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Ora veja só
Como sempre acontece aos sábados, há muitos anos, entreguei-me à leitura da revista Veja, embalado pela promessa de fazer justiça aos 450 anos do Rio de Janeiro, com a seleção de outros tantos nomes de personalidades que aqui viveram ou passaram boa parte das suas vidas.
Para ser sincero, tive um sentimento claro de frustração. Sei que logo dirão que a limitação em 450 nomes representa um embaraço para a escolha devida. Muitos ficaram de fora e, na nossa opinião, isso não deveria ter ocorrido. Os exemplos são múltiplos e se deve usar de objetividade. Se o governador Carlos Lacerda foi homenageado, por que deixar de fora o também governador Negrão de Lima? O Rio ficou a dever ao político mineiro uma série de benfeitorias, como alguns viadutos essenciais e a duplicação da Avenida Atlântica. O esquecimento, no caso, é injustificável.
No futebol, foram citados apenas oito jogadores. Está certo que todos do primeiro time, mas muitos outros alcançaram também a condição de ídolos e essa lista poderia ter sido ampliada. Inclusive para conter o nome de importantes treinadores brasileiros, como Flávio Costa, Zezé Moreira e Gentil Cardoso.
Na ciência, falou-se em Leite Lopes, mas foi olvidado o nome do Almirante Álvaro Alberto, figura essencial na criação do Conselho Nacional de Pesquisas e da Comissão Nacional de Energia Nuclear. Os quatro livros que escreveu (Coleção “À Margem da Ciência”) são paradigmáticos. Deixar de referir a Leopoldo Nachbin como o maior matemático brasileiro é uma falha, igualmente.
E o sambista Ismael Silva, por que não foi listado? Nenhuma referência mereceu o escritor Austregésilo de Athayde, durante 34 anos presidente da Academia Brasileira de Letras, e principal redator, na ONU, da Declaração Universal dos Direitos do Homem. Ou isso não é importante?
Da mesma forma que não poderia ser posto de lado o grande brasileiro que foi Josué de Castro, algumas vezes referido para o Prêmio Nobel da Paz. Pior foi esquecer Jorge Amado, durante muitos anos o maior nome da literatura brasileira aqui e no exterior. Qual a justificativa? Aliás, em se tratando de comemoração do aniversário do Rio, como deixar de fora a figura emblemática de Marques Rebelo? Ele compõe, com Machado de Assis, Lima Barreto e Manuel Antonio de Almeida o quarteto dos nossos maiores escritores já falecidos.
Citaram Carlos Chagas, mas esqueceram o seu filho, também um importante cientista. Nem uma palavra sobre Elisete Cardoso, Maísa e Elis Regina. Ou mesmo Ronaldo Bôscoli, o pai da bossa nova, conforme testemunhamos. O texto da reportagem utiliza um humor duvidoso, capaz de chamar Grande Otelo de “negro e feio”, além de gozar a gagueira de Otto Maria Carpeaux e a discutível habilidade de Adolpho Bloch como “bajulador de políticos”. Se isso se refere à amizade dele com JK, a frase foi de extrema infelicidade.
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