôs não foram produtivas. Todas as iniciativas, embora seja um homem muito inteligente, as alternativas que ele propôs até agora não foram boas para ele. Vai ter obviamente imprensa porque esse encontro vai gerar muita expectativa”, disse um importante senador do PMDB.

Congresso do PMDB
O foco do encontro desta terça foi debater um documento divulgado pelo PMDB no último dia 29 de outubro que diverge das propostas do PT e questiona as medidas de ajuste fiscal do Executivo.

Intitulado “Uma ponte para o futuro”, o texto afirma que o desequilíbrio fiscal está na origem dos principais problemas do país e defende um “ajuste de caráter permanente”.

A expectativa inicial, porém, era que o encontro fosse um congresso deliberativo em que fossem decididas questões como o desembarque do governo federal. No entanto, o evento se transformou em algo com peso político menor, mas que ainda assim será uma tentativa de se descolar do desgaste do Palácio do Planalto.