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Auxílio psicológico é fundamental no tratamento hospitalar de pacientes

31/08/2015
Auxílio psicológico é fundamental no tratamento hospitalar de pacientes
Psicóloga Rejane Lima conversa com a paciente Eliab Silva: assistência psicológica vem auxiliando a paciente a ver tudo de forma positiva e com esperança (Foto Ascom HGE)

Psicóloga Rejane Lima conversa com a paciente Eliab Silva: assistência psicológica vem auxiliando a paciente a ver tudo de forma positiva e com esperança (Foto Ascom HGE)

Com passos delicados, Rejane Lima, psicóloga no maior hospital público estadual, caminha pelos corredores do Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) para prestar assistência a um dos pacientes da área. Ela conta que prestar assistência psicológica em um hospital, como o Hospital Geral do Estado (HGE), requer versatilidade e comprometimento, pois, além de lidarem com as pessoas doentes, familiares e acompanhantes, os psicólogos dirigem a reabilitação do paciente de acordo com sua nova condição de vida.

“Os pacientes queimados, por exemplo, têm a vida mudada radicalmente. Eles vivenciam muito sofrimento físico, devido às queimaduras e os vários procedimentos realizados. Além disso, após a cicatrização, a nova imagem corporal pode afetar o psicológico deles. Buscamos meios para que o paciente encontre formas para enfrentar a situação e lidar com seu novo contexto de vida, que envolve, muitas vezes, tratamento constante e limitações”, relatou.

Segundo a profissional, os psicólogos hospitalares atuam como intérpretes das demandas do paciente, da família e da equipe profissional. Atuando como facilitador do diálogo e dispensando apoio psicológico à família, assim como esclarecendo suas dúvidas. “Nosso principal instrumento é a escuta. Através dela, possibilitamos ao paciente enfrentar as mudanças decorrentes do adoecimento e auxiliar no sofrimento psíquico frente à hospitalização”, explicou Rejane Lima.

Constatação

A faxineira Eliab Silva, de 38 anos, já conversou muito com a psicóloga sobre suas angústias. Ela é paciente do CTQ e está recebendo tratamento psicológico após uma queimadura em seu ambiente de trabalho. Eliab relatou que deu entrada na unidade hospitalar no dia 10 de julho, após um choque elétrico na máquina de lavar roupas de um dos seus patrões.

“O susto é muito grande. Passa um filme na cabeça da gente, o medo de não ver mais os filhos, a família, os queridos. Fiquei dias com a imagem do momento do choque me atormentando. Se eu fechar os meus olhos, ainda me angustio. A assistência psicológica vem me auxiliando a ver tudo de forma positiva e com esperança”, descreveu a faxineira.

Comunicação entre paciente

O Serviço de Psicologia do HGE atua prestando atendimento psicológico individual ou em grupo aos pacientes, familiares e acompanhantes admitidos nas diversas áreas do hospital, assim como realizando encaminhamentos para outras unidades de saúde.

A coordenadora do serviço, Tasmânia Quintela, observou que o trabalho desempenhado pelos psicólogos acontece nos aspectos relacionados ao processo de adoecimento e hospitalização, humanizando o ambiente físico, facilitando e garantindo a comunicação efetiva entre o paciente, a família e a equipe de profissionais.

“A intervenção junto ao paciente é no sentido de fortalecer a sua autoestima; criando oportunidades para que ele possa retomar seu equilíbrio psíquico, contribuindo com o tratamento, e, desta forma, para a melhora da rotina assistencial. O acolhimento acontece desde a prevenção até a reabilitação”, revela.

Importância da Família

Segundo Tasmânia Quintela, a assistência do psicólogo junto à família do paciente se dá no seu acolhimento e na conscientização da sua importância como componente de facilitação do tratamento. “O atendimento psicológico é estendido aos familiares, porque nesse momento eles também demandam um cuidado psicológico, em função da desorganização provocada pela vivência da doença e hospitalização”, contou a psicóloga.

De acordo com ela, a situação de adoecimento pode adquirir um caráter ameaçador, que muitas vezes, vêm a exacerbar conflitos pré-existentes, desencadeando reações psicológicas que podem contribuir de maneira significativa para o agravamento do quadro clínico do paciente.

O psicólogo realiza grupo de orientação e profilaxia com familiares e visitantes, antes das visitas diárias aos pacientes internados nas UTIs (Geral e Pediátrica), Unidade da Dor Torácica (UDT) e Centro de Tratamento aos Queimados, oferecendo suporte ao paciente e familiares, diante do enfrentamento da dor e sofrimento num ambiente diferenciado. A psicologia também desenvolve um trabalho junto à criança hospitalizada, visando expressão de seus sentimentos através de técnicas projetivas e atividades lúdicas.

Junto à equipe, o psicólogo atua como incentivador no estabelecimento do vínculo com o paciente onde possa haver confiança para as intervenções médicas necessárias. O profissional também se faz presente em ações de acompanhamento e ensino da prática aos acadêmicos da área.