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A morte do poeta sabiá
Morre aos 65 anos de idade, na véspera do Dia do Advogado, no Hospital Regional da cidade de Arapiraca, onde estava internado e lutando contra várias enfermidades, o “Poeta Sabiá”, cognome dado pelos amigos na juventude, ao Professor, Radialista, Jornalista e Historiador José Jurandir de Oliveira, mais conhecido como “JJ”. A notícia do falecimento do jornalista José Jurandir, na manhã do dia 11 de agosto, nos deixou entristecido pela ausência da pessoa humana, simpática, fraterna e admirável que conhecíamos há mais de quarenta anos.
Embora tenha nascido no povoado “Pindoba”, em Viçosa (AL), José Jurandir, ou simplesmente “JJ”, criou-se e educou-se em Maribondo, escrevendo em jornais do Colégio da cidade e serviu ao Exército Brasileiro no Tiro de Guerra de Palmeira dos Índios, onde iniciou sua carreira na área da comunicação social, aos 18 anos de idade, como repórter da Rádio Educadora Sampaio. Aliás, sua paixão por Maribondo e por Palmeira dos Índios possui ligação sentimental, pois sua Mãe era natural de Maribondo e seu pai nascido na Terra dos Xucurus. Anos depois, ele foi trabalhar no Rio de Janeiro no jornal “Luta Democrática” e na Rádio Difusora de Duque de Caxias, propriedade do deputado federal Natalício Tenório Cavalcanti, que ficou conhecido nacionalmente como o temido “Homem da Capa Preta”. De volta à Alagoas, José Jurandir trabalhou em jornais como a Gazeta de Alagoas, Jornal de Alagoas, Bastidor, Debate, Momento e o Extra, além de várias emissoras de rádio em Maceió.
Aficionado pela cultura popular, o poeta e historiador José Jurandir também era um exímio Declamador das poesias de Zé da Luz, o poeta brejeiro. Tanto gostava de escrever versos quanto se dedicava à pesquisa do acervo de poetas consagrados como o vaqueiro Efigênio Moura. Sua admiração pelo Poeta-Vaqueiro lhe deu oportunidade de ocupar o cargo antigo de Apresentador do Programa Radiofônico “Bom Dia, Sertão”, criado por Efigênio Moura e substituído pelo Poeta Pajeú, na Radio Educadora Sampaio de Palmeira dos Índios.
Na sua terra adotiva Maribondo, José Jurandir foi vereador por várias vezes. Inclusive, foi homenageado pela Câmara Municipal local, com o seu nome dado á Sala do Plenário da daquela Casa Legislativa. Paralelamente exercendo as funções de radialista e jornalista, o Poeta Sabiá também escreveu vários livros: “Assim nasceu Maribondo (1973), “A Morte do Poeta” – ensaio sobre Efigênio Moura, o Poeta-Vaqueiro, em 1987, com reedição em 2011; “Os Crimes que abalaram Alagoas” (2011). Acerca desta obra, diz José Jurandir: “Passei cerca de 20 anos pesquisando para escrever este livro. Em vários momentos, parte dos textos hoje publicados no ‘Os Crimes Que Abalaram Alagoas’ em jornais e revistas do Estado.
Mas, quando resolvi publicá-lo, estava amadurecida a idéia de deixar um registro que servisse para as futuras gerações como uma fonte de pesquisa”. Quanto à arte poética de Efigênio Moura, assassinado aos 55 anos, o Poeta Sabiá costumava recitar uma das suas mais belas poesias – “ZEFA”, cujos versos merecem destaque nesta crônica, na declamação de José Jurandir: “Zefa, você é ingrata / ingrata coma ninguém / é ingrata nesta vida. / Zefa, a tua ingratidão / feriu o meu coração / e tenho no peito a ferida…”.
Sua última obra foi o “Corredor da Morte – Mistério das Alagoas”, que narra crimes de pistolagem de repercussão ocorridos no Estado, a exemplo dos assassinatos do professor Paulo Bandeira, em Satuba; do vice-prefeito de Pilar, Beto Campanha; e do empresário Paulo César Farias, na cidade de Maceió. Deixou várias obras a publicar, como “Vila dos Conflitos”, “Sementes de Inspiração”, “Linhas que o tempo escreveu”, “A Cadeia por Dentro”, “Alma de Caboclo”, “Como conheci Tenório, o homem da Capa Preta” e “Frei Damião, o Santo do Nordeste”. José Jurandir ( JJ), era membro da Academia Maceioense de Letras e da Academia de Letras e Artes de Palmeira dos Índios.
Por várias vezes estive com o jornalista José Jurandir (JJ), o Poeta Sabiá, em Palmeira dos Índios, na época do Serviço Militar, em companhia do seu inseparável amigo Luiz Alberto Barros (Lula Barros), falecido aos 54 anos de idade; na Rádio Difusora, onde atuou como Diretor; na Câmara Municipal de Maceió, onde trabalhava como Assessor Parlamentar; na Radio Sampaio, na Terra de Graciliano Ramos. José Jurandir de Oliveira é um tipo pessoa inesquecível que vai fazer falta no nosso convívio social e profissional… Pensemos nisso! Por hoje é só.
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