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Pediatras orientam sobre cuidados com as crianças para evitar quedas

22/08/2015
Pediatras orientam sobre cuidados com as crianças para evitar quedas
A queda é a causa número um de internações de crianças e adolescentes até 14 anos por lesões acidentais no Brasil (Foto:Neide Brandão)

A queda é a causa número um de internações de crianças e adolescentes até 14 anos por lesões acidentais no Brasil (Foto:Neide Brandão)

Com uma cirurgia na cabeça, a pequena Milena Silva, de apenas 11 meses, está internada na Unidade Pediátrica do Hospital Geral do Estado (HGE), seu estado de saúde já é considerado estável, mas o susto vivido pela professora Viviane Almeida, mãe da bebê, ainda é imenso.
Ela contou que um pequeno descuido na casa da avó materna resultou na queda da criança da cama. Milena estava passando o dia com a avó, devido ao retorno de Viviane ao trabalho.
“Quando a levamos para o hospital do Rio Largo, onde resido, fomos encaminhados para o HGE, porque Milena estava muito molinha, sonolenta e com febre. Após uma tomografia, constataram a necessidade de uma cirurgia de emergência. Fiquei muito assustada, pensei que perderia minha filha”, falou a professora.
A queda é a causa número um de internações de crianças e adolescentes até 14 anos por lesões acidentais no Brasil. Na maioria das vezes, o risco encontra-se dentro de casa, na escola e em locais que fazem parte da rotina pelos pequenos.
Dados do Ministério da Saúde (MS) para 2012 quantificaram 59.451 crianças de até 14 anos foram hospitalizadas vítimas de quedas. Um estudo da ONG Criança Segura, baseado nos dados do MS, mostrou que 29% dos números de quedas referem-se a quedas do mesmo nível, como escorregões e tropeços, e outros tipos de quedas do mesmo nível mostrando que uma altura a princípio inofensiva para um adulto pode significar uma queda grave para a criança.
Alguns tipos de quedas são mais especificados como as quedas de escadas ou degraus (3%), quedas de árvores (2%) e as quedas de leitos, cadeiras e outras mobílias que somaram quase 2% também.
As idades e sexo das crianças vítimas destes acidentes também foram considerados. As internações com crianças de 10 a 14 anos representaram 39%, com crianças de 5 a 9 anos 38%, de 1 a 4 anos, 19% e 4% no caso das crianças com menos de 1 ano. Os meninos foram vítimas quase que três vezes mais que as meninas, sendo 71% das mortes por quedas com garotos e 29% envolvendo garotas.

Cuidados e prevenção

O pediatra Cláudio Soriano explicou que algumas características físicas próprias do desenvolvimento da criança podem favorecer as quedas, como o tamanho e o peso da cabeça em relação ao seu corpo, o que acaba facilitando o desequilíbrio.
“Essas características físicas próprias da fase podem favorecer as quedas porque elas têm falta de coordenação e a habilidade motora ainda está em desenvolvimento. Quedas podem causar lesões sérias, como o traumatismo craniano, e no caso de quedas de janelas e lajes resultam, na maioria das vezes, na morte da criança”, comentou o médico.
Segundo ele, o ambiente de brincadeira da criança, como a própria casa, a escola e até o parquinho são os maiores “vilões” que desencadeiam as quedas. “A melhor forma de evitar acidentes é preveni-los. Algumas medidas simples como telas ou grades nas janelas e portões de segurança na base das escadas são fundamentais”, relatou Cláudio Soriano.
Para o pediatra, também é importante não se esquecer de ao trocar o bebê colocar todos os objetos necessários (fralda, pomada, roupinhas) próximos, além de segurá-lo com uma das mãos na barriguinha ao pegar os objetos. “A partir do momento em que começam a movimentar-se sozinhas, qualquer descuido com as crianças pode acarretar em quedas”, referiu.
O especialista lembrou que acidentes não ocorrem só dentro de casa. “As crianças devem brincar em locais seguros. Escadas, sacadas e lajes não são lugares ideais; ao andar de bicicleta, skate ou patins, o capacete é o equipamento fundamental. Ele pode reduzir o risco de lesões na cabeça em até 85%; crianças devem ser sempre observadas quando estiverem brincando nos parquinhos. O risco de lesão é quatro vezes maior se a criança cair de um brinquedo com altura superior a 1,5 m. Verifique se os brinquedos estão em boas condições e se são adequados à idade da criança. O piso deve ser de absorção para a queda, como gramas, areia e borrachões com espessura acima de 3 cm”, alertou o pediatra.