Geral

Fecoep assegura atendimento a dependentes químicos

26/05/2015
Fecoep assegura atendimento a dependentes químicos
Recursos vão assegurar que mais dependentes químicos encontrem assistência decente no Estado. (Foto: Paulo Rios/Arquivo)

Recursos vão assegurar que mais dependentes químicos encontrem assistência decente no Estado. (Foto: Paulo Rios/Arquivo)

“Não sei o que seria dos programas sociais de Alagoas, a exemplo da Rede Acolhe, sem os recursos do Fundo Estadual de Combate e Erradicação da Pobreza (Fecoep),” destacou o secretário de Estado de Prevenção Social à Violência, Jardel Aderico, antes de descrever os benefícios, características e novidades da ação de acolhimento aos dependentes químicos, nacionalmente reconhecida.
O governador Renan Filho liberou recursos para o Rede Acolhe continuar com o serviço diferenciado que vem prestando à sociedade alagoana desde 2010. O valor garantido é na ordem de R$ 2,5 milhões e procede integralmente do Fecoep. Com o montante, ainda em maio, o pleno funcionamento dos atendimentos, que favorece mais de 12 mil pessoas, espalhadas em 33 comunidades acolhedoras, em todo o estado, está assegurado.
O recurso é empregado com despesas no regime residencial vivido pelo dependente químico em recuperação durante seis meses. Além das três refeições, é preciso arcar com a estrutura física, a manutenção de profissionais da área de psiquiatria, psicologia, assistência social, entre outros. O valor também contempla o pagamento dos funcionários que realizam a identificação, triagem e o serviço dos Anjos da Paz.
“O orçamento foi aprovado e por ordem do governador Renan Filho voltaremos com ainda mais empenho, seguindo a premissa de fazer mais, gastando menos. Com o recurso de R$ 2 milhões e 553 mil, além da continuidade dos serviços, vamos regionalizar o Centro de Triagem. Será em Arapiraca e até o fim de maio estaremos inaugurando. Ou seja, o mesmo recurso, com a expansão do atendimento,” comemorou o secretário.
Até dezembro, o programa atendia cerca de mil pessoas/mês. Com a regionalização do Rede Acolhe, o número em menos de um mês vai para 1.200 assistidos e a tendência é aumentar. “Assim, vamos tirar mais indivíduos do vício de entorpecentes,” diz Jardel Aderico.

Como funciona o “Rede Acolhe”

O Rede Acolhe é composto pelos Anjos da Paz, Centro de Triagem e Comunidade de Acolhimento. Segundo o secretário Jardel Aderico, o tratamento é realizado através de abordagens de acolhida. Este é o principal diferencial em relação às clínicas para recuperação de dependentes químicos. “Nossa abordagem, é sócio emocional, já nas clínicas é medicamentosa”, diz Aderico.
Outro fator é que o atendimento não é compulsório. O que existe é encaminhamento. O dependente vem encaminhado pelo familiar, responsável, polícia militar ou até mesmo pelo Ministério Público.
Para obter o êxito que vem conquistando, sem utilização de medicamentos, o secretário explica que o atendimento é baseado em um tripé: Acolher, reinserir e dialogar com estratégias de prevenção.
De acordo com dados da Secretaria de Estado de Prevenção Social à Violência , 90% do público atendido é masculino. Para prover a demanda, das 33 comunidades acolhedoras, 29 são voltadas para homens, sendo três para menores de 18 anos. As outras três recebem mulheres, inclusive arcando com filhos até sete anos – para não desfazer o vínculo materno – e uma delas atende as menores.
A primeira etapa é a triagem, que identifica o grau de comprometimento da vida social em relação a droga que o dependente usa. Muitas vezes as equipes dos “Anjos da Paz” atuam primeiro, quando ainda há relutância em se “abrir” ao tratamento. Eles trabalham para convencer dependentes químicos a aceitar ajuda de forma voluntária, com abordagem terapêutica. Para isso, basta ligar para o call center do Acolhe Alagoas, 0800-280-9390, ou para o Centro de Acolhimento para Pessoas com Dependência Química de Maceió: 3315-1913.
As casas de acolhimento são responsáveis pela mudança de comportamento do dependente químico. É lá que durante seis meses ele vai se sentir acolhido e ouvido, através de ações educativas, palestras e outras atividades, e assim conquistar a abstinência. No entanto até o final da vida ele estará em tratamento. “Para sempre ele será um dependente químico em tratamento,” salienta o secretário.
A última etapa é a reinserção de dependentes – envolve família, envolve estratégias de prevenção à recaída, envolve também a qualificação. E aí está a novidade: a geração de atividades produtiva para esse público.
Um exemplo é o missionário Cícero dos Santos, que procurou a ajuda de uma instituição há oito anos, para se recuperar do vício das drogas. Ele conta que passou por muitas dificuldades para lidar com a abstinência, mas conseguiu se manter afastado das drogas. “Hoje tenho orgulho dentro de mim. Com minha recuperação fui espelho para meu pai, que era alcoólatra e hoje ele se livrou do vício. Sou um vencedor e estou aqui por gratidão. Eu dei minha vida para a comunidade, para resgatar outros jovens”, finalizou.
“A Rede Acolhe teve muito êxito até agora com atividades concentradas no resgate dos laços familiares e comunitários. Hoje queremos ir além. Queremos garantir que o dependente químico não dependa, em hipótese alguma, da sua correlação com a criminalidade e a violência para sobreviver”, finalizou o secretário Jardel Aderico.

Geração de emprego e renda

Ajustes jurídicos ainda estão sendo discutidos. Mas a secretaria está finalizando o projeto de reinserção social, o que vai gerar emprego e renda, para os acolhidos que concluem a etapa de seis meses, com tutoria e acompanhamento das casas de acolhimento.
O local contará com atividades que vão desde a identificação da vocação e habilidade profissional de cada dependente, até a destinação dele para o serviço. “Quando o recuperando é demitido, a secretaria é comunicada. E se esse problema for de comportamento ou de dificuldades no ambiente de trabalho, nós vamos realocá-lo”. A previsão é até dezembro de 2015 está funcionando.

Regionalização da Rede Acolhe – Arapiraca

O atendimento bem sucedido vai continuar, porém a partir do final de maio, ainda com mais eficácia e agilidade. Trata-se da inauguração da Rede Acolhe, em Arapiraca. Além da segunda maior cidade de Alagoas, cerca de 30 municípios do agreste e região serão beneficiados com o novo Centro de Triagem.
Jardel Aderico exemplifica: “Uma família do povoado do interior ligava para cá, os Anjos da Paz agendavam, o serviço demorava de dois a quatro dias para chegar lá, porque precisavam programar para conciliar com os atendimentos da região, já que a agenda é muito cheia. Com a regionalização, a sede em Arapiraca irá atender no mesmo dia. Isso é muito importante. Porque vai evitar o agravamento do problema”.
E a regionalização vai além. O secretário Jardel Aderico adianta que o sertão também será atendido até o final de 2015. “Estamos aguardando as demandas, para saber qual é o melhor município da região sertaneja. Estamos entre Delmiro Gouveia e Santana do Ipanema”.

Referência nacional

Na contramão dos índices que ouvimos sobre Alagoas, os governadores de estados maiores e com economia fortalecida, solicitam insistentemente uma orientação da Seprev.
“Espírito Santo, Rondônia, Acre, Pernambuco, foram visitados por mim, a pedido dos governadores. A sociedade não vê aqui turmas usando craque numa praça pública, porque oferecemos serviços que dão atenção aos dependentes. Temos um serviço de acolhimento. Mas lá fora ainda tem muitos problemas, os gestores ficam desesperados com indivíduos utilizando drogas à luz do dia. Porém aqui não vemos isso. Somos referência no serviço”, disse o secretário.
E já temos um desafio: cerca de 80 pessoas são advindas de outros estados, é complicado porque não temos recursos para atendê-las. “ficamos com eles, porque em algumas comunidades terapêuticas, recebemos recursos federais, mas não conseguimos dispor de um atendimento em níveis nacionais adverte”, o secretário.