Cidades
Cultura da mandioca é difundida e exaltada durante 1ª Expomandioca
Na noite da última sexta-feira (10), foi realizada, no Mercado do Artesanato em Arapiraca, a abertura da 1ª Expomandioca do Agreste Alagoano e do 2º Festival Gastronômico de Arapiraca, eventos que promovem a cultura da mandioca e estimulam a produção de alimentos à base da raiz.
O objetivo da exposição é difundir a importância social e econômica da mandioca cultivada tradicionalmente na região do Agreste, e mostrar como uma raiz de cultivo simples e barato pode ser transformada em inúmeros subprodutos, desde que haja investimentos nas áreas de inovação e tecnologia.
A solenidade oficial de abertura contou com a participação de produtores rurais, representantes de cooperativas, empresários do setor e autoridades públicas. Na programação da 1ª Expomandioca do Agreste Alagoano e do 2º Festival Gastronômico de Arapiraca, que serão realizados até o dia 19 de outubro, o público participa de palestras, oficinas, rodadas de negócios, exposição, dia de campo, seminário, entre outras atividades.
Com o tema ‘Mandioca, a raiz do Brasil’, o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Joselito Motta ministrou uma palestra sobre a importância histórica, econômica, social e política da planta que foi determinante na conquista do território brasileiro.
“Na carta que escreveu ao rei de Portugal, em 1500, Pero Vaz de Caminha deixou registrado que a base alimentar dos indígenas era a mandioca. Essa raiz de origem milenar constitui-se em um verdadeiro patrimônio alimentar, mas que ainda não teve o seu justo e merecido reconhecimento”, afirmou o pesquisador.
Políticas públicas para o segmento
Joselito Motta disse que o Brasil precisa investir em políticas públicas específicas para proporcionar o aprimoramento e o desenvolvimento das pesquisas relacionadas à mandioca. Além do uso na alimentação humana e animal, a macaxeira é utilizada como insumo em milhares de produtos industriais, de alimentos embutidos, embalagens, colas, mineração, têxtil, e até na indústria farmacêutica.
O pesquisador da Embrapa levou amostras de bandejas que são fabricadas com a fécula da mandioca, e que podem substituir as tradicionais bandejas de plástico.
“As bandejas produzidas a partir de um composto com fécula de mandioca se decompõem num prazo médio de seis meses, tornando-se um produto renovável e biodegradável”, afirmou Joselito Motta.
Outro aspecto importante citado durante a palestra foi a ingestão da fécula de mandioca na dieta alimentar, em substituição ao glúten, derivado do trigo. O glúten tem obtido uma grande rejeição, principalmente pelas pessoas que são alérgicas a alimentos que incluem esse item em sua composição.
“A fécula de mandioca é rica em carboidrato e pode estar presente na composição de pães, bolos, macarrão, pizza e numa diversidade de outros alimentos”, finalizou Joselito Motta.
O coordenador nacional da Cadeia Produtiva da Mandioca, Rafael Hermógenes, que representou o Sebrae Nacional durante o evento, disse que o Nordeste ainda está em desvantagem em relação ao Sul do país no que se refere a investimentos tecnológicos. O segmento precisa avançar na região nordestina para enfrentar situações adversas, como a seca do ano passado. “Com a escassez do produto no mercado, os produtores do Sul se beneficiaram com a alta do preço da mandioca, que subiu de R$ 200 para R$ 1.000 a tonelada”, informou o representante nacional do Sebrae.
O diretor técnico do Sebrae em Alagoas, Ronaldo Moraes, afirmou que esse evento específico para o cultivo da mandioca e seus derivados abre um leque de possibilidades de novos investimentos e negócios. Com a realização da exposição, a cidade de Arapiraca vai atrair a atenção de empresas de Alagoas e de outros estados que se interessam por essa cultura. Ronaldo Moraes disse, ainda, que o Agreste já é um grande produtor da raiz de mandioca e pode se tornar um polo de processamento dessa matéria-prima.
“A maior parte da produção da região é comercializada para os estados de Sergipe, Bahia e Pernambuco, que beneficiam a mandioca in natura e agregam valor ao produto. Se houver investimento em tecnologia, todo esse processo pode ser feito em Arapiraca, que já possui uma fecularia”, afirmou Ronaldo Moraes.
Parcerias
O gerente do Escritório Regional do Sebrae em Arapiraca, Arestides Bezerra, informou que, há dez anos, o Sebrae em Alagoas, em parceria com órgãos estaduais e a Prefeitura de Arapiraca, vem desenvolvendo capacitações nas áreas de gestão, inovação, tecnologia e mercado com todos que estão envolvidos na cadeia produtiva da mandioca.
“Desde 2004, estamos organizando o segmento e incentivando novos negócios para o fortalecimento do polo da mandiocultura na região. A exposição é o resultado de todo o trabalho que vem sendo desenvolvido ao longo desses anos”, afirmou Arestides.
A coordenadora das ações do Sebrae no Arranjo Produtivo Local (APL) Mandioca no Agreste, Seone Barbosa, informa que mais de dois mil produtores dos municípios da região Agreste participam das ações desenvolvidas pelos órgãos atuantes no segmento da mandiocultura. Essas ações têm como finalidade prospectar o desenvolvimento econômico do território, gerando emprego e renda por meio de práticas ambientais e sustentáveis.
“Trabalhamos toda a cadeia da mandioca, desde o plantio no campo, à capacitação dos produtores e beneficiadores, até o alimento chegar ao mercado”, pontuou a coordenadora.
Abertura de mercados
Na avaliação de Jeane Vilarins, gestora do Arranjo Produtivo Local (APL) Mandioca no Agreste, um dos avanços obtidos durante essa década de trabalho é a abertura de mercado.
“Anteriormente, eles só vendiam praticamente para o mercado local da cidade. Hoje, eles vendem para as grandes redes de supermercados, e estão inseridos nos programas de aquisição de alimentos do Governo Federal. Essa realidade atual, somada à implantação da fecularia, que tem capacidade de processar 50 toneladas de mandioca por dia, fortaleceu o segmento”, afirmou.
Para Jeane Vilarins, é preciso investir nas tecnologias sustentáveis, como o biodigestor, que aproveita a água extraída durante o processamento da mandioca para gerar energia. Nesse processo, o biodigestor usa parte do açúcar presente nessa água para produzir gás.
“Esse gás é utilizado na secagem da farinha, eliminando o uso de lenha, que libera menos metano durante a combustão”, afirmou Jeane Vilarins.
Festival Gastronômico
Paralelo à realização da 1ª Expomandioca, é realizado o 2º Festival Gastronômico de Arapiraca, que tem como finalidade incentivar a culinária local a produzir pratos à base de macaxeira, alimentos de custo baixo e com alto teor nutritivo.
Durante o 2º Festival Gastronômico de Arapiraca, são realizadas oficinas e palestras na Arena Gastronômica do Arapiraca Garden Shopping. Nesse domingo (12), as oficinas foram direcionadas ao público infantil em comemoração ao Dia das Crianças.
Os participantes com idades entre seis e nove anos aprenderam a fazer sanduíches, brigadeiro e cupcakes. No final, a garotada e os pais saborearam os alimentos.
Os chefs de 13 restaurantes que participam do 2º Festival Gastronômico ensinarão diferentes receitas e revelarão alguns dos segredos da culinária regional com os participantes. Outra atividade realizada durante o festival será a oficina de “Aproveitamento integral dos alimentos”, ministrada por culinaristas do programa Mesa Brasil.
O circuito de restaurantes locais que ofertam pratos especiais e com preços promocionais é outro destaque do evento. O 2º Festival Gastronômico de Arapiraca é uma realização da Prefeitura de Arapiraca em parceria com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de Alagoas (Abrasel/AL), Mesa Brasil, Grupo Coringa, Sebrae em Alagoas, Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), Instituto Federal de Alagoas (Ifal) e Zoo Park.
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