Política

Câmara aprova moção de repúdio a incidente com senadores brasileiros na Venezuela

19/06/2015
Câmara aprova moção de repúdio a incidente com senadores brasileiros na Venezuela
Governo quer garantir direito de ir e vir dos brasileiros – Foto: Ultimo Segundo

Governo quer garantir direito de ir e vir dos brasileiros – Foto: Ultimo Segundo

O Plenário da Câmara dos Deputados aprovou uma moção de repúdio aos atos de protesto contra a delegação brasileira de senadores que foi à Venezuela para verificar as condições dos opositores ao governo venezuelano presos naquele país.
Quando a comitiva de senadores desembarcou em Caracas, o micro-ônibus no qual os senadores se deslocavam parou em um congestionamento e manifestantes venezuelanos atacaram o veículo, protestando contra a presença dos senadores na Venezuela.
A comissão externa de senadores brasileiros tinha o objetivo de conferir as condições de direitos humanos dos presos de opositores ao governo, como o ex-prefeito de Caracas Antonio Ledezma. O governo venezuelano argumenta que ele foi preso por tentar um golpe de Estado.
A oposição venezuelana, entretanto, argumenta que o governo de Nicolás Maduro tem perseguido os opositores e cerceado a imprensa.
O deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP) disse que o episódio ocorrido na Venezuela confirma que houve um movimento organizado e contrário aos senadores líderes de oposição brasileiros em missão naquele país.
“Esse Parlamento dá uma demonstração clara de repúdio contra agressões sofridas por brasileiros na Venezuela”, disse ele, ao defender a moção de repúdio por conta da intimidação sofrida por senadores brasileiros.

    Conversa com ministro

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, relatou a conversa que teve por telefone com o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, que foi acionado pela presidente Dilma Rousseff para atuar no incidente.
“Ele alega que o governo brasileiro autorizou o transporte da delegação em avião da Força Aérea Brasileira. Lá chegando, com proteção policial, houve o deslocamento até o local da visita, feito com o embaixador [brasileiro] seguindo em carro próprio e a delegação em um micro-ônibus. No caminho, militantes tentaram agredir o ônibus, mas a proteção policial funcionou para impedir qualquer desdobramento de natureza mais grave”, informou Cunha ao Plenário.
“É claro que o episódio provoca uma tensão, e a delegação decidiu retornar ao aeroporto e ao Brasil, com proteção policial aumentada. Essa é a versão do ministro”, completou o presidente da Câmara, que cobrou uma posição oficial do governo brasileiro sobre o episódio e a garantia da integridade da comitiva de senadores.
Para o deputado Glauber Braga (PSB-RJ), no entanto, as informações relatadas não eram suficientes para que a Câmara aprovasse a moção. “Por enquanto, só tenho o relato de vossa excelência [Eduardo Cunha] e o Twitter do senador Ronaldo Caiado [DEM-GO], com todo o respeito que tenho por ele e sabendo de suas posições ideológicas, que são claras”, disse Braga.
Já o líder do Psol, deputado Chico Alencar (RJ), disse que a moção não é nenhuma afronta ao governo venezuelano. “Essa moção do Parlamento está enxuta, não acusa governos e fala do devido respeito a uma comitiva parlamentar”, disse Alencar.

    Posição do governo

O líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), disse que o governo brasileiro, por meio do Ministério das Relações Exteriores, já está em contato com o governo venezuelano e tomando providências. “É fato que houve o episódio. O Itamaraty já está acionado. O governo está tomando todas as providências: primeiro, para garantir a integridade física e o direito de ir e vir da delegação brasileira”, explicou Guimarães.
“A presidente Dilma Rousseff já está acionando o governo da Venezuela, e o nosso governo não vai aceitar qualquer ação do governo venezuelano que comprometa o direito de ir e vir de líderes da oposição do Brasil”, completou.