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A Saga dos Veiga (XLVIII)

11/04/2015
A Saga dos Veiga (XLVIII)

Aproximando-se do término da série a Saga dos Veiga, tenho a impressão que deverei concluir fazendo justiça ao saudoso capitão Cazuza avô materno, isto é, genitor de minha mãe Maria Veiga Rocha, Naninha, que descansa o sono eterno na mansão celestial.
Assim sendo, utilizarei o que escrevera doutor Judá Fernandes de Lima no seu festejado livro “ Um Genuíno Tangerino”. E, portanto, serei fiel ao escritor das famílias Fernandes, Costa e Veiga de Paulo Jacinto, fundada pelo nosso trisavô Lourenço Ferreira de Melo Sucupira da Veiga.
“ O sisudo Capitão Cazuza, apesar de tantas torturas conjugais, foi um homem predestinado, empreendedor, de muitas marcantes vitórias mercantis, que venceu na vida, fazendo um bom patrimônio, com seu notável tino administrativo. Foi senhor de engenho, agricultor, pecuarista e industrial obstinado. Muitos dos seus filhos chegaram a estudar na Capital, inclusive até o grau universitário. Homem de gênio forte, austero, respeitado, probo e temente a Deus. Nunca ouvi falar se houve malvadez nas suas prerrogativas de Capitão de Patente. Verdadeiro patriarca no seu peculiar estilo de vida burguesa, jamais perdeu a fé na sua perseverante marcha forçada através de ásperos cascalhos que a Providência Divina lhe reservara. Cambaleava porém levantava-se sempre para iniciar nova caminhada pelos meandros enigmáticos da existência humana, com suas magnitudes e mesquinhezas inquietantes.
Certa feita, atravessava uma grande crise financeira, quando, em jornada heroica, tirando cem exaustivas longas léguas a lombo de animal, foi até Juazeiro do Norte ouvir o seu guru-compadre Pe. Cícero Romão Batista. Coincidência ou premonição, funcionou o conselho do clarividente Oráculo. Alguns anos depois estava o Capitão Cazuza com as suas finanças em dia, apenas desfazendo-se do engenho de açúcar existente na zona da mata( Engenho Itapicuru) e incrementando o cultivo do algodão em região do agreste ( Fazenda São Lourenço.) Foi quando o “ouro branco” se valorizou bastante no mercado interno e externo, deixando um bom lucro líquido ao agricultor Cazuza, a fim de resgatar a vultosa dívida acumulada, inclusive, entre outros, ao distinto credor-compadre Paulo Jacinto.
Dedicava um especial carinho à Capela de São Lourenço. Fez nela duas formidáveis reformas. A primeira ainda na época do seu segundo casamento, nos fins do século XIX, ampliando e modificando totalmente a Ermida, inclusive trocando as antigas paredes de taipa pela alvenaria, com nítidos traços coloniais no frontispício. Construiu também uma murada vazada em volta da mesma, ajardinando aquele recanto sagrado, sepulcro de seres humanos. Uma espécie de minicemitério particular, que contornava o zelado Templo, onde se costumava enterrar os familiares, criados e escravos.
A Capela refletia sua fé e religiosidade no Onipotente, tendo como seu santo-protetor o mártir São Lourenço. Era a pupila dos olhos do devoto Capitão Cazuza. Não media esforços para vê-la bela, asseada e ornamentada, com suas festivas missas mensais dominicais. A outra foi em 1938, executada pelo meu pai João Fernandes, sob o patrocínio do sogro. Esta segunda recuperação já foi contada pelo escriba na crônica “ A Capela”, do livro “ A Xícara do Padre, onde, apesar da tenra idade, fui testemunha ocular e auditiva da extraordinária restauração do Templo, pelo dedicado vovô, para que ficasse a contento, do seu gosto.”
A bem da verdade, o capitão Cazuza chama-se José Luís da Veiga Lima ( 18-5-1870/ 25/1/1945) Casou-se cinco vezes, deixando catorze filhos. Proprietário da Fazenda São Lourenço. Então, Viçosa. Hoje, Paulo Jacinto –Alagoas.
Por fim, ressalto que essa história fora acompanhada pelo meu filhão Francis Lawrence, publicitário/jornalista e concluinte do curso de Direito no Cesmac. Assim sendo, agradeço-lhe a valiosa colaboração.