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Advogado acusado de facilitar fuga de presos dá sua versão dos fatos

26/01/2015
Advogado acusado de facilitar fuga de presos dá sua versão dos fatos

Foto: (Derek Gustavo/ G1)

Foto: (Derek Gustavo/ G1)


“Eu não sabia da fuga. Eles me ligaram e marquei uma visita para negociar os serviços advocatícios” disse o advogado Gustavo Alves Andrade, na manhã desta segunda-feira (26), quando reuniu a imprensa para dar a versão sobre a acusação de ter facilitado a fuga de detentos do Presídio Baldomero Cavalcante, ocorrida no último dia 14.

De acordo com o advogado, ele recebeu ligação e mensagens de texto dos próprios presos pedindo para que ele os defendesse, e quando foi visitá-los na unidade, acabou surpreendido pela fuga. Andrade afirmou que antes mesmo de entrar no presídio, percebeu a movimentação, e o agente que estava ao seu lado foi rendido por um dos presos, que estava armado. Na Central de Flagrantes ele disse que teve a informação de que os presos não estavam algemados e já saíram das celas, no módulo 5, armados e rendendo todo mundo. Andrade ficou preso até o último domingo (25) no Quartel do Corpo de Bombeiros.

O advogado disse que teria sido contratado para defender cinco presos. “Havíamos acertado que eu os defenderia por R$ 30 mil cada um, um valor médio cobrado para a defesa de casos como os deles”.

Horas depois, Andrade que esteve na prisão para visitar os possíveis clientes, foi preso sob suspeita de facilitar a ação dos presidiários. Segundo os agentes, o advogado, ao chegar no presídio, pediu para falar com todos os clientes de uma vez só, alegando falta de tempo, o que não seria um procedimento normal.

Andrade rebate essa afirmação. “Tive que pedir para falar com todos ao mesmo tempo por conta da hora da tranca [momento em que os presos devem voltar para suas celas]. Esse procedimento é comum. Não haveria tempo hábil para falar com todos antes disso acontecer. Lá não temos acesso físico aos clientes”.

“Esses foram os momentos mais difíceis da minha vida. Minha família sofreu muito. Passei a ser suspeito. Fui severamente castigado, e meus 15 anos de profissão foram jogados no lixo. Não desejo isso para ninguém, e espero que esse meu sacrifício sirva para que o governo melhore as condições do Sistema Prisional”, conclui.

A defesa do advogado é realizada por uma equipe de profissionais da Associação dos Advogados Criminalistas de Alagoas (Acrimal). Segundo o presidente da Acrimal, Thiago Pinheiro, uma série de falhas na segurança do sistema prisional contribuiu para a fuga.

“Os presos ligarem para os advogados criminais é algo normal. Eles têm acesso aos nossos números e recebemos muitas ligações de números desconhecidos. Em casos assim, nos limitamos a marcar uma visita pessoal ao presídio e foi justamente isso que aconteceu com o doutor Gustavo. Ele receber essas mensagens não significa que esteja envolvido. Nós advogados não podemos pagar por uma falha existente no sistema prisional”, conclui.

Por meio da assessoria de imprensa, a Superintendência de Administração Penitenciária afirma que já instaurou uma comissão formada por três integrantes para investigar as circunstâncias em que a fuga aconteceu. E ratificou que trabalha, inclusive com vistorias regulares, para manter a segurança dentro das unidades prisionais.