Geral

Fundador da Rede Sarah, Aloysio Campos, é velado no Distrito Federal

26/01/2015
Fundador da Rede Sarah, Aloysio Campos, é velado no Distrito Federal
Fundador da Rede Sarah, Aloysio Campos da Paz é velado na Asa Sul, no DF  (Foto: Luciana Amaral/G1)

Fundador da Rede Sarah, Aloysio Campos da Paz é
velado na Asa Sul, no DF
(Foto: Luciana Amaral/G1)

    O fundador da Rede Sarah, Aloysio Campos da Paz Júnior, foi velado na manhã desta segunda-feira (26) no Hospital Sarah Kubitschek em Brasília, no Distrito Federal. Da Paz Júnior morreu aos 80 anos por volta das 14h30 deste domingo (25), vítima de insuficiência respiratória.
A diretora-presidente da Rede Sarah, Lúcia Willadino, trabalhou com Campos por mais de 20 anos no comando da instituição. Ela acredita que o legado do fundador está firme e disse se sentir apoiada pela equipe atual.
“Ele concebeu muitas ideias que até hoje estão aí. Provou que é possível fazer medicina de qualidade, de enfoque humanista na saúde pública. Me sinto muito forte. Eu conto com toda uma equipe aqui maravilhosa. Sei que tenho muita gente para dar continuidade ao projeto comigo, como vínhamos dando”, afirmou.
A partir das 14h, o corpo de Aloysio será velado na capela 10 do Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul. O médico deve ser sepultado na Ala dos Pioneiros, no mesmo cemitério, às 17h.
A diretoria da instituição afirmou que da Paz Júnior se sentiu mal e estava internado, mas não disse quando começou o mal estar. Ele era casado com a bibliotecária Elsita Campos, com quem tinha três filhos. Ele deixa também quatro netos na capital federal.

Homenagens

O ministro da Saúde, Arthur Chioro, foi ao velório e falou sobre a importância de Campos ao dar um exemplo de eficiência para a rede pública. “É incomensurável. Talvez no futuro se tenha um pouco mais de clareza do tamanho dessa contribuição porque ela vai além da Rede Sarah. Eu diria que a obra por si só conseguiu trazer o tema da reablilitação para um patamar que não tinha no nosso sistema de saúde. Diria também que ele é uma referência como um padrão de serviço público, que funciona com qualidade, com dignidade e de forma humanizada”, declarou.
O ex-presidente da República José Sarney era amigo pessoal de Campos há mais de 50 anos, desde quando se mudou para Brasília. “Tive a felicidade de assistir ele pensar na Rede Sarah, desde que era um pequeno barracão de madeira. Era um ícone da medicina brasileira. Ele deu a oportunidade de os pobres terem o mesmo tratamento com medicina de ponta”, afirmou o ex-senador.
Também amigo de longa data, o cirurgião dentista Frederico Salles afirma que o pioneiro foi exemplo na luta contra a comercialização da medicina. “Ele era um corpo estranho na sociedade. Dizia que medicina não era comércio. Infelizmente, [a medicina] no Brasil se tornou um comércio. Era um homem de conhecimento médico extraordinário, e podia discutir qualquer assunto”, afirmou.
O secretário de Saúde, João Batista de Sousa, também compareceu ao velório no hospital no fim da manhã. Para ele, a perda do fundador é irreparável, mas os presentes vão “continuar com o legado”. “É um projeto que traduz a grande obra desse homem que perdemos agora. Ele continuará vivo através de suas obras. A perda é irreparável, mas a obra permanece”, diz.
O senador Cristovam Buarque também prestou condolências à família de Campos. O político, que inclusive já foi operado na mão por Campos há 20 anos, ressaltou o aspecto pesquisador em prol da sociedade do médico.
“O Brasil tem poucas coisas como a Rede Sarah. Ele foi um grande cientista, a gente esquece isso. Ele deu contribuições à ciência da locomoção e do cérebro. Um grande cientista e eu sou prova. Outra coisa é que ele defendia a saúde pública, talvez a parte que mais me toca”, comentou.

Notas de pesar

A presidente Dilma Rousseff divulgou nota de pesar após a divulgação da morte de da Paz Júnior. Ela afirmou que a filosofia do médico era trabalhar para que cada paciente fosse tratado com base no seu potencial e não nas suas dificuldades.
“Foi com esta fé na potencialidade de cada paciente que ele e sua equipe ajudaram a melhorar a qualidade de vida de milhares de brasileiros”, disse em nota. “O Brasil e a medicina são devedores da sua dedicação e determinação. Nesta hora de dor, meus sentimentos aos familiares, amigos, colegas de trabalho e pacientes.”
O governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, decretou luto oficial na capital por três dias a partir desta segunda. Em nota, o governador disse que a Rede Sarah é um modelo no atendimento médico-hospitalar e reconhecido em todo o mundo, além de que “Brasília será eternamente grata a ele por tudo que fez na cidade, pela cidade e pelo Brasil.”
Ele também afirmou que da Paz Júnior era um “exemplo de médico e gestor da saúde e brasiliense por adoção que nos honrou com seu trabalho e sua dedicação.
“Não é só Brasília que perde com o falecimento do dr. Aloysio Campos da Paz. Perde o Brasil, em especial as cidades pelas quais ele espalhou a Rede Sarah, modelo de atenção médico-hospitalar admirado e reconhecido em todo o mundo.
O dr. Campos da Paz é um exemplo de médico e gestor da saúde e brasiliense por adoção que nos honrou com seu trabalho e sua dedicação. Lamento seu falecimento e apresento minhas condolências à família e aos que integram a Rede Sarah.”

Perfil

Aloysio Campos da Paz Júnior nasceu no Rio de Janeiro em 1934. Graduou-se em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1960. Recém formado, ele integrou a primeira equipe médica do Hospital Distrital de Brasília em 1960, implantando a Unidade de Traumato-Ortopedia.
Em 1961, assumiu a Direção do então Centro de Reabilitação Sarah Kubitschek. Realizou Pós-Graduação em Ortopedia e Reabilitação na Oxford University – Inglaterra em 1963/1964 e Doutorado em Ortopedia e Traumatologia na Universidade Federal de Minas Gerais em 1966.
Em 1975, criou o “Plano para desenvolvimento de um programa regional de ortopedia e reabilitação” que originou o Instituto Nacional de Medicina do Aparelho Locomotor – SARAH. Coordenou também o Comitê de Saúde da Assembléia pré-Constituinte Comissão Affonso Arinos.
Em 1982, iniciou a expansão do Centro de Reabilitação Sarah Kubitschek com a fundação de uma nova unidade hospitalar em Brasília. Participou também dos projetos de implantação das unidades SARAH em São Luís/MA, Salvador, Belo Horizonte, Fortaleza, Macapá, Belém e Rio de Janeiro.