(Créditos: Rafael Ribeiro / CBF)

Diz o ditado que “duas cabeças pensam melhor do que uma”. Agora, imagina se forem mais de 15 pessoas pensando e produzindo juntas, de maneira organizada e com o mesmo objetivo? Foi exatamente assim que foi desenvolvida a nova ferramenta de banco de dados e observação de jogadores da CBF. Uma parceria entre o Departamento de Seleções e o Departamento de Tecnologia da Informação da entidade.
O projeto começou a ser desenvolvido inicialmente do ponto de vista técnico. Em diversas reuniões, os observadores da CBF, os técnicos das categorias de base, além da comissão técnica da Seleção Principal, debateram sobre o perfil de jogador desejado, os critérios para avaliação dos atletas e as características que são importantes para servir à Seleção.
Com estas definições em mãos, o coordenador de captação e observação de atletas da CBF, Paulo Xavier, se sentou com o gestor de TI da entidade, Fernando França, para tirar do papel a ideia de uma ferramenta que servisse de banco de dados de jogadores. O objetivo era construir um software para auxiliar os técnicos nas convocações, com informações fidedignas de cada atleta. Além disso, criar um histórico dos jogadores brasileiros, no qual fosse possível analisar a curva de evolução de cada um. Em suma, um legado para o futebol brasileiro.
Não foi da noite para o dia que o filho nasceu, mas foi muito mais rápido do que o esperado. Segundo Fernando França, foram 280 horas despendidas na programação. Dois desenvolvedores, um administrador de banco de dados (DBA) e um designer se dedicaram totalmente a este projeto. O resultado disso tudo foi um programa cem por cento CBF, original, funcional e prático.
– Isso só foi possível por conta da organização do Departamento de Seleções. Quando sentamos com o Paulinho para iniciar os trabalhos, ele já nos entregou um projeto com início, meio e fim. Nós tiramos isso do manual para o digital – comentou Fernando França.
Para se ter uma ideia do tamanho desta novidade, a ferramenta vai possibilitar, por exemplo, que o técnico Dunga, quando estiver nos Estados Unidos para os jogos da Seleção Brasileira de setembro, possa saber como foi a avaliação de algum jogador específico na final do Campeonato Brasileiro Sub-20, marcada para o dia 2 de setembro. Os técnicos terão acesso até a vídeos dos atletas procurados.
– É tudo feito em tempo real. Cada técnico pode acessar sua conta de onde estiver e saber as informações de qualquer atleta já visto e também a opinião de cada observador de forma individual, além da média da nota do jogador. Já os observadores, eles só alimentam a ferramenta, mas um não sabe o que o outro falou sobre determinado jogador. A ideia é justamente contrapor as observações e também não deixar que uma opinião influencie a do outro – explicou o coordenador das categorias de base da CBF, Erasmo Damiani.
Em cima das informações inseridas na ferramenta existem duas formas para acompanhar os dados. No caso das categorias de base, o foco é na evolução e desenvolvimento do jogador. Há uma curva individual, que mostra como o atleta se portou ao longo dos anos de observação, desde o Sub-15. Já para a Seleção Principal, o importante é o desempenho pontual. Saber como o atleta está no momento.
A criação desta ferramenta já inspirou e deu sequencia a outras medidas. Uma delas é o relatório individual que será elaborado sobre os jogadores convocados. Após o término de cada período com a Seleção Brasileira, os clubes receberão um documento com informações como tempo de treino, estatísticas nos jogos, observações do técnico, características dos treinamentos (porcentagem de trabalho físico, técnico, tático).
Um dos objetivos é que esta ferramenta, quando estiver totalmente testada e aprovada, possa ser disponibilizada para os clubes do Brasil.